O mercado de NFTs (tokens não fungíveis) voltou a ultrapassar a marca de US$ 1 bilhão em volume negociado em dezembro do ano passado e desde então vem sustentando essa marca, revelam dados do relatório de mercado de abril publicado pelo rastreador de aplicativos descentralizados Dapp Radar na quinta-feira, 9 de maio.
O renascimento do mercado de tokens não fungíveis pode ser atribuído, em grande parte, à chegada dos NFTs ao ecossistema do Bitcoin (BTC) — inicialmente com os Ordinals e, após o halving em 20 de abril, com a implementação do Runes. Criado por Casey Rodarmor, o Runes é um novo padrão de tokens baseado na rede do Bitcoin que implementa a não fungibilidade aos satoshis, a unidade mínima do BTC, facilitando a criação de novas moedas e NFTs no ecossistema da maior criptomoeda do mercado.
Apesar de o volume negociado ter caído para US$ 1,35 bilhão — uma redução de 13% em relação ao mês anterior —, o número de itens negociados cresceu 20% no mesmo período, passando de 3,4 milhões para 4,1 milhões, conforme revelam os dados do DappRadar.
Volume de negociação de NFTs e número de transações totais de NFTs. Fonte: DappRadar
Os NFTs do Bitcoin responderam pela metade do volume negociado em abril, somando um total de US$ 675 milhões. "Esse crescimento posicionou o Bitcoin como a blockchain com o maior volume de negociação mensal de tokens não fungíveis, ultrapassando a Ethereum", destaca o relatório.
Não apenas o ecossistema do Bitcoin passou a dominar o mercado de NFTs manteve o MagicEden à liderança dos marketplaces de tokens não fungíveis, ultrapassando o Blur. Segundo o DappRadar, 70% do volume de NFTs negociados no MagicEden coube ao ecossistema do Bitcoin em abril
Outros marketplaces que oferecem suporte aos Runes e aos Ordinals também se beneficiaram da ascensão dos NFTs no Bitcoin, com destaque para o UniSat e o OKX NFT Marketplace, que agora ocupam a terceira e a quarta posição do ranking, à frente do OpenSea.
5 maiores marketplaces de NFTs em volume negociado. Fonte: DappRadar.
Em abril, a coleção Runestones foi alavancada pelo lançamento do Runes e superou coleções populares da Ethereum como Bored Ape Yacht Club e Pudgy Penguins em volume de negociação, ficando em primeiro lugar no ranking.
Nesta sexta-feira, 10 de abril, a coleção segue ostentando métricas expressivas, com um crescimento de 62% no volume negociado, e de 33% no número de traders, apesar da correção enfrentada pelo mercado mais amplo de criptomoedas.
Como traders podem se expor ao crescimento do ecossistema do Bitcoin
Apesar do sucesso da Runestones e de algumas outras coleção de NFTs baseadas na blockchain do Bitcoin, o analista independente Orlando Telles acredita que a melhor forma de explorar o crescimento do ecossistema da maior criptomoeda do mercado é identificando projetos associados a soluções de camada 2 que podem atrair capital novo para a rede.
Telles não recomenda o investimento direto em coleções de Ordinals, tokens BRC-20 ou Runes. Apesar do crescimento do ecossistema, a grande maioria dos projetos lançados não teve sucesso, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil. Além disso, trata-se de um mercado em que a liquidez é baixa, potencializando eventuais riscos aos investidores.
Segundo o analista, a estratégia mais promissora é tentar se beneficiar de possíveis airdrops de soluções de camada 2 do Bitcoin ou no investimento direto em tokens do setor. Essa estratégia demanda menor capital inicial e tem maior potencial, dada a natureza emergente e o potencial de crescimento do ecossistema.
Telles destaca que, atualmente, o Bitcoin possui uma capitalização de mercado superior a US$ 1 trilhão, mas conta com um ecossistema relativamente subaproveitado, avaliado em apenas 6 bilhões de dólares. A título de comparação, o Ether tem um valor de mercado de US$ 375 bilhões, e um ecossistema de US$ 93 bilhões. Esses números projetam um potencial de crescimento para o ecossistema do Bitcoin superior a 200 bilhões de dólares, conclui Telles.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, especialistas acreditam que a evolução dos Ordinals, Runes e tokens BRC-20 é fundamental para a sustentabilidade futura das operações de mineração de Bitcoin.