Bio:
Com mais de 20 anos de experiência na área de TI, Gladstone Arantes é doutor em algoritmos distribuídos pela COPPE/UFRJ.
Funcionário da área de TI do BNDES, foi gerente de arquitetura corporativa por dez anos e atualmente atua no BNDES Digital Lab como líder da pesquisa aplicada sobre blockchain.
Membro do GT Blockchain da Febraban, é palestrante e coautor de artigos técnicos e acadêmicos no Brasil e no exterior e também contribui como juiz do MIT Inclusive Innovation Challenge e como mentor no concurso de startups do Brazil Conference at Harvard & MIT.
O impacto do Covid-19 no mercado de criptomoedas
A naturalização dos negócios e das interações digitais, o aumento da necessidade de confiança nessas interações e a predisposição geral para aceitar soluções radicais em geral tendem a criar uma oportunidade de aplicação da tecnologia blockchain em muitos segmentos.
Além disso, a crise econômica profunda que se avizinha pode configurar uma janela de oportunidade importante tanto para o uso de criptomoedas tanto como reserva de valor quanto para transferências e pagamentos de transações virtuais.
O mercado global de criptomoedas daqui a 10 anos
Assim como aconteceu com a Internet (e a maioria das pessoas não lembra), os modelos de negócio em blockchain pública que irão dar certo tendem a ter um ciclo de maturação muito longo.
No caso da Internet, a consciência generalizada de que “a informação é o novo petróleo” demorou mais de uma década para se tornar a base do modelo de negócios de inúmeras empresas de sucesso, tendo havido, inclusive, um estouro de bolha no meio.
Só empresas muito inovadoras apostaram na Internet desde o início, a maioria testou o conceito implantando intranets e só partiram para a internet futuramente.
Acredito que um processo similar deve acontecer no caso das blockchains. Por muito tempo ainda, apenas empresas e investidores muito inovadores se manterão firmes nas blockchains públicas e, portanto, nas criptomoedas propriamente ditas. Haverá muita experimentação em blockchains permissionadas, inclusive integrando o atual sistema bancário.
Em 10 anos, esse ciclo talvez já tenha maturado e o real valor das criptomoedas deva se apresentar. Mas isso ocorrerá com consolidação. Ou seja, das milhares de criptos hoje existentes, poucas devem sobreviver.
O futuro para as criptomoedas no Brasil?
Acredito que a tendência é que o país acompanhe o mercado internacional. Diversos especialistas brasileiros de muito alto nível, ligados à economia, têm repetido que o papel da tecnologia blockchain e das criptomoedas em si será muito relevante no futuro. Desta forma, acredito que o preconceito inicial será superado.
A tendência à construção de uma legislação mais burocrática, que é típica no Brasil, pode ser um ponto negativo, embora possa criar um ambiente de estabilidade institucional que pode ser uma ponte para modelos futuros mais radicalmente descentralizados.
Seu papel na indústria de criptomoedas e blockchain
Como funcionário público, meu papel é trabalhar para construir uma relação de confiança entre a administração pública e os cidadãos brasileiros.
Desde o início do projeto BNDES Token, essa tem sido nossa intenção. Meu objetivo é levar esse conceito para além dos muros do BNDES.