Conquistar fama, sucesso e, principalmente, dinheiro se transformou em uma espécie de corrida desenfreada que encharca a internet de conteúdo diariamente. E não é para menos, afinal esses três “objetos de desejo” andam de mãos dadas e estão relacionados à audiência que artistas e produtores de conteúdo podem gerar a plataformas como o YouTube, por exemplo. 

Para se chegar ao topo é preciso produzir muito, muito conteúdo, já que a palavra de ordem é quantidade, muito mais do que qualidade. Isso, caso os pretensos produtores de conteúdo digitais e artistas queiram converter os acessos em depósitos vantajosos em suas contas bancárias pelas plataformas. Por outro lado, o modelo atual é centralizado e está, em linhas gerais, nas mãos de grandes empresas de tecnologia, fazendo com que o sonho da fama, e do dinheiro, continue pelo caminho para a maioria das pessoas. 

É neste contexto que a tecnologia blockchain se apresenta como uma segunda chance aos “pouco privilegiados” pelas plataformas centralizadas, que se expandiram com a popularização da internet em razão da necessidade de competir com a mídia tradicional e, por isso, acabaram se apresentando como alternativa àqueles que, até então, eram quase que reféns de grandes produtoras, emissoras de TV, editoras, dentre outros veículos.

Em um primeiro momento, o surgimento das redes sociais significou uma alavanca para o cumprimento de uma profecia de Bill Gates de 1996 de que a produção de conteúdo em larga escala atrairia bilhões de pessoas para as redes e, consequentemente, uma alternativa para milhares de produtores de conteúdo e artistas, uma vez que, a estas alturas, as redes sociais também atraiam os olhares de grandes marcas que queriam alcançar seus públicos. 

Tal qual o mundo do futebol e de outros esportes de massa, as grandes estrelas da internet são poucas se comparadas à grande maioria. Apesar de a maioria dos vídeos e outros conteúdos que surgem a cada instante em plataformas como o TikTok e o YouTube 24 horas por dia parecerem sem sentido para muitas pessoas, eles são uma espécie de Eldorado para quem sonha com o sucesso no mundo digital, cuja disputa pode ser medida em curtidas, compartilhamentos e, principalmente, visualizações. 

Por outro lado, a grande parcela não consegue resultados significativos. Prova disso é que 96,5% dos youtubers nos Estados Unidos, por exemplo, poderiam ser enquadrados na linha da extrema pobreza a depender exclusivamente da monetização da plataforma. Realidade que não muda no Spotify, em que 90% da receita está concentrada nas mãos de pouco menos de 1% dos artistas, percentual que responde por mais da metade da receita do Twitch.

Os números também podem ser explicados pelo prisma da política das grandes plataformas que, de maneira geral, têm como prioridade a remuneração de seus acionistas e o atendimento aos seus clientes, as grandes marcas, enquanto os produtores de conteúdo aparecem como “produtos.”

Neste contexto predatório, que vai muito além de artistas e produtores de conteúdo, embora a maioria deles possa retratar a desesperança, a Web3 associada a outras tecnologias disruptivas, como a blockchain, começa a ganhar ares de libertação na medida em que a descentralização pode representar a criação de conteúdos vinculados a patrimônios digitais customizados que podem ser negociados diretamente por seus proprietários intelectuais, sem a necessidade de “atravessadores.”

O cineasta, produtor e distribuidor  brasileiro Marcos Seanor, por exemplo, anunciou recentemente uma alternativa para produções audiovisuais, a Kinobaum, durante o Marché du Film, o Mercado do Filme de Cannes. Trata-se de uma plataforma marketplace que promete facilitar a comercialização de produções que vão desde cenas de filmes a séries, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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