Um dos principais fundos de capital de risco dedicado ao ecossistema de criptomoedas, Web3 e tecnologia blockchain, com mais de US$ 35 bilhões de ativos sob gestão, o Andreessen Horowitz (a16z) pretende ampliar seus investimentos na América Latina, segundo reportagem publicada pelo NeoFeed em 27 de outubro.

Segundo as fontes ouvidas pela reportagem, o fundo de capital de risco comandado por Marc Andreessen e Ben Horowitz estaria atento a oportunidades de investimento em startups dos setores de fintechs e healthtechs latino-americanas em estágio inicial de desenvolvimento.

Os aportes podem variar de US$ 1 milhão a US$ 5 milhões, no entanto não há um limite máximo definido. O valor total a ser destinado às empresas dependerá do potencial vislumbrado pela gestora nas oportunidades de negócios.

O portfólio da a16z na região já conta com 19 empresas, incluindo unicórnios como a brasileira Loft, a colombiana Rappi e a exchange de criptomoedas mexicana Bitso, e startups nascentes como a NG.Cash, a Addi e a Inventa.

Executivos da a16z estiveram no Brasil na semana passada e participaram de encontros e reuniões com fundos de investimento locais e empreendedores, incluindo uma recepção na sede do BTG Pactual, em São Paulo, e um evento organizado pela Latitud, um hub de empreendedorismo que promove conexões entre empreendedores e investidores.

A sinergia entre a Andreessen Horowitz e os fundos de investimento locais faz parte da estratégia de investimento da gestora na região. O próprio BTG Pactual já intermediou a captação de recursos da a16z com investidores brasileiros no passado.

De acordo com um participante do evento, as complexidades do cenário geopolítico atual favorecem a região, visto que a Rússia deixou de ser um mercado viável após a invasão à Ucrânia, a China impõe severas restrições ao capital estrangeiro, e a Índia tem algumas barreiras culturais que provocam receios nos investidores. "Sobram o Brasil e o México", afirmou a fonte ouvida pela reportagem, que preferiu não se identificar.

Investimentos no Brasil

Entre as empresas que recentemente receberam aportes da a16z há as brasileiras Latitud, citada acima, e a Inventa, um marketplace voltado para o setor de cadeia de suprimentos, com foco no abastecimento de estoque de pequenos lojistas.

A primeira recebeu um aporte de US$ 11,5 milhões em uma rodada de financiamento semente realizada em março. A segunda recebeu R$ 115 milhões em janeiro deste ano. A fintech NG.Cash também faz parte da lista.

Este mês, a a16z publicou um artigo dedicado ao florescente ecossistema brasileiro de fintechs, citando diversos avanços promovidos por iniciativas governamentais, desde a criação e a implementação do Pix, passando pelo Open Banking e a abertura do mercado de soluções de pagamentos, até elogios à modernização e a eficiência do marco regulatório do setor.

A conclusão do texto assinado por Flora Oliveira, ex-funcionária da Loft que atualmente é estagiária da a16z, e Angela Strange, gerente geral da gestora, afirma que "o futuro das fintechs brasileiras será brilhante":

"A modernização contínua do regime regulatório e a ânsia dos empresários brasileiros em criar produtos e serviços atraentes para consumidores e empresas tornam o Brasil um lugar interessante para se estar. Se você está construindo a próxima grande empresa de fintech, com base nessas tendências ou nas próximas inovações, adoraríamos nos conectar."

a16z e o mercado de criptomoedas e Web3

Facebook, Instagram, AirBnb e Robinhood estão entre as empresas que foram financiadas pelo a16z em seus estágios iniciais de desenvolvimento. No entanto, a gestora tem ampliado seus investimentos em startups e projetos de criptomoedas e tecnologia blockchain. 

A exchange de criptomoedas Coinbase, o marketplace líder do mercado de tokens não fungíveis (NFTs) OpenSea, os protocolos de camada 1 alternativos Solana (SOL) e Avalanche (AVAX), e o estúdio criador da popular coleção de NFTs Bored Ape Yacht Club e detentor dos direitos da igualmente icônica CryptoPunks fazem parte do portfólio de Web3 e criptomoedas da a16z.

Em maio, a Andreessen Horowitz anunciou um novo fundo de US$ 4,5 bilhões para investimento em startups do setor – US$ 1,5 bilhão dedicados a investimentos semente e US$ 3 bilhões para investimentos de risco.

O anúncio foi feito logo após a crise desencadeada pelo colapso do ecossistema Terra e em meio a um ciclo de baixa que afastou tanto investidores do varejo quanto institucionais do mercado cripto, numa clara afirmação da confiança que a gestora deposita na indústria, como destacou na ocasião, Arianna Simpson, uma das sócias da a16z:

"Frequentemente, é durante ciclos de baixa do mercado que as melhores oportunidades surgem, quando os criadores são realmente capazes de se concentrar na construção de soluções de tecnologia em vez de se distrair com o movimento dos preços no curto prazo."

Apesar disso, no acumulado do ano, os resultados dos fundos de investimento dedicados às criptomoedas e Web3 da a16z têm registrado prejuízo de 40%, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil em 27 de outubro.

Mesmo assim, a a16z continua sendo um dos maiores fundos de investimentos da indústria em quantidade de ativos sob gestão, tendo arrecadado até hoje um total de US$ 7,6 bilhões para financiamento de startups de criptomoedas e Web3. O interesse da a16z na América Latina abre novas oportunidades para os empreendedores do setor baseados na região.

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