O recente rali do Bitcoin tem se beneficiado de uma série de fatores que envolvem desde políticas econômicas até mudanças regulatórias e a evolução do próprio mercado cripto.
A eleição de Donald Trump, que se tornou presidente dos EUA novamente em 2024, gerou uma onda de otimismo entre os investidores, principalmente devido às suas promessas de criar um ambiente mais favorável ao Bitcoin e outras criptomoedas.
Trump expressou o desejo de tornar os Estados Unidos a "capital mundial dos criptoativos" e sugeriu a criação de uma reserva nacional de Bitcoin, o que poderia aumentar significativamente a demanda pelo ativo, com a compra de até 5% do total de Bitcoin que existe no mercado, segundo algumas estimativas.
Hoje, a renúncia de Gary Gensler, presidente da SEC, que era visto como um grande defensor de uma regulação mais rígida para o setor, e, na terça, a nomeação de Howard Lutnick, um conhecido defensor do Bitcoin, para chefiar o departamento de Comércio, reforçam as expectativas de uma facilitação do ambiente regulatório.
"O Bitcoin é um ativo que se movimenta muito pelo noticiário e tem seu preço baseado basicamente na demanda, então a expectativa de maior facilidade nessa negociação tendem a sustentar altas", destaca Paula Zogbi, gerente de Research e head de conteúdo da Nomad,.
O movimento de alta do Bitcoin vem de antes das eleições e a moeda já valorizou mais de 150% em 2024 e Trump Trade foi mais um ingrediente na receita do bull Market.
Bitcoin em US$ 100 mil
Além disso, o movimento de alta do Bitcoin tem sido sustentado por movimentos mais concretos de mercado. O lançamento de ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos foi um marco importante, pois proporcionou maior legitimidade ao mercado de cripto e atraiu investidores institucionais de peso, como a BlackRock, que iniciou a negociação de opções de Bitcoin em 2024.
Esse produto financeiro, ao aumentar a liquidez e volume de negociação, tem ajudado a gerar uma pressão de compra significativa, o que reflete um sentimento otimista em relação ao futuro do ativo.
Nessa semana, estrearam na bolsa americana os contratos de opções do ETF de Bitcoin da BlackRock, com um alto volume de negociação, sendo 80% de opções de compra. Os market makers que vendem opções de compra tendem a comprar o ativo subjacente para fazer hedge da posição, o que inevitavelmente gera pressão compradora e pode ter ajudado a sustentar o preço.
Além disso, o halving (redução pela metade das recompensas de mineração) do Bitcoin em abril de 2024, também foi um fator chave para a valorização até aqui, visto que diminui a oferta de novos Bitcoins no mercado e tende a pressionar o preço para cima.
Outro elemento importante desse rali é a ação de grandes players do mercado. A MicroStrategy, por exemplo, tem sido uma das maiores compradoras de Bitcoin, utilizando seus próprios recursos para adquirir grandes quantidades da criptomoeda.
O impacto disso pode ser visto na valorização da empresa, que ultrapassou a marca de US$ 100 bilhões em valor de mercado, refletindo a confiança dos investidores em sua estratégia focada no ativo digital.
Além disso, a crescente adoção do Bitcoin por empresas e indivíduos, juntamente com a aprovação de ETFs de Ethereum em 2024, amplia o apetite por criptoativos e aumenta a confiança geral no mercado.
"Na minha opinião, estamos muito próximos dos US$ 100 mil. Já alcançamos patamares próximos e ainda existem diversos fatores que sustentam essa alta. Portanto, considero bastante provável que o Bitcoin atinja os US$ 100 mil. Contudo, sustentar esse patamar é uma questão mais difícil de prever. O que me parece claro é que ele deve continuar ganhando relevância como ativo negociado, e há razões concretas para acreditar em novas altas no futuro", finaliza a executiva.