Nas semanas seguintes às novas sanções da União Europeia, a Binance manteve suas portas abertas para cidadãos russos não sancionados – mas isso não significa que a empresa não esteja cumprindo as sanções, de acordo com o recém-nomeado executivo de sanções da Binance.

As sanções ocidentais contra a Rússia têm sido um grande desafio para a Binance desde o primeiro dia, e a empresa tem trabalhado duro para cumprir, disse o chefe global de sanções da Binance, Chagri Poyraz, ao Cointelegraph em entrevista.

Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Binance bloqueou de forma abrangente vários territórios não controlados pelo governo da Ucrânia, incluindo regiões anexadas como Donetsk e Luhansk, disse Poyraz.

“Ainda há uma guerra ativa acontecendo na região”, observou ele, acrescentando que a Binance continua monitorando ativamente a situação. A Binance tem mais de 500 executivos de compliance em todo o mundo, e cerca de metade deles está diretamente envolvido no controle de sanções, incluindo Antilavagem de Dinheiro, triagem de nomes e outros procedimentos.

Além das sanções abrangentes, que são impostas em relação a um determinado país ou região, também existem sanções direcionadas a indivíduos, empresas ou atividades específicas. A Binance tem “tolerância zero” para contas bloqueadas por sanções direcionadas e congelou ou restringiu várias contas russas de acordo com sanções de diferentes jurisdições, disse Poyraz.

As autoridades dos Estados Unidos impuseram uma série de sanções direcionadas, fornecendo listas de indivíduos e empresas sancionadas, carteiras e orientações relacionadas, observou o executivo. Mas, assim como o setor de criptomoedas como um todo, as sanções cripto são um conceito novo e ainda falta orientação e clareza, especialmente quando se trata de diferentes jurisdições.

“A parte mais difícil são as sanções da UE”, disse Poyraz, destacando a necessidade do setor de maior clareza sobre elas. A Binance não alcançou “nenhum diálogo específico” com os reguladores da UE depois que eles adotaram um oitavo pacote de sanções, que incluiu algumas das principais restrições de criptomoedas, observou ele, acrescentando:

“Obviamente seguimos todas as sanções da UE, mas há espaço para melhorias quando se trata de clareza. [...] Estamos tentando seguir as sanções como estão. O desafio não é exagerar, fazer o que lhe foi dito. O regulamento tem que ser claro.”

O executivo enfatizou que a atual incerteza em torno das sanções da UE contra a Rússia não é apenas um problema da Binance, mas um “problema da indústria”.

As sanções iniciais limitaram apenas os pagamentos de criptomoedas Rússia-UE em cerca de US$ 10.000, mas as restrições mais recentes, impostas no início de outubro, endureceram ainda mais as proibições, banindo “todas as carteiras, contas ou serviços de custódia de criptomoedas, independentemente do valor da carteira.”

A Comissão Europeia não forneceu detalhes adicionais sobre as sanções cripto em sua página oficial de perguntas e respostas. Sua equipe de imprensa não respondeu ao pedido de comentário do Cointelegraph.

Embora a Binance continue apoiando serviços para russos, várias exchanges e carteiras de criptomoedas saíram da Rússia logo após a UE impor o oitavo e mais recente pacote de sanções.

Plataformas como Crypto.com, LocalBitcoins e Blockchain.com notificaram seus usuários sobre a interrupção de serviços na Rússia em meados de outubro. Em 19 de outubro, a Kraken se tornou uma das mais recentes exchanges a restringir as contas de usuários russos, citando o cumprimento das sanções da UE.

Conforme relatado anteriormente, a Rússia é um dos maiores mercados da Binance, classificado entre os 10 melhores para a exchange de criptomoedas em outubro de 2019.

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