Durante um painel sobre o Drex, realizado nesta quarta, 02, no evento TokenNation, o executivo do Banco Central do Brasil, Henrique Videira, destacou que o regulador estuda usar o ecossistema da CBDC nacional para ajudar a definir a taxa de juros e a política monetária do país.

De acordo com ele, o Drex também traz uma perspectiva muito relevante para a política monetária podendo atuar como uma ferramenta complementar para análise da economia e formulação de decisões monetárias.

Videira apontou que a ideia é simples, mas poderosa já que o Drex poderá registrar e consolidar uma grande quantidade de dados estruturados da atividade econômica — tanto do varejo quanto do atacado — ele pode se tornar uma fonte rica de informações em tempo real. Isso permitiria um retrato mais preciso da economia brasileira.

Por exemplo, será possível analisar fluxos de movimentação por segmento, padrões de consumo, alocação de ativos e até tendências setoriais, tudo isso com base em dados confiáveis registrados na DLT. Essa visão ampla e detalhada pode ajudar na calibração de instrumentos como a taxa de juros, além de permitir respostas mais rápidas a oscilações do mercado.Claro que a privacidade dos usuários será preservada. A ideia não é rastrear pessoas, mas sim entender padrões macroeconômicos, com foco em grupos e setores, e não em indivíduos. Trata-se de agregar inteligência à gestão econômica, sem abrir mão da segurança e da confidencialidade.

Além disso, segundo ele, o Drex poderá abrir oportunidades no campo do crédito e da inclusão financeira e pessoas que hoje têm dificuldade de comprovar renda ou acesso limitado a serviços bancários poderão, com os dados registrados em suas transações no Drex, provar sua atividade econômica de forma estruturada e auditável, o que pode facilitar acesso a crédito mais barato e justo.

“Esse novo modelo pode mudar a forma como enxergamos a política econômica e financeira. O Drex, nesse contexto, não é apenas uma moeda digital ou infraestrutura tecnológica — é também uma plataforma estratégica de inteligência econômica. A visão do Banco Central é transformar essa ferramenta em algo que beneficie tanto a estabilidade macroeconômica quanto o cotidiano do cidadão brasileiro”, revelou

Integração do Drex com inteligência artificial

O executivo também destacou que há uma linha de frente muito clara na integração do Drex com inteligência artificial e atualmente, o foco está muito nos modelos de linguagem, como os LLMs, no ChatGPT e em outras ferramentas baseadas em processamento de texto. Mas isso é apenas a superfície, “estamos arranhando a ponta do iceberg do que a IA realmente pode fazer”, disse.

Videira argumentou que grande parte do que os modelos de IA consomem de energia e capacidade computacional hoje não é para prever ou responder, mas sim para organizar os dados: classificar, clusterizar, identificar padrões, reduzir dimensionalidade com PCA. Ou seja, a IA ainda precisa gastar muito esforço com o básico — com o trabalho sujo da estruturação de dados.

E é aqui que a blockchain entra como um agente transformador. Se a blockchain for capaz de fornecer dados estruturados, confiáveis, com metainformações estatísticas e validação de consenso, isso se torna um insumo poderosíssimo para a IA. Não apenas para os modelos, mas para todo o ecossistema de pesquisa e inovação em ciência de dados no Brasil.Imagine a Embrapa, institutos médicos, universidades, pesquisadores independentes — todos usando dados anonimizados e auditáveis, registrados na blockchain, com segurança e governança. Isso pode acelerar o desenvolvimento de novos produtos, tecnologias e serviços de forma jamais vista.Essa sinergia entre IA e blockchain é real e poderosa. E o momento de agir é agora”, revelou

De acordo com ele, o BC pretende com o Drex estimular o ecossistema, envolver as empresas, startups, universidades e o setor público nesta agenda de sinergia entre blockchain e inteligência artificial.

“Temos uma oportunidade estratégica, pois o Brasil possui um ambiente favorável, com uma matriz energética limpa, e condições para liderar esse avanço tecnológico. Blockchain, inteligência artificial e sustentabilidade energética — juntos, formam um casamento perfeito. Agora é a hora de acelerar, com coragem, visão e colaboração”, revelou