Principais destaques:
O Federal Reserve pode cortar os juros antecipadamente se o comércio global, o fornecimento de energia ou a relação dos EUA com o Oriente Médio se deteriorarem.
Um enfraquecimento do dólar pode ser seguido por uma aceleração no preço do Bitcoin.
O Federal Reserve dos Estados Unidos (Fed) manteve as taxas de juros estáveis em 4,25% na quarta-feira, uma decisão amplamente esperada pelos investidores. A próxima reunião de política monetária está marcada para 30 de julho, mas o Fed pode agir antes, caso ocorra uma grande disrupção.
Na sexta-feira, o governador do Fed, Christopher Waller, afirmou que “os formuladores de políticas devem considerar a redução dos juros já no próximo mês”. Em entrevista à CNBC, Waller explicou que o Fed deve começar a aliviar lentamente os juros, já que “a inflação não representa uma grande ameaça econômica”.
Embora a probabilidade de um corte antecipado ainda seja muito baixa, vale a pena analisar o impacto potencial no Bitcoin (BTC) e os fatores que poderiam levar o banco central a abandonar sua postura cautelosa atual.
Guerra dos EUA no Oriente Médio e riscos comerciais podem forçar cortes de juros
Cortes emergenciais de juros são raros e geralmente ocorrem após choques de crédito, escaladas geopolíticas ou colapsos repentinos na estabilidade financeira. O último corte desse tipo ocorreu em março de 2020, quando o Fed reduziu os juros em 100 pontos-base em resposta à disseminação global da COVID-19.
O sentimento dos investidores despencou durante o pânico inicial, e até o ouro caiu para a mínima de sete meses. Ainda assim, o impacto de longo prazo favoreceu os ativos de risco. O S&P 500 recuperou suas perdas até o fim de maio de 2020, enquanto o Bitcoin voltou ao nível de US$ 8.800 no final de abril do mesmo ano. Em essência, o pânico foi superado em menos de três meses.
Apesar da adoção por grandes empresas como reserva de tesouraria, o Bitcoin continua fortemente correlacionado com as ações de tecnologia. Entre março e maio de 2025, sua correlação de 30 dias com o Nasdaq 100 permaneceu acima de 70%. Os investidores continuam enxergando o Bitcoin como uma aposta de alta volatilidade no crescimento econômico futuro.
As tensões crescentes no Oriente Médio voltaram a ser um grande risco macroeconômico. O Estreito de Ormuz responde por cerca de 20% do fornecimento mundial de petróleo e gás. Qualquer interrupção nessa região eleva os custos de energia e aumenta a incerteza. Com as empresas reduzindo suas operações nessas condições, as expectativas de inflação tendem a recuar e as contratações diminuem, criando espaço para um afrouxamento monetário.
O comércio continua sendo outra fonte de fragilidade. Caso a trégua temporária de tarifas entre os EUA e a China se rompa, ou parceiros importantes como Canadá ou União Europeia abandonem as negociações, as exportações dos EUA podem ser prejudicadas. Para conter a demanda enfraquecida e proteger a indústria doméstica, o Fed pode recorrer a cortes de juros que favoreçam a expansão do crédito e o investimento.
Dólar fraco aumenta a atratividade do Bitcoin
Taxas de juros mais altas não elevam a dívida federal em si, mas dificultam o custo de refinanciamento. O rendimento do título do Tesouro de 20 anos subiu de 4,6% para 4,9% nos últimos três meses, sinal de que os investidores ainda têm dúvidas de que a inflação esteja sob controle. O mercado exige um prêmio maior, refletindo incerteza sobre a postura do Fed.
Enquanto isso, o Índice do Dólar dos EUA (DXY) caiu de 104 em março para 99, se aproximando do menor nível em três anos. Se os mercados interpretarem um corte surpresa como sinal de risco de recessão, o dólar pode enfraquecer ainda mais. Nesse cenário, a demanda por ativos resistentes à inflação, como o Bitcoin, pode crescer de forma acentuada — tornando uma alta acima de US$ 120.000 não apenas possível, mas cada vez mais plausível.
Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e não constitui, nem deve ser interpretado como, aconselhamento jurídico ou de investimento. As opiniões expressas são exclusivamente do autor e não refletem necessariamente as visões do Cointelegraph.