Durante um evento, nesta quarta, 07, realizado na sede da Visa em SP, Romina Seltzer, vice-presidente sênior de Produtos e Inovação da Visa para a LAC, revelou que a empresa já habilitou mais de US$ 95 bilhões em compras de criptomoedas usando credenciais Visa em estabelecimentos comerciais ao redor do mundo.

Além disso, a executiva anunciou 3 novos produtos da empresa envolvendo stablecoins, sendo um deles, credenciais digitais lastreadas em moedas estaveis, com o USDC. Uma inovação que promete ampliar a estabilidade financeira para transações digitais. Segundo Romina Seltzer, a ideia é garantir que os consumidores possam utilizar suas moedas digitais com a mesma facilidade e segurança das moedas fiduciárias.

Essas credenciais permitirão que os usuários comprem stablecoins vinculadas a ativos tradicionais, como o dólar e o euro, diretamente por meio de suas carteiras digitais integradas ao sistema Visa. Isso significa que transações que antes eram consideradas voláteis agora poderão ser realizadas com mais confiança e previsibilidade.

A Visa também está trabalhando com parceiros para garantir a adoção segura dessas novas credenciais. De acordo com Seltzer, a estratégia da empresa inclui suporte a plataformas de compra e venda de stablecoins, garantindo um fluxo de transações estável e seguro. Além disso, os bancos parceiros poderão emitir e queimar moedas digitais, conforme necessário, mantendo um equilíbrio entre liquidez e demanda.

A plataforma Trito.com, mencionada por Seltzer, já permite que consumidores brasileiros comprem moedas digitais com credenciais Visa, aproveitando o saldo em stablecoins para adquirir produtos e serviços em mais de 150 milhões de estabelecimentos pelo mundo.

US$ 225 milhões de liquidações envolvendo stablecoins

Catalina Tobar, head de Crypto da Visa para a América Latina, explicou como a Visa está realizando liquidações com stablecoins, destacando que já foram liquidados /US$ 225 milhões por meio dessa solução. A iniciativa tem foco principalmente no segmento B2B, proporcionando eficiência e agilidade nas transações financeiras.

Atualmente, a Visa conta com uma solução que permite a compensação utilizando stablecoins. Catalina ressaltou que a companhia está explorando novas formas de movimentação de fundos por meio da blockchain, aproveitando o crescente interesse por moedas digitais. A solução facilita que os fundos permaneçam na rede blockchain durante todo o processo, sem a necessidade de conversões para moeda fiduciária.

A Visa está desenvolvendo um sistema que permite que clientes utilizem stablecoins diretamente no ponto de venda, mantendo a praticidade e a experiência de pagamento atual. Isso significa que, no momento da compra, os fundos em stablecoins podem ser transferidos para a Visa no processo de compensação e liquidação, sem a necessidade de manter dois saldos separados — um em Visa e outro em stablecoins. Essa integração traz eficiência operacional e facilita o uso cotidiano das criptomoedas.

Outro ponto destacado por Catalina foi a vantagem da movimentação 24/7 proporcionada pelas stablecoins. A Visa já está ampliando as janelas de compensação para seus clientes, permitindo transações inclusive nos fins de semana. Essa flexibilidade beneficia tanto o setor de criptoativos quanto os players tradicionais que já possuem posições em moedas digitais.

A solução visa aprimorar a capacidade de movimentação de valores, proporcionando maior eficiência e disponibilidade para negócios e consumidores. Catalina destacou que essa inovação não apenas atende às necessidades do ecossistema cripto, mas também oferece novas possibilidades para o comércio tradicional, ampliando o uso de stablecoins no mercado financeiro.

Parcerias

Além disso, ela anunciou que a Visa fechou uma nova parceria com a Brite, uma companhia da Stripe. Essa colaboração permitirá a emissão de cartões atrelados a stablecoins, ampliando o uso de moedas digitais na região. A Brite vai atuar em diversos países da América Latina, com foco inicial na Argentina, Chile, México, Peru, Colômbia e República Dominicana.

