A primeira revolução do metaverso foi permitir que jogadores de videogame conseguissem obter uma renda satisfatória e minimamente estável para poderem se dedicar exclusivamente a um trabalho em ambientes virtuais.

Em países periféricos cuja crise econômica foi acentuada ainda mais pela pandemia do coronavírus, ganhar dinheiro jogando Axie Infinity (AXS) tornou-se mais rentável - e divertido - do que dedicar-se a trabalhos ordinários ao longo de 2021.

Se cada vez mais dedicamos horas e horas a interações em ambientes digitais, em algum momento inevitavelmente a natureza do trabalho viria a assumir novas formas. O metaverso é um experimento em fase inicial, mas os seus arquitetos já o estão construindo nesse exato instante.

Abaixo, apresentamos algumas possibilidades de participar desse movimento de forma ativa que podem vir a surgir nos próximos 10 anos, de acordo com uma reportagem do site .cult.

No entanto, antes de apresentar algumas das potenciais profissões do metaverso, é preciso esclarecer alguns conceitos fundamentais que vão se tornar cada vez mais comuns com a emergência de ambientes virtuais.

Realidade Virtual (VR): Ambiente totalmente artificial e imersivo.

Realidade Aumentada (AR): objetos virtuais interagindo diretamente com e sobre o mundo real.

Realidade Mista (RM): Ambientes híbridos em que a realidade virtual se mistura e se confunde com o mundo real.

Realidade estendida (XR)/Metaverso: uma combinação de todos os conceitos anteriores.

1. Pesquisador do Metaverso

Pesquisadores de AR e VR já são comuns em universidades do exterior e grandes empresas, mas especialistas no metaverso precisarão incorporar algumas habilidades adicionais às desses profissionais.

Os pesquisadores do metaverso precisarão conceituar e dar forma a dispositivos e ambientes que possam ser acionados digitalmente, como no filme Jogador Número 1, de Steven Spielberg.

Estas estruturas sevirão de base para a implementação de todas as soluções destinadas a diferentes casos de uso, como jogos, publicidade, consultas médicas, intervenções cirurgicas, serviços DeFi (finanças descentralizadas) e outras funcionalidades que sequer foram criadas.

Os candidatos terão que ser capazes de construir e, em seguida, escalar protótipos combinando tecnologias tão diversas quanto fotografia 3D, renderização neural, reconstrução de cenários, odometria visual inercial, estimativa de estado, sensores, mapeamento e geolocalização.

2. Gerente de Projetos do Metaverso

Estes profissionais serão responsáveis por transformar ideias e projetos em realizações concretas. Conforme os CEOs definem uma estratégia para a criação de produtos e soluções, caberá a este profissional identificar oportunidades de mercado, projetar modelos de negócios, supervisionar campanhas de marketing e de lançamento. Enfim, acompanhar todas as fases de evolução projeto, criando métricas específicas para os fins a serem alcançados.

3. Desenvolvedor de Ecossistemas

A este profissional caberá cuidar de toda a infraestrutura necessária para fazer com que o metaverso opere de forma funcional e legalizada, atuando tanto junto a entidades governamentais quanto a empresas e prestadores de serviço dedicados ao setor. Colocado de forma simples, caberá a ele cuidar dos processos de digitalização da realidade.

Uma de suas principais atribuições será garantir a interoperabilidade entre diferentes plataformas, permitindo que os usuários possam usufruir de seus ativos digitais em diferentes ambientes.

4. Gerente de Segurança do Metaverso

A privacidade de dados dos usuários é uma das questões fundamentais a qual a tecnologia blockchain se propõe a resolver, mas por enquanto metaversos baseados em redes descentralizadas são apenas uma entre as possibilidades de desenvolvimento de ambientes virtuais.

Novas formas de ataque e exploração de informações dos usuários devem surgir com o aumento da adoção de plataformas do metaverso. Este profissional deverá ser capaz de antecipá-las e combatê-las, criando dispositivos que garantam a segurança dos usuários sem prejuízo à usabilidade das plataformas.

5. Desenvolvedores de Hardware para o Metaverso

Não bastam ideias e código de programação para construir ambientes virtuais. Os desafios tecnológicos para o pleno funcionamento do metaverso vai depender também do desenvolvimento de equipamentos computacionais específicos para potencializar experiências híbridas entre o real e o digital. Hoje, podemos pensar em dispositivos como os óculos e luvas necessárias para experiências VR e AR.

