Desde que o Bitcoin começou a ganhar adoção fora do meio dos cypeherpunks e desenvolvedores, a forma de armazenar as criptomoedas passou a ser ‘um ponto estratégico’ para ampliar sua adoção.
Para a grande maioria das pessoas (inclusive eu), armazenar uma chave privada, ou um conjunto de palavras, pode ser uma coisa muito complicada para quem já se familiarizou com o simples “login e senha’, ou mesmo com as autenticações biométricas dos celulares.
Embora as exchanges funcionem, neste caso, como bancos e fintechs tradicionais, oferecendo um sistema de login e senha para acessar os ativos, nem todos confiam em deixar seus ativos custodiados com um terceiro.
Para tanto, surgiram as wallets descentralizadas, como MetaMask e também as carteiras frias como Ledger, Trezor, Tangem, entre outras, que oferecem uma camada ‘extra’ de segurança na custodia dos ativos justamente por estarem fora das redes.
Pois bem, dentre as diversas soluções de armazenamento disponíveis, fomos convidados pela Tangem, que está expandindo sua atuação no Brasil, para testar sua carteira fria, que oferece suporte ao Bitcoin e outras blockchains, como Ethereum, Solana, XRP, BNB, entre outros.
Diferente de outros dispositivos como Ledger e Trezor, a wallet da Tangem não é um dispositivo que precisa de conecção com o computador ou outro computador. O ‘kit’ da empresa é composto por dois cartões (sendo um para backup) e um anel, sendo que o usuário que escolhe o anel recebe também os dois cartões para backup.
Conectividade
Com os cartões e o anel em mãos, o usuário pode decidir qual será sua ‘carteira principal’ e quais serão seus backups. Eu no caso optei pelo anel como principal e os cartões como ‘segunda wallet’, assim posso deixar eles em casa ou guardados em um lugar mais seguro.
A configuração é simples, basta baixar o app e parear o anel via wireless, e depois seguir os passos para a geração dos backups nos cartões. Feito isso, o app vai pedir para parear novamente o anel e os cartões para então fazer o armazenamento das chaves privadas.
Importante notar que o app só é usado como uma interface visual para o conteúdo das wallets, visto que a chave privada não é armazenada no celular e apenas nos cartões e anel. Aqui tem uma explicação mais técnica sobre o processo. Depois disso você já pode acessar o app e verificar seus ativos.
Pelo app é possível realizar diversas funções como swap de criptomoedas, vender e comprar. No caso da compra, para usuários do Brasil é possível comprar usando cartão de crédito.
A função de swap funciona como nas Dex, escolhendo qual token você quer trocar e qual deseja receber em troca. Para vender criptomoedas da sua carteira Tangem, selecione o token que deseja vender no aplicativo Tangem e toque em "Vender".
Em seguida, escolha seu método de pagamento preferido (IBAN ou VISA) e siga as instruções na tela. Você enviará suas criptomoedas para o endereço fornecido pelo provedor de serviços integrado, como a MoonPay (que também é responsável pelo sistema de compra), que lida com a conversão para sua moeda fiduciária.
Infelizmente, até o momento, a Tangem não tem integração com o Pix, mas segundo a equipe do Brasil, eles estão estudando a possível integração do sistema, ainda sem prazo definido.
Para receber cripto também é simples, basta clicar na moeda, selecionar “receber” e um QR Code é gerado junto com uma chave pública (a minha tá ai, se alguém quiser testar se eu recebo mesmo e para ver se meu saldo sai do 0, só mandar :-).
Integração com a Visa
Em breve a wallet também terá uma integração com a Visa, permitindo que os usuários utilizem suas criptomoedas como forma de pagamento em todos os estabelecimentos que aceitam a Visa e também integração do cartão em wallet scomo Apple Pay e Google Pay.
Tangem afirma que um aplicativo móvel cuidará da ativação, backups e acompanhamento do saldo. De acordo com o Vice-Presidente Global de Produto, Michael Batuev, também será possível usar o cartão para fazer saques em caixas eletrônicos.
A solução será chamada de Tangem Pay e pretende movimentar mais de US$ 330 bilhões até 20230, segundo a empresa.
Avaliação final
Depois de configurar e testar a wallet, minha avaliação geral é positiva. Ela é simples de configurar, fácil de usar e o anel é bem bonito. O app é simples tanto para quem já está acostumado com o mundo cripto como para quem não está.
Senti falta de mais redes suportadas para receber Bitcoin. Atualmente só é possível pela rede BTC mesmo, poderia ter uma LN ou um sistema de receber por outras redes como BNB via Bridge, nas quais a transferência sai mais barato.
No começo senti que o sistema da Tangem precisava de uma interligação com o mundo ‘offline’, ou seja, uma forma de gastar as criptomoedas em auto custódia, o que, nesse caso, permite que você seja seu próprio banco, foi então que me informaram sobre a parceria com a Visa que será liberada em breve, então, precisamos esperar por isso, e, quem sabe, o anel também poderá ter uma atualização para funcionar também como um dispositivo de pagamento via NFC (atualmente não é possível).
Por fim, para nós brasileiros, acho que faltou apenas interligar com o Pix, para garantir uma experiência mais fluida de on e off-ramp, ou seja, usar Reais para compra cripto e, na hora de vender, também receber em reais, o que seria muito bom tendo em vista o que a Receita Federal vem preparando para o próximo ano para os investidores cripto.
No entanto, acho que nada disso prejudica a experiência do usuário. O preço também é convidativo, no site o valor está por US$ 54 com frete grátis para todo o Brasil e 5% de desconto.