As ações de empresas de mineração de Bitcoin subiram acentuadamente nesta segunda-feira, recuperando-se das perdas sofridas durante o flash crash de sexta-feira que, segundo analistas, foi causado por um aparente mal-entendido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os novos controles de exportação da China.
A Bitfarms (BITF) e a Cipher Mining (CIFR) lideraram a recuperação, ambas registrando ganhos de dois dígitos. A Hut 8 Mining (HUT), a IREN (IREN) e a MARA Holdings (MARA) também subiram mais de 4%, enquanto a Core Scientific (CORZ) e a Riot Blockchain (RIOT) tiveram alta no início da sessão.
A recuperação ocorreu após uma forte liquidação na sexta-feira, quando Trump anunciou planos para impor tarifas de 100% sobre importações chinesas, alimentando temores de uma escalada na guerra comercial. No entanto, mais tarde ficou claro que os comentários do presidente se baseavam em um mal-entendido sobre as novas medidas de exportação da China. Trump recuou nas declarações durante o fim de semana.
Em uma publicação posterior na Truth Social, Trump escreveu: “Não se preocupem com a China, tudo ficará bem!”, acrescentando: “O altamente respeitado presidente Xi apenas teve um momento ruim.”
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, posteriormente esclareceu que as tarifas de 100% propostas sobre a China “não precisam acontecer”.
“Isso confirma nossa visão de que o presidente Trump interpretou de forma equivocada os controles de exportação anunciados em 10 de outubro”, escreveu o analista de mercado The Kobeissi Letter, referindo-se à expansão das restrições chinesas de exportação de minerais raros para os setores de defesa e semicondutores.
Volatilidade do mercado cripto atinge níveis recordes
Embora a liquidação das ações relacionadas a cripto na sexta-feira tenha sido intensa, a turbulência nos próprios ativos digitais foi ainda mais severa.
Em valores absolutos, o flash crash de sexta-feira marcou o maior evento de liquidação da história das criptomoedas, superando até mesmo o colapso da FTX, com cerca de US$ 19 bilhões em posições alavancadas sendo eliminadas. O Bitcoin (BTC) mostrou-se relativamente mais resistente em comparação às altcoins, que registraram perdas mais acentuadas entre o pico e o fundo.
A liquidação foi tão intensa que o CEO da Crypto.com, Kris Marszalek, pediu que os reguladores investigassem a forma como as exchanges lidaram com o evento. Marszalek questionou se algumas plataformas reduziram a velocidade, precificaram incorretamente os ativos ou deixaram de manter controles de conformidade adequados durante o crash.
Aproximadamente metade de todas as liquidações ocorreu na Hyperliquid, uma exchange descentralizada de futuros perpétuos, onde cerca de US$ 10,3 bilhões em posições foram eliminadas. A Bybit e a Binance também registraram liquidações significativas.
A Binance enfrentou escrutínio adicional após relatos de que vários preços de tokens caíram brevemente para zero. A exchange afirmou posteriormente que a anomalia foi causada por uma falha de exibição na interface do usuário que afetou determinados pares de negociação. Separadamente, a Binance foi associada a uma exploração que fez o dólar sintético da Ethena, o USDe, perder sua paridade com o dólar no mesmo período.
Guy Young, fundador da Ethena Labs, emissora do USDe, posteriormente esclareceu que a perda de paridade não estava relacionada ao processo de emissão ou resgate do USDe, mas sim a um problema isolado na Binance:
“A grave discrepância de preços foi isolada a uma única plataforma, que utilizava o índice de oráculo em seu próprio livro de ordens, em vez do pool de liquidez mais profundo, e enfrentava problemas de depósito e saque durante o evento, o que impediu os formadores de mercado de equilibrar o sistema.”