A Brite fornecerá serviços para fintechs e outros players que atuam no segmento de stablecoins, oferecendo estrutura para a emissão e gestão de cartões Visa. Além disso, a Brite está desenvolvendo parcerias comerciais avançadas que visam atender especialmente empresas que trabalham com carteiras não custodiadas. Outro ponto relevante é o lançamento de um produto focado no público jurídico, com soluções financeiras voltadas para empresas.

"Um dos objetivos principais é viabilizar pagamentos com stablecoins, permitindo que clientes utilizem essas moedas digitais de maneira prática e segura. A ideia é que os consumidores possam realizar compras com stablecoins da mesma forma que utilizam moedas fiduciárias, garantindo uma compensação automática dos saldos e agilizando o processo de pagamento", disse.

Segundo a executiva, essa solução de pagamento funcionará de forma integrada aos sistemas tradicionais, realizando a compensação dos valores em segundo plano, o que torna a experiência do usuário mais fluida e intuitiva. Para garantir essa integração, a Visa está desenvolvendo uma plataforma chamada Visatoken and Affects Platform, que promete otimizar as operações com dinheiro programável e facilitar transações financeiras no ecossistema digital.

Visa, BBVA e stablecoin atrelada ao Euro

Além disso, ela revelou que a Visa está desenvolvendo um projeto piloto para testar a emissão de stablecoins na Europa. Em parceria com o BBVA, a iniciativa busca emitir um Stablecoin parcial atrelado ao euro. O piloto ocorrerá inicialmente na Espanha, com planos de expansão para outros países após os primeiros testes, que acontecerão ainda neste ano e no próximo.

"Outro produto da Visa tem como objetivo facilitar a aceitação de pagamentos digitais para microcomércios. Atualmente, existem cerca de 350 milhões de pequenos estabelecimentos que ainda não aceitam pagamentos digitais. A Visa quer mudar essa realidade, especialmente para comerciantes informais, como vendedores de praia ou ambulantes no México", revelou Seltzer.

O foco está na criação de uma solução que permita que cartões de crédito ou pré-pagos sejam utilizados como meios de pagamento digital de maneira prática e acessível. Para isso, a Visa desenvolveu um SDK que pode ser integrado aos aplicativos bancários. Essa ferramenta permite que o próprio telefone NFC do comerciante se transforme em um ponto de pagamento, dispensando a necessidade de maquininhas tradicionais.

O produto também conta com recursos adicionais, como a aceitação de pagamentos via código QR quando a função NFC não estiver disponível. O consumidor pode efetuar o pagamento utilizando um link direto, enquanto o comerciante recebe os fundos na conta bancária quase em tempo real.

Atualmente, o projeto está em fase piloto, sendo testado em apenas dois países: Vietnã, na Ásia, e Guatemala, na América Latina. A expectativa é que o desenvolvimento completo aconteça nos próximos meses, quando a Visa deverá lançar oficialmente o produto para mercados globais.

US$ 95 bilhões em compras de criptomoedas

De acordo com Seltzer, a Visa está na vanguarda da adoção de criptomoedas para pagamentos comerciais. Desde que lançou seus primeiros produtos vinculados a criptoativos, a empresa tem registrado um volume crescente de transações, impulsionado pelo uso de cartões Visa vinculados a carteiras digitais. Atualmente, os consumidores já movimentaram aproximadamente US$ 95 bilhões em compras utilizando suas credenciais Visa para acessar saldos de criptomoedas.

A executiva destacou que o uso prático das criptomoedas em estabelecimentos comerciais está se consolidando rapidamente. Em apenas um ano, mais de US$ 25 bilhões foram movimentados em compras comerciais com saldos de criptoativos, reforçando o papel da Visa como um elo essencial entre o universo digital e a economia tradicional.