Nesta quarta, 02, durante o TokenNation, o representante do Banco Central do Brasil, Henrique Videira, revelou pela primeira vez em um evento aberto para o público como vai funcionar a carteira do Drex, o ledger do usuário que, assim como no Bitcoin, será definido por uma chave pública e uma chave privada.

A proposta, segundo Videira é que o Drex, integrado com o Open Finance e o Pix, seja uma espécie de infraestrutura de um super app financeiro para os bancos, algo que o BC vem chamando de agregador financeiro. Esse ‘super app’, não vai acabar com o aplicativo dos bancos, mas será integrado dentro dos apps.

“Mas, é pouco provável que esse "super app" seja do próprio Banco Central. A proposta mais viável — e já desenhada — é que esse ambiente esteja dentro do aplicativo das instituições financeiras com as quais o cliente se relaciona. Ou seja, o cidadão acessará essa visão consolidada por meio do app do seu banco ou da sua carteira digital”. disse.

O executivo destacou que o papel do Banco Central não é o de prover diretamente esse serviço ao usuário final, mas sim de garantir que esse serviço exista, com padrões unificados, interoperabilidade e governança. Desse modo, ele garantiu que o Banco Central não quer substituir os agentes do mercado, mas sim garantir que todos os cidadãos possam ter acesso a uma experiência unificada, com dados estruturados e com base na DLT do Drex.

Esse é o ponto central da nossa atuação: impulsionar o sistema financeiro para entregar soluções de valor, de forma segura, eficiente e transparente — mas sempre com a intermediação das instituições participantes.

De acordo com Videira, quando o usuário abrir o aplicativo da sua instituição financeira, ele vai encontrar uma posição consolidada de tudo o que possui no Sistema Financeiro Nacional, ou seja, ele poderá visualizar, de forma integrada e clara, quanto tem em depósitos bancários, quais são os ativos registrados no Drex, como ações, imóveis e automóveis

“Ele terá sua ‘vida financeira’ tudo em um só lugar, com uma experiência fluida e transparente no front-end. Por exemplo, ele verá seus depósitos bancários, os imóveis registrados no Drex, os automóveis também vinculados, além das suas aplicações financeiras. Tudo isso estará organizado em uma única visão integrada dentro do aplicativo. Esse conceito de agregador é essencial para o modelo que está sendo construído”, disse

Drex, Pix e tudo em um só lugar

Brasil, CBDC
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De acordo com Videira, se o usuário quiser movimentar algum desses ativos registrados no Drex, ele poderá fazer isso diretamente no app do banco, interligando o ecossistema DeFi da CBDC com os pagamentos instânteneos do PIX.

Por exemplo, poderá realizar uma operação que envolva “queimar” um ativo digital do Drex — convertê-lo novamente em um depósito bancário — com a mesma naturalidade com que hoje faz um Pix. Tudo será integrado e fluido, com a mesma padronização e interoperabilidade que o Banco Central promove nas demais soluções, como já acontece com o Pix e o Open Finance”, revelou.

O executivo também destacou que o papel do BC dentro desse processo é garantir que o mercado caminhe na direção de soluções interoperáveis, padronizadas e integradas, onde todas as partes conversem entre si.

“No centro disso está a visão do usuário: o cidadão terá em mãos um aplicativo que mostra tudo o que ele possui — tanto ativos financeiros quanto ativos reais, como imóveis e veículos. Ele saberá o que tem no Drex, o que pode movimentar com Pix, quais ofertas de crédito personalizado estão disponíveis para ele com base nas garantias que já possui dentro da DLT do Drex.

Drex vai fomentar a competição

Ele também afirmou que esse ecossistema vai fomentar a competição no sistema financeiro e aumentar a geração de valor para o usuário final. Conforme o executivo, o Brasil enfrenta um problema histórico de acesso ao crédito — inclusive, essa é uma das missões prioritárias do Banco Central: aumentar a oferta de crédito no país. E o Drex, segundo ele, pode ser uma ferramenta fundamental nesse processo.

Além disso, ele pontou que com o Drex, será possível, por exemplo, que pessoas físicas ou pequenas empresas ofereçam um imóvel como garantia de forma segura, registrada e reconhecida dentro da rede — o que permite acesso a crédito com juros mais baixos. Pequenas e médias empresas que decidirem usar o Drex de forma opcional — assim como acontece com o Pix — poderão registrar seus dados de faturamento, entradas e saídas, dentro da infraestrutura do Drex.

“Essa visibilidade permitirá construir um histórico confiável, com o qual o sistema poderá avaliar melhor o risco de crédito dessas empresas. O resultado? Mais confiança, menos inadimplência e acesso a crédito mais barato. E tudo isso de forma opcional, segura e transparente”, disse.

Ninguém será obrigado a usar o Drex

Videira também apontou que dentro do Drex, uma pequena ou média empresa, ou até mesmo um cidadão comum, poderá escolher qual instituição financeira ou agente de crédito oferece a melhor taxa de juros, seja para um empréstimo com garantia — como um imóvel ou automóvel — ou até mesmo para um empréstimo sem garantia.

Além disso, ele garantiu que ninguém será obrigado a usar o Drex.

Essa é uma das visões que o Banco Central tem para o app do Drex na ponta do usuário. A proposta é que o cidadão possa, se assim desejar, visualizar tudo o que possui de forma consolidada: quanto ele tem em letras financeiras do Tesouro, ações da Petrobras ou da Vale, debêntures, saldo em diferentes bancos — tudo num só lugar, com clareza e simplicidade.É importante destacar: ninguém será obrigado a usar. O Banco Central não impõe obrigatoriedade, mas quer viabilizar uma solução opcional, interoperável e padronizada, que traga eficiência e concorrência para o sistema financeiro.