O ex-presidente Jair Bolsonaro declarou, durante uma entrevista no Flow Podcast, que seria contra o Drex, a CBDC que o Banco Central criou justamente durante o Governo de Bolsonaro. Segundo ele, o veto seria, pois o atual governo é "inimigo do povo" e, a CBDC  “nas mãos de um cidadão de bem é tranquilo, mas na mão de um bandido é diferente”.

Assim, Bolsonaro afirmou que votaria junto com a "Bancada anti-Drex" que tem como principais nomes a Deputada Julia Zanata e filho do ex-presidente, o Deputado Eduardo Bolsonaro.

"Olha só, a deputada de Santa Catarina, Júlia Zanata, trabalha muito bem nessa área. Drex é uma arma na mão do cidadão de bem, mas na mão de um bandido, é algo completamente diferente. Se o governo for bom e não censurador, você até pode considerar. Eu votaria com a Júlia Zanata contra, mas no momento o Drex tem um risco", disse.

Bolsonaro afirma que o Drex poderia dar ao governo a capacidade de controlar até seus gastos.

"Imagina, você vai comprar algo, pagar, e o sistema sabe onde você está e o que pode gastar. Essa é uma das possibilidades do Drex. Com esse governo atual, que é o pior possível, eu não aprovaria, mas se fosse aprovado, não teria problema em votar contra, sabendo que é uma ferramenta que pode ser usada de forma errada no futuro. Se fosse aprovado, o limite seria quem decide, que é o Legislativo. Eles aprovam, e se derrubarem o veto, é a democracia", disse.

No entanto, ao contrário do citado pelo ex-presidente, o Drex não é uma moeda digital de varejo, usada para pagamentos, como o caso do Yuan Digital da China. O Drex é uma CBDC de atacado, e será usada dentro de um ecossistema de contratos inteligentes, tal qual o ETH dentro do ecossistema do Ethereum.

Bancada anti-Drex

Recentemente, como mostrou o Cointelegraph, a deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) anunciou nas redes sociais a criação de um abaixo-assinado contra a emissão do Drex pelo Banco Central do Brasil. Segundo a Deputada, com o Drex, cada movimento do usuário será rastreado.

"...e bastará um clique para bloquearem sua conta ou sumirem com seus recursos — seja qual for a desculpa. Estamos falando de controle total sobre a sua vida financeira!", disse.

No entanto, a Deputada divulga algumas informações equivocadas sobre o projeto. A primeira delas é de que o "O Governo Lula quer implementar o Drex". No entanto, o projeto começou dentro do Banco Central do Brasil que é independente do Governo Federal.

Além disso, o projeto do Drex integra uma agenda antiga de modernização do Banco Central e começou a ser debatido ainda em 2015, no entanto, o projeto ganhou corpo com a nomeação do ex-presidente Roberto Campos Neto, que deu enfase a agenda BC#, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na página da petição, Zanatta também sugere que o Drex vai acabar com o dinheiro físico.

"... eu propus o PL 3341/2024 que proíbe a extinção do papel-moeda em substituição à moeda digital", disse.

Porém, a informação de que o Drex vai acabar com o dinheiro físico não está correta, segundo o BC. O Banco Central já afirmou e garantiu diversas vezes que o objetivo do Drex não é ser uma moeda de 'varejo', ou seja, voltada para pagamentos e movimentações cotidianas. Para isso já há o Pix que também não 'acabou' com o dinheiro físico.

Para combater este tipo de desinformação, uma publicação no portal oficial da Secretaria de Comunicação Socialdestacou que são falsas as informações de que o Drex irá substituir o dinheiro em espécie.

"A emissão de papel moeda se dá por diversas necessidades e hábitos da população. A versão inicial do Real Digital será uma opção adicional ao uso de cédulas, mas – por ter foco no uso online – seu impacto sobre a demanda por papel-moeda não deve ser relevante", destacou o governo