O Banco Central do Zimbábue deve introduzir uma moeda digital lastreada em ouro para servir como moeda de curso legal no país. O movimento é uma iniciativa do governo para estabilizar a moeda local de sua depreciação em relação ao dólar dos Estados Unidos.
De acordo com um relatório do portal local Sunday Mail, a mudança permitirá que pequenas quantias de dólares do Zimbábue sejam trocadas pelo token de ouro digital, permitindo que mais zimbabuanos se protejam contra a volatilidade da moeda. O chefe do banco central, John Mangudya, disse que o plano pretende "não deixar ninguém e nenhum lugar para trás".
A moeda do Zimbábue é negociada em torno de Z$ 1.001 contra US$ 1. Normalmente, porém, o dólar do Zimbábue é negociado a Z$ 1.750 nas ruas de Harare, a capital do país, segundo a Bloomberg. A inflação anual de preços ao consumidor do Zimbábue atingiu, em março, a mínima anual de 87,6%, contra 92% em fevereiro.

De acordo com Mangudya, a taxa de câmbio no mercado paralelo deve se estabilizar depois que os produtores de tabaco receberem seus pagamentos em dólares americanos nas próximas semanas. A autoridade disse que a atual volatilidade da taxa de câmbio foi causada por "expectativas de aumento da oferta de moeda estrangeira" no mercado, devido à temporada de tabaco.
A disfunção monetária no Zimbábue levou à falta de pequenos valores no país, segundo reportagem do Wall Street Journal de março. As empresas começaram a imprimir seu "próprio dinheiro", geralmente em pedaços de papel manuscritos, para que os usuários possam pagar por compras futuras.
O Zimbábue luta contra a volatilidade de sua moeda e a inflação há mais de uma década. Em 2009, o país adotou o dólar americano como moeda, após um episódio de hiperinflação. Em 2019, o dólar do Zimbábue foi reintroduzido em um esforço para reviver a economia do país. No ano passado, o governo decidiu voltar a usar o dólar estadunidense para conter a alta dos preços no país.
A adoção de criptomoedas cresceu em muitos países africanos como resultado dos desafios econômicos. De acordo com a Chainalysis, a região do Oriente Médio e do Norte da África são as regiões que mais crescem em termos de adoção de cripto no mundo, graças às remessas transfronteiriças, com mais de US$ 566 bilhões em transações utilizando ativos digitais entre julho de 2021 e junho de 2022, um aumento de 48% em relação ao ano anterior.
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