Gustavo Cunha #25

Bio:

Gustavo Cunha é formado em Administração de Empresas pela EAESP-FGV e em Economia pela PUC-SP, além de mestre em Economia Política pela PUC-SP e pós-graduado pelo Programa de Desenvolvimento de Executivos do IMD-Suíça.

Entre outras posições, foi diretor estatutário responsável pelas áreas de tesouraria, capital markets e trade finance do Banco Rabobank Brasil, CEO da Gorila.com.vc, além de ter atuado como curador e apresentador do programa F5 e CAMBIO da InfoMoneyTV. 

É também consultor financeiro registrado na CVM e sócio da Finlab Planejamento Financeiro, além de professor da B3, IBMEC e Casa do Saber. 

Recentemente, tornou-se investidor de fintechs ligadas a blockchain e ingressou no Doutorado na Universidade do Porto, onde tem focado seus estudos em stablecoins. 

O impacto do Covid-19 no mercado de criptomoedas

Veio para chacoalhar alguns mitos que se tinham em relação a elas e para acelerar outros processos. O primeiro mito se refere ao Bitcoin ser o "ouro digital".

Isso já estava sendo posto em dúvida pela correlação dele com outros ativos, mas o mês de março de 2020 mostrou mais claramente. Isso não quer dizer que ele não seja um ótimo ativo de proteção, mas não se assemelha ao ouro. Os dados mostram isso. 

Por outro lado, os processos de digitalização do dinheiro só se intensificaram.

O aumento das preocupações com liberdade individual também deve acelerar o processo de adoção para esses grupos.

Quanto à tecnologia blockchain, esse novo ambiente criado pelo Covid-19 (maior intervenção estatal nas nossas vidas, maior participação do Estado na economia, grande emissão monetária, aumento das dívidas dos Estados etc.) deve acelerar também iniciativas de DeFi no mercado financeiro. 

O mercado global de criptomoedas daqui a 10 anos

No sentido mais amplo (blockchain e DLT), teremos uma nova arquitetura do mercado financeiro. O movimento recente de DeFi é um catalizador importante nesse processo e quanto mais entendo e conheço mais fico impressionado com como já se consegue fazer produtos do mercado financeiro tradicional via DeFi. Além disso, já começam a aparecer produtos e sistemas que só são possíveis de existirem nesse formato. 

Stablecoins e CBDCs, entre outras aplicações, devem ganhar cada vez mais tração, e o Bitcoin deve também ter um papel importante nisso. Porém, minha visão é de que as plataformas que estão sendo criadas no que podemos chamar de segunda geração de protocolos (após Ethereum) terão um impacto ainda maior, pois possibilitam uma gama de aplicações muito maiores. 

O futuro para as criptomoedas no Brasil?

Tenho uma visão bastante positiva para o Brasil no que se refere a esse movimento.

A criatividade, o amplo conhecimento da tecnologia e dos mecanismos do sistema financeiro que vários empreendedores mostram no Brasil, associada a uma população com ótima receptividade a inovações, nos colocam entre os países mais promissores para a expansão dessa tecnologia. Tenho visto projetos interessantes surgindo.

Pós-2018, uma postura mais favorável à inovação pelo lado dos reguladores também deve ajudar muito nesse processo. 

Seu papel na indústria de criptomoedas e blockchain

Terá um papel fundamental na formulação de uma nova arquitetura financeira local e mundial.

O movimento de stablecoins e CBDCs, em conjunto com as iniciativas de DeFi transformarão o mercado financeiro nos próximos anos.

Discussões sobre privacidade, facilidade de uso, regulamentação, cambio, políticas fiscal e monetária, entre outras serão superimportantes para delinear até onde cada sociedade vai querer avançar nesse processo, e se será uma das pioneiras ou uma das seguidoras deste mesmo processo.