O ano de 2021 está perto do fim e embora o preço do Bitcoin (BTC) esteja um pouco longe de atingir o valor de US$ 100 mil, previsto por inúmeros analistas para o final de dezembro, o ano pode ser considerado um dos mais importantes e fundamentais para os investidores do mercado de criptomoedas.

A consolidação e o início do processo de regulação de diversos produtos financeiros para o mercado de varejo e institucional, a exemplo dos ETFs de Bitcoin e Ethereum (ETH), aprovados no Canadá e Brasil, além do ETF de futuros aprovados nos EUA, abriram margem para que o setor de criptoativos se expandisse de forma nunca antes vista.

É o que aponta estudo realizado pela Mercurius Crypto, casa de pesquisa em criptoativos, que destaca, ainda, o crescimento significativo do segmento de plataformas de contratos inteligentes, que retirou grande participação de mercado do Bitcoin.

Dessa forma, segundo o estudo, é importante apontar a consolidação da Ethereum, além do desenvolvimento de ecossistemas como os da Solana (SOL), Polkadot (DOT) e Avalanche (AVAX).

Para Orlando Telles, sócio fundador e diretor de research da casa, a ascensão do mercado de NFTs (tokens não fungíveis) e dos games em blockchain introduziram um dos conceitos mais revolucionários do mercado de criptomoedas: o play to earn, no qual o usuário ganha dinheiro por jogar, destacando o crescimento de metaversos, como o game Axie Infinity e o The Sandbox.

"Após este período de grande desenvolvimento do mercado de criptomoedas é natural pensar o que podemos esperar para o próximo ano. Acredito que há tendências com potencial para incomodar o mercado, bem como outras que podem fazer com que o setor de cripto cresça ainda mais", pontua o especialista responsável pela condução do estudo.

Regulamentação

Segundo o analista, entre os aspectos que devem ficar no radar da comunidade cripto está a grande pressão regulatória para o mercado, em especial para o segmento de finanças descentralizadas (DeFi).

Telles destaca que autoridades regulatórias norte-americanas e europeias já mostram sinais claros de ressalva quanto ao mercado de Stablecoins, expondo indícios de uma agenda regulatória mais focada em criptoativos para o próximo ano.

Na mesma linha de Telles, Huong Hauduc, Conselheira Geral da BEQUANT, aponta que o ano será de intensas propostas de regulamentação para o mercado de criptomoedas, com China, EUA e Europa ditando as principais normas.

“Enquanto olhamos para 2022, as ações da China serão um indicador chave para regulamentação futura em todo o mundo. Os EUA parecem estar se movendo em nível federal, com prefeitos aceitando salários em Bitcoin e mineradores tirando proveito de energia mais barata, mas resta saber se eles tomarão as ações ousadas de seus aliados na América do Sul. Já na UE parece apenas uma questão de tempo até que ela tenha que criar uma ampla regulamentação de ativos digitais para não perder uma parte importante da economia digital moderna", disse.

Portanto, segundo ela, não há certeza de que alguma nação do G8 irá criar regras para o mercado de criptomoedas, porém, isso não é mais uma questão de Se, mas de quando.

"No entanto, uma coisa é certa; as vozes clamando por regulamentação de criptomoedas, seja por uma proteção mais rígida ao consumidor ou apenas pela clareza das regras para as instituições, estão ficando muito mais altas", finalizou.

Não será o ano do Bitcoin

Sobre qual criptomoeda tem mais potencial de alta em 2022, Tellles destaca que um dos aspectos que o ano de 2021 ajudou a consolidar foi que criptoativos não são apenas Bitcoin, e que na verdade trata-se de uma rede complexa com inúmeras aplicações, desde games até infraestrutura do setor financeiro.

"Acredito que o próximo ano evidenciará novos segmentos do mercado de criptomoedas, como a Web 3.0, o armazenamento de dados criando um mercado ainda mais independente com muitos casos de uso, e os investimentos em infraestrutura que estão sendo realizados para o segmento DeFi e de games em blockchain. Todas essas movimentações serão essenciais para um ciclo ainda maior nos próximos anos, o que pode tornar esses setores mainstream", completa o especialista.

Quem concorda com Telles é Loukas Lagoudis, Diretor Executivo da ARK36, destancando que embora possa haver sinais de fraqueza na estrutura do mercado de curto prazo a tendência geral de alta para o mercado de criptomoedas continuará em 2022, sendo puxada principalmente pela altcoins.

"Projetamos que a adoção sustentada de ativos digitais por investidores institucionais e sua maior integração aos sistemas financeiros legados serão os principais motores do crescimento do espaço criptográfico no próximo ano. Nesse sentido, também esperamos que a Ethereum continue ganhando terreno contra o Bitcoin, pelo menos no médio prazo, já que sua importância para os investidores institucionais continuará a crescer", aponta.

Metaverso e contratos inteligentes

Telles aponta ainda que 2022 que em termos de atualizações dos protocolos deve-se observar uma grande movimentação, especialmente no mercado de plataformas de contratos inteligentes, como a Ethereum.

Uma das mudanças mais esperadas deve ocorrer logo no primeiro semestre de 2022 com a implementação do Proof of Stake, em um evento conhecido como The Merge. Esta alteração terá um impacto significativo na política monetária do ativo e deve afetar, de forma positiva, o seu valor.

Além disso, pode-se destacar um mercado voltado para o processo de escalabilidade de blockchain, devido ao grande crescimento das plataformas de contratos inteligentes. Com isso, ativos como a Polygon (MATIC), solução de segunda camada da rede da ETH, devem apresentar uma evolução considerável.

"No setor de contratos inteligentes é previsto a consolidação de algumas narrativas de soluções de primeira camada (Layer 1), com a expansão de diversos ecossistemas, como o da Solana, que possui muitos ativos no setor de games em blockchain e que deve lançar suas soluções nos primeiros trimestres de 2022, e a Polkadot, que deve ver o amadurecimento das primeiras parachains operantes em sua rede", disse.

Além disso a Aave deve iniciar o Aave Arc, um produto com KYC/AML desenhado para atender o público institucional, e a Uniswap, que busca estabelecer parcerias com players centralizados de grande porte, como o Paypal.

"Movimentações como essas podem proporcionar um grande crescimento para o mercado DeFi no segundo semestre do próximo ano", finaliza.

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