Ao longo da terça-feira, 23, as moedas do moribundo ecossistema Terra Classic (LUNC) dispararam até 55% em meio às incertezas de um mercado que tem se mostrado bastante suscetível às variáveis macroeconômicas desfavoráveis.

Às vésperas do simpósio anual do Banco Central dos EUA (Fed) em Jackson Hole, o Bitcoin (BTC) tem se mantido estável acima de US$ 21.000, ao passo que o Ethereum (ETH) vem oscilando em torno de US$ 1.600, aguardando uma sinalização mais clara sobre os rumos da política monetária dos EUA até o final deste ano.

Entre o sábado, 20, e a terça-feira, o USTC valorizou 55%, enquanto o LUNC subiu 26%, de acordo com dados do CoinMarketCap. Nesta quarta-feira, ambos entraram em correção, mas ainda assim acumulam ganhos de 28,1% e 18,2%, respectivamente, desde o início do último fim de semana.

No mesmo período, o LUNA2, moeda originada a partir da recriação da rede pós-colapso, também opera em alta de pouco mais de 10%.

Gráfico de 1 hora USTC/USDT, LUNC/USDT e LUNA/USDT cont (Kucoin). Fonte: TradingView

Do Kwon de volta à cena

Coincidência ou não, os ralis da fracassada stablecoin algorítmica Terra USD Classic (USTC) e do Luna Classic (LUNC) ocorreram dias depois da divulgação de uma longa entrevista em vídeo concedida por Do Kwon, o CEO do Terraform Labs e idealizador do ecossistema Terra.

Na entrevista, Kwon assume a responsabilidade pelo fracasso do Terra, afirmando que ele jamais foi capaz de prever o que acabou acontecendo e reconhece que seu excesso de confiança era “super irracional”. Por outro lado, diz também que o projeto foi vítima de um ataque deliberado:

"Se alguém tentou tirar vantagem dessa oportunidade em particular, eu diria que a resposta é 'sim.' Mas se essas oportunidades existiam, então a culpa é da pessoa que permitiu que essas vulnerabilidades existissem em primeiro lugar. Eu, e somente eu, sou responsável por quaisquer fraquezas que possam ter sido exploradas por um vendedor a descoberto para obter lucros.”

Em uma momento confessional da entrevista, Kwon mencionou que deu à sua própria filha o nome de Luna, prova de que sempre acreditou no sucesso do projeto. Depois de falhar miseravelmente, para sua própria filha e disse que agora está trabalhando para fazer de Luna um nome do qual ela possa se orgulhar.

Não foi apenas a cotação das moedas do Terra Classic e do Terra 2.0 que dispararam. O volume negociado do LUNC, do LUNA2 e do USTC registram altas de 125%, 121% e 25%, respectivamente, nas últimas 24 horas, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Os fãs do Terra Classic mantêm uma comunidade mais atuante e ativa nas redes sociais do que, por exemplo, a dos apoiadores do LUNA 2.0. Uma organização autônoma descentralizada (LUNC DAO) foi criada em torno do que restou do projeto e estes usuários fiéis têm conseguido sustentar o valor dos antigos tokens.

Diante da mais recente alta, voltou a ganhar força um movimento que pretende restaurar a paridade de 1:1 do USTC com o dólar, tendo até mesmo surgido uma proposta técnica para alcançar tal objetivo.

Outro dia, outra proposta interessante para retomada da paridade do $USTC apareceu no Discor da #TeraRebels. Os grandes cérebros terão que construí-lo, mas é uma ideia interessante.

Parece-me que a comunidade #LUNAClassic está levando um repeg mais a sério do que o Terra 2.0 da TFL.

#LUNC

— $LUNA CLASSIC (@TosProdz)

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, durante o final de junho, as duas moedas do Terra Classic dispararam de forma ainda mais espetacular, embora os preços tenham caído logo em seguida. Naquela ocasião, o USTC chegou a valorizar 800% durante um período de sete dias.

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