A gigante dos pagamentos Stripe teria iniciado conversas preliminares com bancos sobre a possível integração de stablecoins, sinalizando uma aceitação crescente no setor bancário global.
Após lançar contas baseadas em stablecoins em 100 países no início de maio, a Stripe observou um interesse significativo por parte dos bancos — principalmente em relação às stablecoins, criptomoedas atreladas a moedas fiduciárias como o dólar americano.
“Nas conversas que temos com eles, o interesse é muito grande”, disse o cofundador e presidente da Stripe, John Collison, em entrevista à Bloomberg News em 30 de maio.
“Não é algo que os bancos estão ignorando ou tratando como uma moda passageira. Eles estão realmente interessados em como integrar stablecoins às suas ofertas de produtos”, afirmou.
Stablecoins devem ter papel importante no futuro dos pagamentos
O interesse crescente dos bancos em integrar stablecoins vem da percepção de que essas criptomoedas oferecem custos de transação significativamente mais baixos, inclusive no câmbio, normalmente cobrado pelos próprios bancos.
“É extremamente caro fazer isso. É muito lento. Leva dias”, disse Collison. “Ninguém está satisfeito com esse cenário atual. E acho que veremos essas margens de lucro sendo atacadas.”
Por outro lado, Collison afirmou que as stablecoins oferecem transações instantâneas, com taxas muito inferiores às do câmbio, o que reforça sua aplicabilidade como meio de pagamento global.
“Boa parte do volume futuro de pagamentos será feito com stablecoins”, disse Collison. “Sem dúvida, isso será uma parte importante do nosso negócio daqui para frente”, completou.
As stablecoins já causaram impacto nas finanças tradicionais, superando os volumes combinados da Visa e Mastercard em 2024.
Crescimento das stablecoins depende de aval dos reguladores
Apesar do interesse, algumas jurisdições — como o Reino Unido — podem ficar para trás na corrida para atrair operadores de stablecoins se não acelerarem a regulamentação, alertou Collison.
“Existem empresas sendo criadas para atender esse setor — e, com um bom arcabouço regulatório, poderiam escolher se estabelecer aqui”, disse o executivo da Stripe, acrescentando:
“Sem essa segurança, elas vão para outro lugar. Esse é o risco que precisamos reconhecer.”
Collison citou o Regulamento dos Mercados em Criptoativos (MiCA), da União Europeia, que entra em vigor no final de 2024, enquanto a Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (FCA) ainda está coletando opiniões públicas sobre novas regras para stablecoins, conforme divulgado em 28 de maio.
As observações de Collison estão alinhadas com relatórios que indicam que bancos nos Estados Unidos vêm buscando diretrizes mais claras do governo sobre o que podem ou não fazer no setor cripto.
Por outro lado, mesmo ficando para trás em termos de regulamentação para stablecoins, o Reino Unido teve o maior crescimento no número de novos usuários de criptomoedas no último ano, superando a Europa, segundo dados da Gemini.