Na semana passada, vimos o governo canadense congelar contas bancárias pertencentes a caminhoneiros que protestavam e pessoas que os financiam. O ato de emergência de Justin Trudeau (primeiro-ministro do Canadá) foi tão longe quanto a apreensão de criptomoedas mantidas por exchanges centralizadas e os alertou para não promover carteiras de auto-custódia. Todo esse evento sinalizou algo que é uma constante e um lema para todos que investem em criptomoedas: Não são suas chaves, não são suas criptomoedas.
O velho ditado tornou-se mais aparente do que nunca depois do que provavelmente é a primeira tentativa de um governo ocidental de apreender os criptoativos dos cidadãos.
O Canadá conseguiu congelar ativos em pelo menos 34 carteiras, com algumas fontes apontando para centenas de endereços. As propriedades resistentes à censura à criptomoeda só prevalecem se as pessoas tiverem as chaves e portanto a propriedade dos seus próprios ativos.
Muitos apontaram a importância das criptomoedas quando o governo do Canadá passou a regular de forma invasiva as finanças pessoais das pessoas. O primeiro-ministro canadense também começou a descongelar muitas das contas bancárias de manifestantes e doadores do Freedom Convoy que estão recorrendo ao Bitcoin para protegê-los de futuras interferências.
Toda a questão está relacionada à paralisação causada pelos caminhoneiros canadenses, em reação às restrições implementadas pelo governo no combate à pandemia e à exigência de vacinação. Enfim, o Bitcoin está sendo usado para supostamente burlar as medidas de restrição à liberdade financeira.
Uso das criptomoedas para fugir das sanções, o outro lado da moeda
Após a invasão da Ucrânia, os EUA e vários governos europeus decidiram impor sanções à Rússia. A especulação surgiu rapidamente sobre a Rússia supostamente estar usando criptomoedas para evitar essas sanções. Isso levanta uma dinâmica complexa: em primeiro lugar, é evidente que a resistência à censura vai nos dois sentidos: não se aplica apenas a um grupo seleto de pessoas; e se a Rússia e seus aliados usarem criptomoedas por meio de carteiras sem custódia, eles poderão contornar as sanções e aliviar alguns de seus custos econômicos.
É improvável, porém, que a Rússia declare qualquer uso de criptomoeda para se livrar das sanções. As sanções anteriores à Rússia custaram cerca de US$ 50 bilhões por ano e a gravidade do evento atual levará às sanções ainda mais agressivas. Embora o país não seja a favor da evasão de sanções como um caso de uso para criptomoedas, é provável que testemunharemos isso nos próximos anos com a crescente importância geopolítica das criptomoedas.
A questão da moral de ambos os eventos, resvala no uso das criptomoedas para propósitos que podem ser considerados ambivalentes e controversos.
Serviço Secreto dos EUA lança ‘Centro de Conscientização sobre Criptomoedas’
O Serviço Secreto dos EUA lançou um centro de conscientização sobre criptomoedas com ferramentas educacionais para combater o “uso ilícito de ativos digitais, bem como fornecer informações de conscientização pública sobre segurança de ativos digitais e como garantir que permaneçam seguros”.
O centro de conscientização sobre criptomoedas ocorre dois anos depois que o Serviço Secreto formou a Força-Tarefa de Crimes Cibernéticos Relacionados à Finanças, que apenas mostrou preocupação com as maneiras pelas quais as criptomoedas poderiam ser usadas para fazer transações online ilegais e por fim burlar sanções impostas pelo governo americano, no caso de Cuba, Irã, Coreia do Norte e agora mais uma vez a Rússia, sob sanções desde 2014, com a anexação da Crimeia.
O diretor assistente do Escritório de Investigações do Serviço Secreto, Jeremy Sheridan, foi citado dizendo que o centro se concentra em “investigar crimes financeiros” e que visa “identificar, prender e processar aqueles que se envolvem em crimes envolvendo ativos digitais”.
Dentro da nova plataforma, o Serviço Secreto admitiu que “investimentos e transações usando criptomoedas e ativos digitais não são inerentemente criminosos”.
LEIA MAIS