O Bradesco, um dos principais bancos do Brasil, está expandindo seu escopo de atuação para além dos produtos financeiros e implementando soluções baseadas em blockchain para identidade digital. O primeiro 'cliente' do banco nesta nova empreitada é o Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo (SP).

Por meio da nova solução de identidade digital com blockchain do Bradesco, o hospital pretende centralizar os cadastros e permitir que os pacientes compartilhem seus dados dentro do app do hospital, o "Meu Edmundo".

A proposta é que, com a nova tecnologia, o tempo de jornada hospitalar possa ser reduzindo, além de aprimorar a segurança e impedir duplicidades de cadastros. Assim, desde o check, cadastro e agendamentos podem ser feitos com a nova solução de autenticação. Inicialmente a solução será liberada para clientes do Bradesco que usem o hospital por meio do Bradesco Saúde.

Erik Rezende Nocera da Silva, gerente de Inovação e Tecnologia do hospital, explicou que há planos para ampliar o uso da tecnologia blockchain, mas que há um desafio com a integração entre os sistemas legados e as novas tecnologias, além de treinamento e adaptação de equipes.

 “A identidade digital em blockchain pode ser compartilhada de forma segura e eficiente, facilitando a troca de informações entre diferentes entidades. Saímos na frente e continuaremos buscando novas soluções para aplicar a tecnologia blockchain em nossa área. Este é um setor que exige atualização constante, seja no parque tecnológico, nas práticas assistenciais ou na oferta de serviços”, conclui. 

SUS e blockchain na Saúde

A iniciativa do Hospital Edmundo Vasconcelos e do Bradesco segue uma tendência do uso de blockchain no setor de saúde. No ano passado, o Governo de Minas Gerais lançou o primeiro prontuário unificado baseado em tecnologia blockchain no Brasil.

O projeto, denominado Rede Mineira de Dados em Saúde (RDS-MG), foi oficialmente apresentado no Fórum de Cidades Digitais e Inteligentes do Sul de Minas. Essa iniciativa visa centralizar e rastrear o histórico de atendimento dos pacientes no SUS de forma segura e acessível.

"A blockchain, tecnologia conhecida pela sua imutabilidade e capacidade de registrar informações em tempo real, oferece uma camada extra de proteção contra fraudes e violações de dados. Além disso, o prontuário digital unificado permitirá que médicos e profissionais de saúde tenham acesso integral às informações de saúde dos pacientes, melhorando a continuidade do atendimento em todo o estado", declarou o governo

O diferencial do projeto RDS-MG está na combinação da blockchain com a inteligência artificial (IA). Essa integração permite a criação de dashboards de monitoramento, que analisam dados dos pacientes em tempo real.

Segundo Lucas Mendes, Subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Minas Gerais, a IA será uma ferramenta crucial para detectar riscos precoces, especialmente em pacientes com doenças crônicas, possibilitando ações preventivas e mais assertivas no tratamento.

Mendes ainda destacou que a tecnologia pode "melhorar a eficiência do sistema de saúde, reduzindo erros e facilitando a continuidade dos cuidados", o que promete revolucionar o acesso aos serviços públicos de saúde.

Com essa abordagem, Minas Gerais se posiciona como pioneira na adoção de soluções tecnológicas inovadoras no SUS, colocando o estado na vanguarda da transformação digital na área da saúde.

Atualmente o Ministério da Saúde já conta com uma rede própria construída em blockchain chamada Rede Nacional de Dados de Saúde (RNDS), construída com o Hyperledger Fabric.

A RNDS atualmente registra uma série de dados dos pacientes brasileiros em blockchain, entre eles, os testes de Covid-19, exames diversos e inclusive a vacinação contra o coronavírus. O RNDS usa um conjunto de tecnologias e não apenas blockchain e a proposta do Ministério da Saúde é expandir este  'big data' com todas as informações médicas dos usuários do SUS, 100% em blockchain e permitindo o compartilhamento destes dados por um sistema de APIs.