O Banco de Compensações Internacionais (BIS) propôs um sistema de pontuação de risco baseado em proveniência para as conversões de cripto para moeda fiduciária.

Em seu Boletim publicado na quarta-feira, o BIS delineou “uma abordagem para conformidade com as normas de combate à lavagem de dinheiro para criptoativos”, recomendando que uma pontuação de conformidade seja atribuída às holdings de cripto antes de serem trocadas por moeda fiduciária.

“Uma pontuação de conformidade com a AML baseada na probabilidade de que uma unidade ou saldo específico de criptoativo esteja ligado a atividades ilícitas pode ser referenciada nos pontos de contato com o sistema bancário”, afirmou o documento. A pontuação seria usada para prevenir a entrada de fundos ilícitos e incentivar um “dever de diligência” entre os participantes do mercado cripto.

O BIS afirmou que as abordagens atuais de combate à lavagem de dinheiro (AML) que dependem de intermediários confiáveis têm “eficácia limitada” no contexto das criptomoedas. Os históricos públicos de transações em blockchain poderiam fornecer ferramentas valiosas para o monitoramento da conformidade, segundo a instituição.

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Obrigado pela sede da International Settlements na Suíça. Fonte: Wikimedia

Stablecoins são o principal veículo para fluxos ilícitos com cripto

O BIS afirma que, desde 2022, as stablecoins superaram o Bitcoin (BTC) “como o ativo preferido entre os criminosos que usam cripto.” O documento cita relatórios das empresas de análise forense Chainalysis e TRM Labs, mostrando que, até 2024, as stablecoins representavam cerca de 63% de todas as transações ilícitas.

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Crimes on-chain por ativo. Fonte: Chainalysis

As pontuações de conformidade com a AML do BIS fariam referência aos outputs de transações não gastos (UTXOs) no caso do Bitcoin, ou às carteiras no caso das stablecoins. Haveria limites de risco que determinariam se os pedidos de conversão seriam aceitos ou recusados. A instituição recomenda que os off-ramps cripto sejam responsáveis por respeitar tal sistema.

“Impor um dever de diligência a essas entidades as incentivaria a evitar aceitar ou pagar ativos contaminados, pois o não cumprimento poderia resultar em multas ou outras penalidades.”

A proposta também observou que os detentores individuais poderiam enfrentar exigências de conformidade. O BIS disse que, embora os usuários possam ter recebido ativos contaminados de boa-fé caso as informações de conformidade fossem escassas, “esse argumento seria menos convincente se houvesse provedores de serviços de conformidade amplamente disponíveis e acessíveis.”

O BIS prevê que, em tal sistema, stablecoins contaminadas poderiam ser negociadas com desconto. As pontuações de risco também poderiam “acompanhar o token à medida que ele se move dentro da blockchain permissionless — incorporando a pontuação no próprio UTXO ou na carteira.”

Segundo o BIS, isso levaria à imposição de um dever de diligência também aos usuários, potencialmente influenciando o comportamento em transações totalmente descentralizadas.