Nesta segunda, 25, o preço do Bitcoin caiu 3,5% nas últimas 24 horas, recuando para US$ 109 mil, ampliando a queda acumulada da semana para 5,6%.

De acordo com uma análise da IA do Coinmarketcap, entre os principais motivos para esta queda estão um despejo bilionário de baleias, a incerteza em relação à política do Federal Reserve e a perda de suportes técnicos importantes.

Ao longo do fim de semana, um investidor de grande porte movimentou 24 mil BTC, equivalente a US$ 2,7 bilhões, provocando um verdadeiro “flash crash” nos mercados.

Essa operação desencadeou mais de US$ 500 milhões em liquidações de posições alavancadas, intensificando o movimento de queda. Em poucas horas, o ativo despencou abaixo de US$ 110 mil, marcando o nível mais baixo desde o início de julho.

Além do impacto direto das baleias, a liquidez foi pressionada pela forte reação nos derivativos. O volume de negociação do Bitcoin disparou 18,8%, atingindo US$ 84,8 bilhões em apenas um dia.

O salto mostra que parte significativa dos investidores reagiu em pânico, alimentando ainda mais a volatilidade.

Por que o preço do Bitcoin caiu?

Outro fator que ajudou a acentuar a pressão de venda foi o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, durante o simpósio de Jackson Hole, em 24 de agosto.

Inicialmente, as declarações de Powell provocaram um rali de 7% nas criptomoedas, já que ele indicou preocupação com a desaceleração do mercado de trabalho. Esse tom mais suave foi interpretado como um possível sinal de cortes de juros em setembro.

Entretanto, o mercado leu esse movimento como um reflexo de fragilidade econômica, o que gerou aversão ao risco nos dias seguintes. O resultado foi uma reversão de 4,5% já no fim de semana.

Atualmente, o CME FedWatch Tool aponta 87,3% de probabilidade de corte na taxa. Historicamente, esse tipo de ambiente costuma trazer alta volatilidade para o Bitcoin e para outros ativos digitais.

Com isso, a atenção dos investidores se volta para a reunião do FOMC, marcada para 12 e 13 de setembro, que deve definir os próximos passos da política monetária. Até lá, as incertezas seguem influenciando as decisões de compra e venda no setor.

Quebra de suportes técnicos reforça cenário de baixa

O Bitcoin também enfrentou uma ruptura de barreiras técnicas importantes. O preço caiu abaixo da média móvel simples de 30 dias, que estava em US$ 116.519, e também perdeu o ponto pivô de US$ 113.378. Indicadores como MACD e RSI apontam para uma tendência de fraqueza. O RSI, por exemplo, recuou para 40,72, confirmando a perda de força compradora.

Esses rompimentos técnicos costumam servir como gatilho para algoritmos de negociação e fundos quantitativos, que intensificam as ordens de venda quando os preços caem abaixo de níveis críticos.

O próximo suporte relevante aparece em US$ 111.060, que já foi testado em 25 de agosto. Caso o Bitcoin não consiga sustentar esse nível, os analistas avaliam que a cotação pode buscar a região de US$ 107 mil.

A leitura do gráfico mostra que, para uma recuperação de curto prazo, seria necessário fechar acima de US$ 113.378. Esse movimento poderia sinalizar um alívio temporário, embora não reverta a pressão de baixa estrutural.

Agora é hora de vender? O que dizem os analistas

Para o analista do Cointelegraph, Rakesh Upadhyay, qualquer tentativa de recuperação deverá enfrentar forte resistência na média móvel exponencial de 20 dias, localizada em US$ 115.639.

Caso o preço recue dessa região, o risco de uma quebra abaixo de US$ 110.530 aumenta. Nesse cenário, o Bitcoin poderia recuar para US$ 105 mil e, em uma pressão maior, até o nível psicológico de US$ 100 mil.

Por outro lado, Upadhyay destaca que, se o Bitcoin conseguir ultrapassar US$ 117.500, o mercado pode entrar em uma faixa de oscilação entre US$ 110.530 e US$ 124.474, sem tendência clara definida no curto prazo. Essa lateralização seria um respiro temporário em meio à turbulência.

Preço do Bitcoin, Análise de Preços

Já Slobodan Drvenica, da Windsor Brokers, observa que o Bitcoin permanece em território negativo pelo terceiro dia consecutivo, pressionando suportes-chave em US$ 111.370 e US$ 110.722. Para ele, o ativo já sinaliza a continuação da tendência de baixa após devolver os ganhos do rali impulsionado pelo discurso de Powell.

Segundo Drvenica, os indicadores técnicos reforçam o viés pessimista, já que as linhas de Tenkan-sen e Kijun-sen divergem após o cruzamento de baixa. Isso abre espaço para novas perdas, especialmente se houver uma quebra firme abaixo de US$ 110 mil. Nessa hipótese, os próximos alvos seriam US$ 108.258 e a zona de US$ 105 mil.

Apesar disso, ele ressalta que ainda existe chance de consolidação caso os preços consigam se manter acima do suporte. Essa estabilidade poderia levar a pequenas altas, mas limitadas pela resistência em US$ 114.500.

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