O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugeriu esta semana que o Pix não corre o risco de privatização, tampouco está na mesa de negociações com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que abriu recentemente uma investigação contra a plataforma de transações instantâneas do Banco Central (BC), que já movimenta duas vezes mais o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
O Pix se tornou alvo de uma ofensiva do governo Donald Trump, depois da abertura de uma investigação do USTR (Escritório Representante de Comércio dos EUA), sob a Seção 301 da legislação norte-americana, mecanismo que autoriza medidas de retaliação econômica sempre que práticas estrangeiras sejam consideradas prejudiciais aos interesses comerciais dos EUA, embora o documento assinado pelo representante do USTR, Jamieson Greer, não mencione diretamente o Pix.
Em entrevista à CNN, Haddad disse que “há um incômodo com o fato de o Pix ser um instrumento do Estado brasileiro, como se tivesse uma presunção de que o Pix deveria ser privado, deveria render lucro, garantir algum rendimento para alguérm”.
“Não está na nossa ordem de considerações privatizar o Pix, porque o Pix, ao contrário do que querem fazer crer, não está concorrendo com quem quer que seja. O Pix é a forma que o Brasil encontrou de, dez anos vem sendo desenvolvido esse sistema, de criar uma moeda digital… você não precisa sacar de uma conta, em dinheiro, para depositar na outra. Você não precisa emitir um cheque… usar um cartão de crédito, você não precisa de nada disso… é uma transação eletrônica simultânea, disse.
O ministro disse ainda que, em caso de privatização, o Pix ensejaria custos, na forma de imposição de tarifas para portar o dinheiro de uma conta para outra e que algumas questões [levantadas pelo governo de Trump] não estão claras.
A conversa [com os EUA] esbarra em uma percepção de que o Pix concorre [com as empresas de pagamento dos EUA]. Ele não concorre, ele concorre com o papel-moeda, que está na sua carteira, justamente porque ele é eletrônico, explicou.
As declarações de Haddad acontecem na esteira da divulgação de um estudo divulgado recentemente pela Zetta, organização que representa empresa de pagamentos digitais chanceladas das pelo BC. De acordo com o Labrys, realizado no quato trimestre de 2024, o Pix movimentou mais do dobro do PIB brasileiro.
Para a economista-chefe da Zetta, Rafael Nogueira, o Brasil conseguiu conquistar o que poucos países alcançaram ao promover a união entre inclusão, escalabilidade, eficiência e governança central sólida.
Apesar dos problemas, como o vazamento de dados de 11 milhões de chaves vinculadas a sistema do Poder Judiciário, o Pix reúne adeptos em todo o mundo. Entre os entusiastas renomados está Paul Krugman. Para o vencedor do Nobel de Economia de 2008, o Pix é uma CBDC mista que está cumprindo ‘falsas promessas das criptomoedas’, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.