O hashrate do Bitcoin caiu cerca de 10% em um único dia no domingo, e Jianping Kong, ex-co-presidente do produtor de hardware de mineração de Bitcoin Canaan, atribuiu isso ao desligamento de fazendas de mineração na região autônoma de Xinjiang, na China.
Em uma postagem no X publicada na segunda-feira, Kong disse que o hashrate do Bitcoin caiu cerca de 100 terahashes por segundo (TH/s) desde domingo. Ele afirmou que a queda foi causada pelo desligamento de “ao menos 400.000 máquinas”, com base em uma estimativa de 250 terahashes por minerador application-specific integrated circuit (ASIC).
Kong vinculou a mudança ao desligamento de fazendas de mineração de Bitcoin na região autônoma de Xinjiang. O Cointelegraph não conseguiu verificar de forma independente as alegações, mas a posição de Kong como ex-co-presidente de um produtor chinês de ASICs de mineração de Bitcoin confere alguma credibilidade à afirmação.
De acordo com dados do YCharts, o hashrate do Bitcoin caiu de 1.053 TH/s no domingo para pouco menos de 943 TH/s na segunda-feira. Isso equivale a uma perda de mais de 10%, ou 110 TH/s. Ainda assim, o hashrate total da rede é uma estimativa inferida a partir de estatísticas da própria rede e não pode ser medido com precisão.
China: o amigo pouco confiável do Bitcoin
Historicamente, a China teve uma presença significativa na indústria de mineração de Bitcoin (BTC), mas também se mostrou uma fonte pouco confiável de hashrate. Antes de 2021, a China respondia pela maior parte (cerca de 65%) do hashrate do Bitcoin, até o governo chinês passar a reprimir a atividade de mineração naquele ano.
Em 2024, as operações de mineração foram retomadas em toda a China, com dados do Hashrate Index de outubro mostrando que a China agora responde por cerca de 14% da mineração global de Bitcoin. A CryptoQuant, por sua vez, estima que a contribuição da China esteja entre 15% e 20% do hashrate total do Bitcoin.
No fim do mês passado, a Reuters relatou que mineradores individuais e corporativos exploram eletricidade barata em toda a China, apesar da proibição. Kong está longe de satisfeito com a situação, afirmando que, com o desligamento das fazendas de mineração de Bitcoin em Xinjiang, “os EUA vencem sem mover um dedo”.
Os EUA miram a coroa da mineração de Bitcoin
Os comentários de Kong surgem em um momento em que a indústria doméstica de mineração de Bitcoin dos Estados Unidos cresce em ritmo cada vez mais acelerado. No fim de agosto, a empresa de mineração de Bitcoin Hut 8 anunciou que estava construindo quatro novos sites de mineração de Bitcoin no Texas, na Louisiana e em Illinois, adicionando 1,5 gigawatts de capacidade.
A Hut 8 é a empresa-mãe da American Bitcoin, uma companhia de mineração e tesouraria de Bitcoin ligada à família Trump, e abriu capital por meio de uma fusão no início de maio. O conselho de administração da empresa inclui Eric Trump, o segundo dos três filhos homens do presidente dos EUA Donald Trump — reforçando a ideia de que a liderança norte-americana também está apostando na mineração de Bitcoin.
Os Estados Unidos também estão enfrentando de forma mais direta as indústrias chinesas de mineração de Bitcoin e de ASICs. Relatos do fim de novembro sugerem que o principal produtor de ASICs de mineração de Bitcoin, a Bitmain — sediada na China — está sob investigação nos EUA por preocupações relacionadas à segurança nacional.
A investigação busca determinar se o hardware pode ser controlado remotamente para espionar ou sabotar a rede elétrica dos EUA. Medidas impostas após a apuração também podem afetar a família Trump. A American Bitcoin adquiriu um lote de 16.299 unidades Antminer U3S21EXPH da Bitmain.
Em outubro de 2024, as autoridades norte-americanas investigaram a designer de chips chinesa ligada à Bitmain, a Xiamen Sophgo, por uma suposta relação comercial com a Huawei, empresa sancionada pelos EUA. Apenas um mês depois, a Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA interrompeu a entrega de milhares de ASICs da Bitmain. As autoridades norte-americanas só começaram a liberar o hardware em março.
