À medida que investir em criptomoedas se torna cada vez mais popular, os investidores de longo prazo estão cada vez mais preocupados com a incômoda pergunta: o que vai acontecer com o seu Bitcoin (BTC) quando você morrer?
De acordo com um estudo de 2020 do Cremation Institute, quase 90% dos proprietários de criptomoedas estão preocupados com o que acontecerá com suas criptomoedas após sua morte. Além disso, apesar do alto nível de preocupação, os detentores de criptomoedas têm quatro vezes menos probabilidade de usar testamentos para heranças do que os que investem em outros ativos.
Conforme explicado em seu white paper, o Bitcoin é uma versão puramente peer-to-peer de dinheiro eletrônico, permitindo que os pagamentos online sejam enviados diretamente de uma parte a outra, sem passar por uma instituição financeira.
Como uma rede distribuída, o Bitcoin não tem autoridade central para controlar os fundos do usuário, portanto, ninguém além dos próprios proprietários pode controlar seus ativos.
Conseqüentemente, milhões de dólares em criptomoedas estão sendo perdidos a cada ano com a morte de seus proprietários. A empresa de seguros de criptomoedas Coincover estima que cerca de 4 milhões de Bitcoins, ou US$ 68 bilhões no momento da publicação deste artigo, estão fora de circulação depois que seu acesso foi perdido, com uma grande parte provavelmente causada por mortes.
Mas isso não significa que criptomoedas como o Bitcoin não possam ser legadas e que, inevitavelmente, serão enterradas para sempre com o falecido proprietário.
Na verdade, existem várias maneiras de os investidores legarem suas criptomoedas para a próxima geração, mas cada método requer certa tomada de decisão e planejamento, bem como certo conhecimento geral sobre como as criptomoedas funcionas.
Compartilhar chaves com familiares confiáveis
Compartilhar chaves com parentes de confiança é provavelmente um dos métodos mais simples de transmitir suas criptomoedas. Algumas das pessoas mais proeminentes na indústria de criptomoedas afirmam publicamente usar esse método para garantir que sua fortuna em criptomoedas seja passada adiante.
Hal Finney, um dos primeiros apoiadores do Bitcoin e destinatário da primeira transação Bitcoin do criador do BTC Satoshi Nakamoto, legou suas propriedades em criptomoedas para seus filhos simplesmente fornecendo suas chaves. Cerca de um ano antes de sua morte em 2014, Finney escreveu:
“Essas discussões sobre herdar bitcoins são de mais do que interesse acadêmico. Meus bitcoins estão armazenados em nosso cofre, e meu filho e minha filha são experientes em tecnologia. Eu acho que eles estão seguros o suficiente. Estou confortável com meu legado. ”
Essa prática de herança de criptomoedas é direta, mas pode não ser adequada para todos na comunidade de criptomoedas. Essa forma de legar Bitcoin também pode ser considerada arriscada, pois as chaves compartilhadas vêm com a responsabilidade de manter esses ativos protegidos. Se você escolher este método, certifique-se de que seus herdeiros estejam cientes do plano e de algumas práticas recomendadas para a segurança de criptomoedas.
Algumas exchanges podem desbloquear o acesso a criptomoedas com uma certidão de óbito
Apesar da própria rede Bitcoin não se importar com coisas como herança, alguns serviços de criptomoedas permitem que os membros da família de um cliente falecido acessem seus criptoativos. A grande exchange criptomoeda e serviço de carteira Coinbase dos Estados Unidos, por exemplo, permite que os herdeiros tenham acesso aos bens de um membro da família depois de fornecer vários documentos, incluindo uma certidão de óbito e um último testamento.
Os usuários da Coinbase também podem nomear um beneficiário em sua conta Coinbase. No entanto, o procedimento não é suportado diretamente pela Coinbase, mas sim pelos serviços de um advogado de planejamento testamentário.
Um porta-voz da Binance - a maior exchange de criptomoedas mundo - disse ao Cointelegraph que a empresa tem políticas semelhantes para fornecer acesso a beneficiários de criptomoedas, mas não deu detalhes sobre o processo. “O beneficiário deve entrar em contato diretamente com o suporte ao cliente, onde um de nossos agentes pode orientá-lo durante o processo”, disse o representante.
Serviços de herança de criptomoedas: valem a pena?
Existem também alguns projetos que se dedicam a garantir a herança de ativos digitais. Por exemplo, empresas como Safe Haven, Casa e TrustVerse estão trabalhando em suas próprias soluções que permitem que as pessoas legem seus criptoativos usando tecnologia de blockchain e criptografia.
Lançada oficialmente em setembro, a plataforma de herança digital da Safe Haven Inheriti permite que os usuários leguem acesso não apenas a criptomoedas como o Bitcoin, mas também a perfis de mídias sociais como Facebook e Google+. O CEO da Safe Haven, Dujardin Logino, disse que nem a Safe Haven nem a Inheriti jamais armazenarão nenhum ativo digital, mas fornecerão um serviço para armazenar informações criptografadas para os ativos em questão. “É 100% sua decisão quem obtém uma Chave Segura já que nem a Safe Haven nem a plataforma Inheriti têm ideia do que você está criptografando”, disse Logino.
Logino disse ao Cointelegraph que a Inheriti tem ganhado mais força em meio à pandemia da COVID-19:
“Nas últimas semanas, vimos nossa plataforma crescer para mais de 1.000 usuários únicos no espaço. Com a situação da COVID-19, estamos enfrentando uma enorme demanda de pessoas do mundo cripto e de fora dele para nossa solução. ”
Embora os serviços especializados possam oferecer uma solução sob medida para o problema da herança de criptomoedas, eles geralmente estão nos estágios iniciais de desenvolvimento e também cobram uma taxa. De acordo com Logino, cada compartilhamento de backup da Safe Haven custa cerca de US$ 20 a US$ 40 no token nativo da empresa, o SHA. Uma solução de edição padrão também cobra uma assinatura mensal de US$ 5.
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