O preço do Bitcoin (BTC) voltou a flertar com os US$ 100 mil na quarta-feira, 15 de janeiro, após um início de semana que trouxe notícias positivas nos campos político e macroeconômico.

Embora tenha falhado em duas tentativas recentes de transformar novamente os US$ 100 mil em suporte para buscar novas máximas históricas, a iminência da posse de Donald Trump na presidência dos EUA e a troca no comando da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) são potenciais catalisadores de alta no mercado de criptomoedas.

Além disso, a inflação em linha com as expectativas do mercado e o cessar-fogo entre Israel e o Hamas também podem impulsionar a retomada da tendência de alta do Bitcoin.

3 métricas sinalizam reversão iminente da tendência de baixa

Duas métricas on-chain e uma do mercado de derivativos sugerem que os touros estão prestes a retomar o controle sobre o preço do Bitcoin, revertendo as perdas registradas na primeira metade de janeiro, afirma um boletim publicado pela empresa de análise de dados e sentimento do mercado de criptomoedas Santiment.

Carteiras que possuem 10 BTCs ou mais voltaram a entrar em modo de acumulação na semana passada após um período de estagnação na segunda metade de dezembro e o início de janeiro.

“Os preços geralmente seguem essa linha verde brilhante no longo prazo, o que indica que a recente recuperação do mercado de criptomoedas é genuína", afirma o boletim.

Gráfico de carteiras que possuem +10 BTC (verde) e de US$ 100 mil a 10 milhões USDC (azul) e USDT (vermelha). Fonte: Santiment

Um ponto de alerta destacado pela Santiment no mesmo gráfico acima é a queda na participação de stablecoins destas mesmas entidades: 

“No entanto, estejam cientes do declínio de Tether (linha vermelha) e de USD Coin (linha azul) dessas grandes entidades. Gostaríamos de ver essas métricas em alta novamente.”

Enquanto isso, os pequenos investidores do varejo parecem ter capitulado diante da correção de 17% do preço do Bitcoin desde as máximas históricas de US$ 108.135, registradas em 17 de dezembro.

O boletim afirma que o número de “carteiras não vazias” vem diminuindo nas últimas seis semanas. Isso sugere que muitos pequenos investidores do varejo estão realizando prejuízos ou pequenos lucros em uma tentativa de antecipar os movimentos do mercado:

“Ao longo da história do Bitcoin, temos visto com frequência que as maiores altas começam quando esse número está em declínio, especialmente quando as baleias estão pegando as moedas que estão sendo descartadas pelos varejistas assombrados pelo FUD [medo, incerteza e dúvida].”

Por fim, a taxa de financiamento de futuros perpétuos do par BTC/USDT na Binance revela uma tendência de aumento de vendas à descoberto similar àquela observada em setembro e outubro do ano passado.

“Esse é um ingrediente necessário para que os mercados subam, porque, historicamente, os preços se movem na direção oposta às expectativas do público", conclui o boletim.

Posse de Trump deve desencadear mais volatilidade no curto prazo

Apesar dos catalisadores políticos e macroeconômicos e das métricas on-chain saudáveis, a posse de Trump pode desencadear um novo surto de volatilidade no mercado de criptomoedas, segundo Velte Lunde, analista-chefe da K33 Research.

O crescimento de 51% do volume de negociação registrado desde a semana passada, sem dúvida, é um fator positivo. A média atualmente é de US$ 4,3 bilhões por dia.

Por outro lado, no dia 13 de janeiro o mercado também testemunhou o dia mais volátil desde o início de dezembro, quando a diferença entre os retornos diários e a variação de preço intradiária foi a “mais alta já registrada na história do BTC”, segundo Lunde.

Também chamou a atenção de Lunde a sequência de 14 velas verdes consecutivas registradas no gráfico de 1 hora do BTC entre 9 e 10 de janeiro.

Anteriormente, a K33 Research havia afirmado que a posse de Trump poderia ser um evento de "venda de notícias.” No entanto, após a correção de 7% nos últimos 30 dias, o retorno aos US$ 100 mil e a surpresa positiva dos dados de inflação, um novo rali movido pela euforia com o novo presidente não pode ser descartado, segundo Lunde:

“A sensibilidade geral do mercado às taxas de juros em dezembro eleva a importância da impressão do CPI na quarta-feira. Um ‘Trump Pump’ ainda pode se confirmar nos dias que antecedem a posse. Nos níveis atuais, cancelamos nosso plano de vender a posse. No entanto, uma redução tática do risco pode voltar a ser atraente se os preços subirem significativamente até a posse.”

O cenário atual está “orientado pela imprevisibilidade”, conclui o analista da K33.

Com uma abordagem oposta, alguns especialistas em análise técnica apostam que o Bitcoin não conseguirá superar a resistência formada na região de US$ 102 mil, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.

“É provável uma rejeição nesses níveis”, afirmou o trader pseudônimo Stockmoney Lizards. “Espero que o BTC continue sendo negociado na faixa de 90 mil a 100 mil nas próximas semanas.”