Resumo da notícia

  • Brasil impressiona investidores na conferência PlanB, em Lugano.

  • Sistema financeiro aberto e uso de Bitcoin como colateral chamam atenção.

  • País se consolida como líder latino na adoção de criptoativos.

Nesta quinta, 23, durante a conferência PlanB, realizada em Lugano (Suiça) e que contou com o patrocínio da Truther, o Brasil ‘roubou’ a cena da cidade Suiça e despontou nas conversas dos empresários e investidores, muitos deles querendo entender como a nação da América do Sul antecipou debates que estão chegando ‘só agora’ aos EUA, como o Open Finance.

Entre os participantes do evento, Rocelo Lopes, que recentemente vendeu a Truther para um grupo americano de inteligência artificial, respondia aos questionamentos dos investidores sobre o sistema financeiro do Brasil.

A pauta era simples, por meio de ações do Banco Central do Brasil, fintechs e, com elas empresas de criptomoedas, podiam acessar diretamente o sistema financeiro nacional com transações instantâneas (PIX), 24 horas por dia. Além disso, via Open Finance, um novo mundo de dados começa a surgir, permitindo inclusive a utilização de Bitcoin e criptos como colateral em sistemas de empréstimos (um tema muito quente aqui em Lugano e que vem sendo vendido como ‘coloque seu Bitcoin para trabalhar’).

Menos interessados no Drex e mais em como as stablecoins estão ‘dominando’ o sistema financeiro na América Latina empresários também questionavam se o Brasil tinha seu “Genius act” e ficavam divididos quando a resposta era “sim e não”, ou seja, não tem uma lei clara para stablecoins mas tem diretrizes do que pode ser.

O fato é que as empresas cripto estão cada vez mais de olho no Brasil. Eles apontam o novo relatório da Chainalysis, no qual o Brasil ocupa a quinta posição no ranking mundial de adoção de criptoativos, à frente de todos os demais países da América Latina.

Bitcoin, criptomoedas e sistema financeiro

A combinação de digitalização acelerada, avanço das fintechs, popularização do Pix e crescente familiaridade da população com novas tecnologias financeiras criou um ambiente favorável para o setor.

Em paralelo, a instabilidade econômica e cambial levou milhões de brasileiros, de pequenos investidores a grandes instituições, a buscar no Bitcoin, no Ethereum e nas stablecoins (como USDT) uma forma de preservar valor e diversificar reservas.

O que antes era visto como investimento especulativo começa a ganhar espaço como estratégia estruturada de portfólios.

Exemplos recentes, como o da fintech Méliuz, que adquiriu mais de 600 Bitcoins para sua tesouraria corporativa, e o da OranjeBTC (que inclusive tem apoiadores ‘fervorosos’ aqui em Lugano), a mais nova empresa listada em bolsa com a maior reserva de Bitcoin entre as companhias brasileiras (3.691 unidades), representam uma mudança sem precedentes na adoção institucional de ativos digitais no país.

Ao mesmo tempo, fundos de investimento, gestoras de patrimônio e bancos já estão expandindo a oferta de produtos ligados a criptoativos, criando caminhos para uma exposição mais sofisticada entre investidores institucionais.

“O Bitcoin está se tornando indispensável para investidores institucionais na região, e o Brasil é o laboratório onde essa fase de integração acontece mais rápido. A decisão de barrar a proposta de imposto de 18% sobre transações com cripto mostra que há espaço para o país avançar em regulação sem travar inovação. O desafio agora é fazer com que esse diálogo entre governo e mercado continue evoluindo”, resumiu Will Hernández, Business Development Manager para a América Latina na Bitfinex.