O mercado de criptomoedas enfrentou uma semana conturbada e com alta volatilidade nos mercados mundiais, marcada pela insolvência da FTX, que ficou na iminência de ser comprada pela Binance, dados do CPI nos EUA que vieram abaixo do esperado.

Com isso, o Bitcoin (BTC) se movimentou dos US$ 21 mil até os US$ 15,6 mil, chegando a perder o suporte estabelecido nos US$ 17,5 mil, recuperando depois parte da queda ao retornar à zona dos US$ 17 mil, para, no sábado, 12, cair novamente para US$ 16 mil.

Segundo uma análise da Transfero compartilhada com o Cointelegraph, pelo horizonte de médio prazo, a tendência de baixa continua vigente e se o preço confirmar o rompimento da zona dos US$ 17 mil, ele tende a buscar US$ 13 mil como primeiro alvo e, por último, US$ 8 mil.

De acordo com a empresa, neste cenário, a queda representaria uma variação de aproximadamente 50% do preço atual e 88% do maior marco histórico da criptomoeda

"Como o ativo mantém sua propriedade e propósito, os investidores enxergam como uma grande oportunidade para acumular a cripto. Como já dizia Warren Buffet: ‘compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos’", disse.

10 especialistas comentam o colapso na FTX

Conforme destacou a Transfero o grande responsável pela queda do Bitcoin na semana foi o colapso na FTX, que era um dos maiores conglomerado do mercado de criptomoedas. O ecossistema da FTX era composto por 130 empresas e administrava mais de US$ 50 bilhões em ativos.

No entanto, uma reportagem do Coindesk revelou que estes bilhões eram, em sua maioria, garantidos em FTT, token desenvolvido, emitido e controlado pela FTX. A reportagem gerou especulações sobre a liquidez da exchange e trouxe uma avalanche de saques na empresa, até que seu dono, Sam Bankman-Fried, confirmou haver um rombo de US$ 8 bilhões.

Resultado: Todos se afastaram da FTX que decretou falência, deixando mais de 3 milhões de clientes sem saber como recuperar seu dinheiro. Entre os clientes há não só investidores de varejo, mas bancos, fundos de investimento, personalidades globais, empresas, entre outros.

Guilherme Rebane da OSL, destaca que o crash influencia todo o ecossistema que envolve a Alameda, FTX e Solana e isso é muito ruim para o ecossistema cripto, que agora está observando os próximos acontecimentos e desdobramentos deste crash e passa por uma grande crise de confiança.

"Há uns 2 ou 3 meses, a percepção de risco da FTX era nula, ninguém se preocupava com a questão da FTX, e de repente vimos aquela empresa aparecer toda hora na imprensa, com um CEO patrocinador de vários projetos e uma pessoa muito influente no ecossistema, tudo aquilo que parecia ser extremamente resiliente, mostrou-se o contrário, era tudo muito frágil", disse.

Diante disso, ele destaca que ficou claro que se faz necessária uma regulação, o mundo de ativos digitais precisa ser regulado e que isso deve ser feito mediante um alinhamento global. 

Rebane afirma que uma regulamentação não consegue evitar 100% a entrada de atores mal-intencionados, mas apresenta as ferramentas para encontrá-los, isolá-los e, mesmo que nem sempre consiga detê-los, como visto na crise financeira de 2008, pode puni-los e eliminar ou quando não for possível, atenuar o impacto de seus atos.

"É nítido que as plataformas que não se submetem a uma regulação, parecem estar mais sujeitas a práticas que fogem do aceitável. O respaldo regulatório não só fortalece a indústria como aumenta o apetite de players institucionais. No Brasil já existe um Projeto de Lei para regulamentar o setor, mas que está travado no Congresso. No texto, um dos pontos de discussão é exatamente o que envolve a obrigatoriedade de segregação patrimonial, que serviria para ajudar os clientes em casos como esse da FTX, com a empresa deixando claro o que é patrimônio dela e o que é dos investidores", finaliza.

Colapso será positivo no longo prazo

A Titanium Asset declarou que seus fundos de investimento não tinham nenhum posição no token FTT e que o colapso na FTX será positivo para o amadurecimento da indústria, que cresce cada vez mais. Inclusive, segundo a empresa, o avanço regulatório ao redor do mundo certamente reduzirá as chances de novos eventos como esses ocorram.

Estevão Rizzo, Heaf de Estratégia da NFTFY afirma que quando os usuários optam por negociar em uma corretora centralizada, cabe a eles fazerem a Due Diligence sabendo que existe um risco e que as empresas, talvez a maioria, estejam muito mais alavancadas do que deveriam.

"A FTX é uma das empresas que acreditávamos que não tinha esse risco, mas também partilha dos riscos do meio corporativo cripto. Esses são os perigos inerentes de investir em um mercado ainda sem regulamentação. Isso envolve perdas relacionadas, sobretudo, ao não aproveitamento do mercado cripto como um todo, justamente por deixar a custódia nas mãos de corretoras e por não estar alinhado com a proposta principal do mercado que é a descentralização", afirmou.

Já Anto Paroian, CEO e Diretor Executivo da ARK36, destacou que a FTX agora se junta ao infame clube de entidades centralizadas que faliram neste ciclo de bear market porque tomaram enormes liberdades não apenas com os fundos de seus clientes, mas também com ética, integridade e os próprios ideais da criptomoeda.

"A ideia central da criptomoeda é eliminar a necessidade de confiança por meio da descentralização e da transparência inerente ao blockchain. É difícil imaginar um caso melhor para essa ideia do que o atual mercado em baixa, que expôs os perigos de depositar muita confiança em entidades grandes e centralizadas. No futuro, os usuários devem considerar todas as exchanges potencialmente insolventes, a menos que se prove o contrário por meio de prova de reservas", afirmou.

Segundo Paroian, os investidores também devem se preparar para o contágio da falência da FTX. A FTX tinha laços fortes e diversificados com a indústria, atuando como credora de última instância e investidora de capital de risco.

Já Tasso Lago, fundador da Financial Move, afirmou que provavelmente o mercado já está precificando a quebra da FTX, mas é impossível saber a extensão de todo o problema.

"Não temos como saber até onde vai esse colateral, pois a FTX tinha outras empresas e outros fundos que tinham dinheiro nela, então é um efeito em cascata da segunda maior corretora do mercado de cripto que valia algumas dezenas de bilhões de dólares e quebrou", disse.

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Aviso: Esta não é uma recomendação de investimento e as opiniões e informações contidas neste texto não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil. Cada investimento deve ser acompanhado de uma pesquisa e o investidor deve se informar antes de tomar uma decisão.