Enquanto os bancos tradicionais alegam que encerraram contas correntes de exchanges de Bitcoins pois estas empresas poderiam auxiliar criminosos em supostas operações de lavagem de dinheiro (argumento aceito inclusive pelo CADE), o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, teria dito aos procuradores da lava jato ter recebido propina dos bancos tradicionais brasileiros.

Segundo revelou em 26 de dezembro o jornal Folha de São Paulo as afirmações de Cunha estão em uma delação, encaminhada a procuradoria que investiga o caso mas que não foi homologada. O jornal teria obtido o documento por meio dos vazamentos das conversas dos procuradores feita por hacker e que expôs a relação para 'condenar' o ex-presidente Lula, entre o então juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol.

No documento Cunha detalha como angariou influência dentro da política nacional e revela que virou uma espécie de 'caixa' do Congresso e do então PMDB (agora MDB). Com recursos provenientes de várias fontes, ajudava financeiramente deputados em questões pessoais e em campanha eleitoral. Em troca pedia apoio no Câmara bem como em votações, propostas, emendas e demais assuntos.

No total Cunha alega ter arrecadado mais de R$ 146 milhões que eram destinados a cerca de 60 deputados. Os recursos teriam vindo de formas ilícitas e inclusive 'camuflados' como doações oficiais de campanha. Em contrapartida, tanto ele quanto os deputados, atuavam no atendimento de interesses destes 'doadores'.

Cunha cita que, além da Odebrechet, da JBS e outras empresas, os 'grandes bancos' do país também teriam participado do 'rateio' em troca de apoio no Congresso.

Na mesma linha de Cunha, o então ministro de Lula, Antonio Palocci, já havia envolvido os bancos BTG, Itaú e Bradesco em supostos esquemas de propina e caixa 2 no Governo Federal. Os bancos negam.

Palocci em sua delação afirma que as instituições financeiras fizeram pagamentos ilícitos a ele, a dirigentes do PT ou ao partido durante cerca de 12 anos. Os recursos teriam sido destinados em troca de favorecimentos nas gestões dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. As contribuições somadas chegaram, segundo ele, a R$ 50 milhões.

Entretanto, como noticiou o Cointelegraph, em processo aberto pela Associação Brasileira de Criptoeconomia e Blockchain (ABCB) no CADE os bancos alegaram que o encerramento de conta corrente de exchanges de Bitcoin é justificável pois estas empresas podem ser usadas para lavar dinheiro e tem pouco conhecimento da origem do dinheiro de seus clientes.

O argumento foi aceito pelo CADE que determinou o arquivamento do Processo Administrativo aberto e 'autorizou' os bancos a encerrar contas alegando que há respaldo de normas do Banco Central.

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