Sensores que reproduzem sensações físicas e captam estímulos da realidade circundante. Câmeras capazes de identificar o humor dos usuários. Fones de ouvido direcionais que reproduzem sons em função de determinados movimentos, sem falar em instrumentos operacionais de geolocalização e rastreamento de avatares. Estes são alguns dos equipamentos necessários para tornar experiências no metaverso realmente atrativas para uma grande quantidade de pessoas.

Toda uma nova gama de acessórios será necessária para criar ambientes verdadeiramente imersivos. Não é necessário apenas criá-los, mas também torná-los acessíveis para que o metaverso não seja reduzido a um parque de diversões virtuais para uma pequena elite de usuários.

6. Roteiristas do Metaverso

Uma nova linguagem exige a invenção de novas formas narrativas para atrair usuários e ser adotada em larga escala. Hoje, o conceito de gamificação da experiência é uma das principais tendências do metaverso.

Este profissional será responsável por projetar experiências imersivas envolventes, imaginando cenários e situações que podem ir desde uma simulação de voo pelo espaço sideral até um campo de batalha medieval. Novas estratégias de marketing precisarão ser criadas para que os usuários desejem se engajar com determinadas marcas e produtos de forma orgânica.

Ou seja, o principal desafio desta nova classe de roteiristas é inventar narrativas em que os personagens tenham livre arbítrio e se sintam donos de seus destinos e histórias. Seria praticamente como dar vida a sonhos combinando o real e o virtual para que as pessoas se transportem para mundos alternativos.

7. Arquitetos de Mundos Imaginários

Esta profissão é praticamente complementar à anterior. Enquanto os roteiristas criam as narrativas, os arquitetos dão vida aos cenários onde elas se passam. Essa função exige habilidades similares às dos designers de games, embora os novos profissionais não devam ficar restritos a um universo fechado.

Estes arquitetos do imaginário deverão ter capacidade de imaginar mundos fantásticos e antecipar visões do futuro, pois muito do que eles terão que construir ainda não existe. 

Os imperativos éticos destes profissionais serão um elemento importante de suas ferramentas criativas, pois todo universo tem regras definidas para determinar o certo e o errado. E em última instância, caberá a eles determiná-las de antemão.

8. Experts em bloqueio de conteúdo publicitário

O modelo de negócios atual da internet é baseado na venda de anúncios direcionados a usuários. Enquanto a indústria de criptomoedas não conseguir impor a sua narrativa baseada na proteção da privacidade e na distribuição de valor às entidades da rede, este permanecerá sendo o modelo de negócios dominante. Não há porque se iludir com a mudança de nome do Facebook.

Na verdade, o modelo atual pode se tornar muito mais efetivo no metaverso na medida em que as máquinas serão capazes de captar estímulos sensoriais e direcionar anúncios que respondam aos desejos imediatos dos usuários.

Pode até parecer útil e interessante em um primeiro momento, mas corre-se o risco de que em determinado momento as pessoas deixem de conseguir identificar se seus desejos são genuínos ou manipulados. Algo que em alguma medida já acontece enquanto navegamos as redes sociais, mas que em ambientes virtuais pode ter efeitos muito mais poderosos sobre a psicologia de cada indivíduo.

Os especialistas em bloqueio de anúncios cumprirão uma missão social fundamental, tal com os "white-hat hackers", que agem de forma preventiva para antecipar e minimizar os ataques de agentes maliciosos e mal intencionados. Eles terão que ser especialistas nas linguagens de programação utilizadas pelos desenvolvedores do metaverso, de forma a conseguir invalidar certos comandos.

9. Cyber-seguranças do Metaverso

O metaverso vai potencializar novas modalidades de fraudes e ataques cibernéticos e fraudes: avatares hackeados, roubo de NFTs e vazamentos de dados. Só que agora poderão ser roubados dados biométricos e até fisiológicos das pessoas, como padrões de ondas cerebrais. Vilanias que até pouco tempo eram exclusividade da ficção científica poderão se tornar realidade.

Para combatê-las serão necessários especialistas em segurança cibernética do metaverso. Profissionais que atuarão como policiais do espaço virtual, impedindo ataques em termpo real para garantir que a lei e os protocolos de segurança do metaverso sejam respeitados.

Leis e protocolos estes que ainda estão por ser criados, à medida que novas modalidades de crimes virtuais forem implementadas.

Estagiários

Sim, eles continuarão existindo e serão mais importantes do que nunca, pois os melhores estarão aptos a captar as tendências emergentes e poderão contribuir para incorporá-las na criação de novas soluções e produtos para os usuários.

LEIA MAIS