Nesta quarta-feira 25, durante o Anbima Summit, o diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, Nilton David, apresentou o ‘Pix 2.0”, como vem sendo chamado as inovações que o BC pretende implementar no Pix até o final do ano.

Segundo ele, entre as inovações está a ampliação das funcionalidades do Pix automático, que reduz custos para quem vende e para quem paga, e dá ao consumidor mais controle sobre seus pagamentos.

Em seguida, o executivo destacou o Pix por aproximação, recurso já em fase de implementação pelas instituições financeiras. Segundo David, a tecnologia permitirá pagamentos apenas aproximando o celular do terminal, sem necessidade de abrir o aplicativo bancário.

Outra inovação apresentada foi o Pix parcelado, que deverá ser lançado nos próximos meses. Esse formato permitirá ao comprador dividir o valor da compra em várias parcelas via Pix, enquanto o vendedor receberá o montante integral imediatamente. Nilton David ressaltou que a novidade beneficiará em especial os 60 milhões de brasileiros sem acesso a cartão de crédito, além de ampliar opções para quem já o utiliza.

O terceiro recurso, denominado MED 2.0, visa reforçar a segurança do sistema ao permitir contestação de transações suspeitas de forma totalmente digital e intuitiva. Por fim, o diretor de Política Monetária detalhou o Pix como garantia, que possibilitará usar fluxos futuros de pagamentos via Pix como colateral em financiamentos ou antecipações de recurso.

“A ideia é que esses fluxos sejam reconhecidos e utilizados num processo de colateralização. Nosso objetivo é fortalecer o acesso ao crédito planejado e sustentável, reduzindo a dependência de linhas emergenciais, que costumam ter custos mais altos”, concluiu Nilton David.

Mercado de capitais em crescimento

Além disso, ele destacou que a agenda de inovação do BC vai além do Pix e engloba as iniciativas do Drex, que atualmente está em sua fase 2, com diversos desenvolvimentos, incluindo testes com transações off-line, realizado pela Caixa.

O executivo do BC também apontou que dentro do Open Finance, uma das propostas do BC é criar um marketplace de crédito, que seria uma plataforma como o “Mercado Livre” na qual as instituições financeiras e os usuários vão contar com maiores opções e diversidades de operações de crédito e colateral, diminuindo os custos tanto para as empresas como para os consumidores.

“Imóveis vão poder ser usados em novas linhas de crédito mais seguras”, disse.
Criptomoedas, Brasil
O diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, Nilton David

Na abertura do evento, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, falou sobre a Resolução CVM 175, que revogou a Instrução CVM 555 e outras 38 normas correlatas. A medida unificou as regras de constituição, funcionamento e governança dos fundos de investimento, trazendo maior clareza sobre limites de responsabilidade, liquidez e divulgação de informações aos investidores.

Segundo ele, a norma inovou ao equiparar os criptoativos a demais ativos financeiros, como títulos públicos e derivativos. Desde então, qualquer fundo que opte por incluir Bitcoin, Ethereum ou outros tokens em sua carteira deve seguir rigorosos parâmetros de custódia, registro e mensuração de risco, iguais aos aplicados a papéis clássicos do mercado.

Com isso, gestores passaram a detalhar em prospectos e relatórios periódicos a parcela de criptomoedas, as metodologias de avaliação de mercado e os limites de exposição adotados.

Além disso, ele destacou que a relevância da indústria de fundos do Brasil é fundamental para o mercado de capitais e que ela cresce e se desenvolve em tamanhos e diversidade

“O Brasil tem um mercado de capitais forte e é um hub de inovação para a América Latina”, disse.
Criptomoedas, Brasil
Presidente da CVM - João Pedro Nascimento

Ainda durante o evento, o presidente da Anbima, Carlos André, destacou que o mercado de investimento no Brasil está vivenciando uma democratização, com o mercado secundário em especial ganhando tração com uma alta de 34% no último ano, mesmo com a predominância da renda fixa.

“Além disso, o cardápio dos investimentos, ganhou outros ativos como os ativos virtuais e agora com o advento da inteligência artificial ajudando a melhorar a experiência do cliente, vivemos um caminho sem volta”, disse.
Criptomoedas, Brasil
Presidente da Anbima, Carlos André.