Especializada na tokenização de produtos agrícolas, a startup argentina Agrotken inaugurou suas operações no Brasil na semana passada com a abertura de um escritório em São Paulo com o objetivo de dinamizar o acesso ao crédito para os produtores rurais, aumentar a sinergia em todos os pontos da cadeia produtiva e ao mesmo tempo permitir que pessoas físicas possam investir no aquecido mercado de commodities de forma simples e com liquidez assegurada.

O processo de tokenização consiste na criação de ativos digitais registrados em redes blockchain atrelados a ativos reais. No caso, a Agrotoken emite três tipos de tokens, cada um deles vinculado a um produto específico: soja, trigo e milho. Os tokens são diretamente atrelados ao valor da tonelada dos produtos no mercado internacional.

Os tokens são validados por meio de um sistema intitulado "Prova de Reserva de Grãos" (PoGR), a partir de uma infraestrutura tecnológica multi-chain baseada nas blockchains da Ethereum (ETH), da Polygon (MATIC) e da Algorand (ALGO)

Em menos de duas semanas de operação ainda em um período de testes, a Agrotoken tokenizou 10 mil toneladas de produtos agrícolas. Em breve, a empresa fará sua primeira emissão e oferta oficial de Agrotokens no país.

Os tokens emitidos pela Agrotoken são equivalentes a uma tonelada de grãos confiadas pelo produtor à empresa. A Agrotoken garante a liquidez nas duas pontas da cadeia, remunerando os produtores com os tokens, de um lado, e garantindo que investidores e comerciantes recebam o pagamento correspondente sempre que quiserem liquidar suas posições.

Os produtores podem utilizar os Agrotokens para adquirir produtos e serviços, como sementes, maquinário, fertilizantes junto a comerciantes credenciados, ou oferecê-lo como garantia para obter empréstimos.

Os comerciantes, por sua vez, ficam menos expostos a riscos de insolvência, uma vez que a Agrotoken garante a liquidação dos ativos. Caso queiram, há a opção de receber os valores correspondentes diretamente em moeda fiduciária.

A comercialização de Agrotokens para investidores do varejo ou institucionais ainda não foi liberada, mas a previsão é que isso ocorra ao longo do ano que vem.

Inicialmente, a Agrotoken conta com cinco centros de distribuição, todos localizados no Mato Grosso. A meta da empresa para 2023 é tokenizar pelo menos um milhão de toneladas da produção brasileira de grãos.

Além dos serviços de tokenização de ativos, a companhia lançou um cartão em parceria com a Visa. A solução permite aos produtores o pagamento de qualquer tipo de compra com o Agrotoken, sem intermediários, em grande parte dos mais de 80 milhões de estabelecimentos comerciais do mundo inteiro vinculados à rede da Visa.

No Brasil, o cartão ainda não está disponível, mas poderá ser solicitado pelos usuários ainda este ano. De acordo com informações disponibilizadas pela empresa, a liberação do cartão no país depende da realização das últimas etapas de testes e da definição do design do produto.

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