O Bitcoin (BTC) se mantém em uma zona de indecisão após interromper uma sequência de três semanas de queda no fechamento semanal, no domingo, 7 de setembro. Em análise para o Cointelegraph Brasil, Diego Pohl, analista da Crypto Investidor, aponta os níveis de suporte e resistência que vão determinar o preço do Bitcoin no curto prazo.

Na primeira semana do temido mês de setembro, historicamente negativo para o mercado de criptomoedas, o Bitcoin oscilou entre mínimas de US$ 107.255 e máximas de US$ 113.884 até consolidar uma alta de 2,6%, encerrando o domingo cotado a US$ 111.137.

“Essa oscilação reforça uma dinâmica recorrente: no choque inicial de aversão a risco, o Bitcoin acompanha o ajuste macro; passada a primeira reação, volta a se posicionar como alternativa global de reserva de valor, enquanto os investidores reavaliam a trajetória de liquidez", afirma o boletim semanal de análise de mercado da QR Asset.

No cenário macroeconômico, o corte de setembro nas taxas de juros é dado como certo, segundo dados da FedWatch Tool da CME.

Apenas 22 mil vagas de emprego foram criadas nos Estados Unidos em agosto, e a taxa de desemprego ficou em 4,3%. Além disso, as estatísticas de junho foram revisadas para baixo, indicando uma criação de postos de trabalho inferior à divulgada anteriormente.

Os sinais de fraqueza no mercado de trabalho dos EUA abrem espaço para um corte de 0,5% na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), marcada para o próximo dia 17.

Embora, em tese, sirva como um indicativo de injeção de liquidez na economia, um corte dessa magnitude pode ter efeito reverso para o Bitcoin e os ativos de risco de forma mais ampla, como alerta a análise da QR Asset Management:

“Já não se trata apenas de quando o Fed cortará, mas da dose do corte: 25 bps ou 50 bps. E essa distinção não é trivial. Um corte de 25 bps seria interpretado como ajuste de ciclo, enquanto um corte de 50 bps sinalizaria que a fragilidade da atividade é muito maior do que o que está precificado nos mercados acionários, abrindo espaço para revisões de lucros e múltiplos mais baixos no S&P. Esse risco de ‘corte pela fraqueza’ também pode contaminar o BTC no curto prazo, ainda que no longo prazo a tese de descorrelação e de ativo global de reserva siga firme.”

Como efeito imediato, o ouro atingiu novas máximas históricas e o dólar manteve-se em tendência de queda, assim como os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA.

A definição sobre o tamanho do corte depende dos dados dos índices de preços ao consumidor (CPI) e produtor (PPI) a serem divulgados nesta semana. Se a inflação vier dentro das expectativas do mercado, crescem as chances de uma redução de 0,5%, potencialmente prejudicial para o preço do Bitcoin.

Por outro lado, uma eventual alta dos preços cria um cenário de aversão ao risco ainda maior. A combinação de retração da atividade econômica com preços em alta “limita a dose de corte (25 bps, ou até redução nas chances de corte), sustenta juros reais/dólar e pressiona tanto S&P quanto cripto ao elevar o risco de estagflação", afirma o boletim da QR Asset.

Embora a volatilidade deva prevalecer no curto prazo, a perspectiva de injeção de liquidez é favorável para os criptoativos em um horizonte de investimento mais amplo, conclui a análise.

Análise do preço do Bitcoin

Diego Pohl destaca que o Bitcoin encerrou a semana com seu preço significativamente acima do suporte atual, em torno de US$ 107.500, justamente onde está situada a média móvel de 21 períodos (linha roxa no gráfico abaixo).

Nas primeiras horas desta segunda-feira, 8, o preço do Bitcoin voltou a testar, sem sucesso, a resistência de US$ 113.500. O eventual rompimento deste nível pode proporcionar a retomada da tendência principal de alta do criptoativo, afirma o analista, com alvos de alta na região entre US$ 150.000 e US$ 170.000.

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Gráfico semanal de perpétuos BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor

Em um cenário pessimista, configurado pela perda do suporte atual, o Bitcoin pode buscar níveis de preço mais baixos, próximos dos US$ 94.000, região de suporte sustentada pela média móvel de 50 períodos (linha verde no gráfico).

O preço do Bitcoin está sob pressão devido às vendas de baleias. Nos últimos 30 dias, mais de 100.000 BTC foram liquidados por essas grandes entidades do mercado, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil recentemente.