Resumo da notícia
Investimento de US$ 10 milhões financiará o primeiro computador quântico do Brasil, com instalação prevista na Paraíba.
Equipamento será usado em pesquisas de medicina, energia, finanças e segurança digital, elevando o país ao patamar tecnológico global.
Projeto é uma parceria entre o governo da Paraíba e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com operação prevista para 2026.
O Brasil está prestes a entrar para o seleto grupo de países com acesso à computação quântica, uma das tecnologias mais avançadas do mundo.
O primeiro computador quântico brasileiro começará a funcionar já em 2026, e será instalado na Paraíba, resultado de um investimento de US$ 10 milhões (cerca de R$ 53 milhões).
O equipamento será adquirido de uma empresa chinesa vinculada ao China Electronics Technology Group Corporation, o mesmo grupo responsável pelo radiotelescópio Bingo, também localizado no estado.
O projeto é fruto de uma parceria entre o governo da Paraíba e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e marca um passo histórico na busca por autonomia tecnológica e soberania digital.
A montagem do equipamento deve ocorrer ainda este ano, com previsão de operação em regime 24×7, sob administração compartilhada entre as esferas estadual e federal.
Investimento estratégico e segurança nacional
De acordo com Cláudio Furtado, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Paraíba, o investimento inclui não apenas a compra do computador, mas também a adaptação da infraestrutura e o treinamento da equipe técnica.
Ele explicou que o projeto foi articulado entre o governador João Azevêdo e a ministra Luciana Santos, com o objetivo de colocar o Brasil entre os países mais avançados tecnologicamente.
“Hoje apenas nove países possuem um computador quântico, e queremos que o Brasil entre nesse grupo”, destacou Furtado. Ele ressaltou que o acesso à tecnologia é uma questão de segurança nacional, já que pesquisadores brasileiros estão proibidos de utilizar computadores quânticos em nações como Estados Unidos e Canadá.
O secretário explicou que, além de permitir avanços científicos, a nova máquina reforçará a proteção digital do país.
“Esses equipamentos podem decifrar sistemas criptográficos em segundos, o que muda completamente o cenário da cibersegurança global”, afirmou.
A Paraíba tem um histórico pioneiro em ciência e tecnologia. O estado foi o primeiro do Nordeste a receber um computador mainframe, o IBM 1130, instalado em Campina Grande em 1968. Agora, mais de meio século depois, volta a ser protagonista em outro salto tecnológico.
Guido Lemos Filho, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e secretário de Ciência e Tecnologia de João Pessoa, afirmou que o projeto “representa a continuidade de uma trajetória científica sólida, que transforma o conhecimento em desenvolvimento real para o país”.
O governador João Azevêdo, por sua vez, reforçou que o investimento vai “fortalecer a soberania nacional e consolidar o Nordeste como polo de inovação tecnológica”.
A ministra Luciana Santos também confirmou o apoio federal, afirmando que “o Brasil precisa dominar tecnologias críticas para não depender de outros países em áreas estratégicas”.
Aplicações e potencial científico
O novo computador quântico terá múltiplas aplicações. Ele poderá ser utilizado em pesquisas de ponta nos campos da medicina, energia, finanças e logística, além de auxiliar na análise de dados complexos do radiotelescópio Bingo, que estuda a expansão do universo a partir do sertão paraibano.
Segundo Furtado, o equipamento permitirá processar informações com velocidade e precisão nunca vistas no país.
“Um computador tradicional não é capaz de simular fenômenos físico-químicos complexos. Já o quântico pode modelar interações moleculares e acelerar o desenvolvimento de novos medicamentos e materiais avançados”, explicou.
A tecnologia também deve impulsionar estudos sobre mudanças climáticas, criptografia avançada e inteligência artificial aplicada. “Será um divisor de águas para a ciência brasileira, abrindo portas para cooperação internacional e inovação industrial”, avaliou o secretário.
Duas opções estão sendo avaliadas para receber o equipamento em João Pessoa: a Estação Ciência e o Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, ambos localizados na capital. O local será definido até o final do ano.
O plano do governo estadual é criar um Centro Internacional de Computação Quântica, aberto à visitação e à colaboração científica. “Será um espaço de integração e aprendizado, onde pesquisadores de outros países também poderão participar”, afirmou Furtado. A estrutura terá gabinetes, áreas de pesquisa e laboratórios interconectados.
Contexto nacional e avanço regulatório
A chegada do primeiro computador quântico coincide com a publicação, pelo MCTI, da Portaria nº 9.445/2025, que regulamenta o Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapad). A medida define critérios para que universidades e centros de pesquisa compartilhem recursos de supercomputação e inteligência artificial.
O documento também cria os Centros Nacionais de Processamento de Alto Desempenho em Inteligência Artificial (Cenapad-IA), que atuarão em parceria com o novo polo quântico da Paraíba. Esses centros poderão oferecer serviços de IA e simulação científica, conectando o país à rede global de inovação digital.
Computação quântica não é o fim do Bitcoin
Em uma entrevista concedida ao Cointelegraph, o desenvolvedor do Bitcoin, Jimmy Song, declarou que é uma besteira dizer que a computação quântica pode destruir o BTC. Segundo ele as pessoas que declaram isso deveriam entender melhor como a tecnologia funciona e "estudar mais".
"Isso é tudo uma besteira (risos). O problema é que a maioria das pessoas não entende a computação quântica, e a concepção popular é a de que 'se conseguirmos mais poder de processamento podemos calcular coisas em 5 segundos'. mas não é assim que funciona. Com a computação quântica você obtém melhores raízes quadradas mas isso não garante que elas serão suficientes para decifrar uma chave privada", disse.
Ainda segundo Song, a operação necessária para decifrar uma chave privada é maior do que a idade do universo e que nem mesmo todos os computadores do mundo juntos poderiam, em tese, quebrar uma chave privada.
"Você obtém uma velocidade quadrada de raiz que é de 2 a 128 operações em um computador quântico. Os computadores quânticos estão supostamente lentos no momento e, mesmo em um computador convencional, como se você tivesse todos os computadores do mundo, eles levariam, você sabe, milhões de anos para realizar tantas operações. Portanto, é completamente superestimado a afirmação de que o computador quântico vai destruir o Bitcoin", declarou.
Song também declarou que, de certa forma, fica irritado quando as pessoas dizem isso, pois, segundo eles, elas precisam entender como as coisas funcionam antes de sair dando declarações que provocam medo nas pessoas.
"As pessoas não entendem como a computação quântica funciona e isso me irrita tanto porque elas saem dizendo 'isso vai destruir isso e vai acabar com aquilo' mas eu pergunto, 'você realmente estudou isso antes de dizer estas coisas?' Com computação quântica ganharemos mais velocidade e acelerar processos mas isso não quer dizer que vamos 'matar' tudo em cinco anos. Enfim, é uma tecnologia de ponta e como tal, poucas pessoas realmente entendem". finalizou.