A governadora do Conselho do Banco Central dos Estados Unidos (Fed), Michelle Bowman, discursou na Universidade de Georgetown em 18 de abril para “oferecer uma perspectiva” sobre uma moeda digital de banco central norte-americana. O Fed desempenha um papel importante nas discussões sobre uma eventual CBDC, disse Bowman. Ela mostrou-se pouco entusiasmada ao falar sobre os problemas que uma CBDC pode resolver e as questões políticas e de design que envolveriam uma eventual implementação.

Bowman expressou dúvidas sobre a eficiência de uma CBDC para melhorar o sistema de pagamentos ou aumentar a inclusão financeira nos Estados Unidos. Uma CBDC teria que ser superior ao novo sistema FedNow para merecer um lugar no mercado, e é improvável que os 4,5% dos americanos que não têm contas bancárias queiram usar uma CBDC. Bowman acrescentou::

"Famílias desbancarizadas também são menos propensas a possuir telefones celulares ou ter acesso à internet, o que apresentaria barreiras à adoção da CBDC."

Bowman também expressou uma visão negativa relativa às implicações políticas que envolvem uma CBDC. Ela disse que a programabilidade de uma CBDC pode ser utilizada de maneiras equivocadas e estaria em “grande contraste com a flexibilidade e a liberdade incorporadas à moeda física ou aos depósitos bancários." Além disso:

“Também existe o risco de que esse tipo de controle leve à politização do sistema de pagamentos e, ao fim e ao cabo, de como o dinheiro é usado. Uma CBDC que permitisse esse tipo de controle [...] também poderia ameaçar a independência do Banco Central dos EUA.”

Discurso da governadora Bowman com considerações sobre uma moeda digital de banco central:

Assista ao vivo:

— Federal Reserve (@federalreserve)

O medo do desconhecido deu o tom de várias das conclusões de Bowman. Os pagamentos transfronteiriços exigiriam a criação de um novo marco regulatório, as stablecoins podem se apresentar como uma alternativa, dependendo das leis a serem aprovadas, e a privacidade dos usuários pode estar em risco com as CBDCs, disse ela, sem entrar em detalhes. O recém-anunciado projeto de lei sobre stablecoins dos EUA daria ao Fed o controle sobre os emissores não bancários de stablecoins.

Repetindo um argumento apresentado por seu colega Christopher Waller, Bowman rejeitou as alegações de que uma CBDC reforçaria a posição do dólar na economia internacional, argumentando que o papel global do dólar se deve a fatores como o tamanho da economia dos EUA, a força de sua instituições e outros fatore que não dependem de forma alguma de uma CBDC.

“Devemos perguntar 'quais atritos atuais existem ou podem surgir no sistema de pagamento que apenas uma CBDC pode resolver ou que uma CBDC pode resolver com mais eficiência?'", Bowman questionou. Ela concluiu que havia poucos motivos para recomendar a implementação de uma CBDC de varejo:

“É difícil imaginar um mundo onde as compensações entre benefícios e consequências não intencionais possam justificar uma CBDC de acesso direto para usuários finais além das transações interbancárias e de atacado.”

Ela reconheceu que pode existir algum futuro para a CBDC no atacado, no entanto. Especialmente para grandes transações e processamento de pagamentos internacionais.

LEIA MAIS