O anúncio do terceiro aumento consecutivo de 75 pontos base da taxa de juros dos EUA associado ao discurso do presidente do Banco Central (Fed), Jerome Powell, logo em seguida contribuíram para aumentar a volatilidade de um mercado desesperado por boas notícias que em 2022 têm insistido em nunca chegar.
Em um espaço de seis horas, o preço do Bitcoin (BTC) chegou a variar quase US$ 2.000, da máxima de US$ 19.956 atingida logo após o anúncio do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) até a mínima de US$ 18.125 impulsionada pela considerações do chefe da política monetária da maior potência econômica do planeta.
Suas palavras explicitaram que o inverno ainda não tem data para terminar. Provavelmente, a dor seguirá se espalhando por toda economia dos EUA, mas será mais aguda para os ativos de risco, como as criptomoedas e as ações. Pelo menos até que o Fed esteja convencido de que a inflação, há pouco mais de um ano considerada transitória, esteja definitivamente controlada.
Depois de atingir seu valor mais baixo desde as mínimas do ciclo atual registradas em junho, o Bitcoin retornou ao patamar de US$ 19.000 em que se encontrava antes da reunião do FOMC, com um impulso que muito provavelmente partiu de um movimento de baleias do BTC.
De acordo com dados da plataforma de monitoramento de mercado Whale Alert, mais de 166.000 Bitcoins, somando aproximadamente US$ 3,1 bilhões foram transacionados e transferidos de exchanges de criptomoedas para carteiras não identificadas nas últimas 24 horas.
Trata-se de um claro sinal de que as grandes entidades do mercado aproveitaram para comprar a baixa e acumular mais BTC após a forte queda motivada pelas perspectivas pouco otimistas no que diz respeito à economia norte-americana.
No entanto, nem todas as baleias se posicionaram ao lado dos touros. O Whale Alert também identificou que a Coinbase registrou mais entradas de Bitcoin em carteiras de baleias na exchange do que de saídas do ativo para carteiras frias: US$ 40,7 milhões contra US$ 26,4 milhões, respectivamente.
Detentores de longo prazo (LTH)
Enquanto isso, de ontem para hoje, os Long Term Holders (LTH) – ou detentores de longo prazo, em tradução livre – acumularam 4.000 BTC, conforme observou o analista do MB Research, André Franco, em seu boletim diário sobre o estado do mercado.
Franco destacou que a acumulação de Bitcoin por parte destas entidades do mercado segue em alta neste momento, configurando um dos poucos sinais positivos para os traders da maior criptomoeda do mercado.
Historicamente, é característico que os detentores de longo prazo aproveitem para acumular moedas durante os períodos mais sombrios dos mercados de baixa.
Esses detentores de longo prazo assim são classificados pela plataforma de monitoramento de dados on-chain Glassnode a partir do 155º dia em que eles mantém suas moedas intocadas. Antes desse período, em oposição, a Glassnode classifica os traders como Short Term Holders (STH) – ou detentores de curto prazo, em tradução livre.
Quase 24 horas depois da divulgação do novo aumento da taxa de juros dos EUA, o Bitcoin está cotado a US$ 19.390 e acumula ganhos de 1,4% nas últimas 24 horas, de acordo com dados do CoinGecko.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, uma análise da plataforma de monitoramento de dados on-chain Santiment indica que o "derramamento de sangue" do Bitcoin pode ter sido temporariamente estancado.
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