A Stellar Development Foundation, desenvolvedora da rede Stellar, lançou um modelo de inclusão financeira para avaliar a eficácia de projetos de blockchain de mercados emergentes. O método foi desenvolvido em cooperação com os consultores da PricewaterhouseCoopers International (PwC) e foi explicada em um white paper publicado em 25 de setembro. 

Usando esse método, as equipes concluíram que as soluções de pagamento em blockchain aumentaram significativamente o acesso a produtos financeiros, reduzindo as taxas de transação para 1% ou menos. Elas também descobriram que aplicativos baseados em redes blockchain aumentaram a velocidade dos pagamentos e ajudaram os usuários a se proteger da inflação.

Parâmetros do modelo de inclusão financeira. Fonte: Stellar, PwC

Alguns desenvolvedores de blockchain afirmam que seus produtos podem incrementar a "inclusão financeira." Em outras palavras, eles dizem que seus produtos podem fornecer serviços financeiros para pessoas que não possuem contas bancárias e vivem em países cujas economias estão em desenvolvimento. Fazer essa afirmação tornou-se uma maneira eficaz para alguns projetos da Web3 obterem financiamento. Por exemplo, o Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) listou oito projetos de blockchain que financiou até agora com base em propostas de inclusão financeira.

No entanto, em seu documento, a Stellar e a PwC argumentaram que os projetos podem não ter sucesso em facilitar a inclusão financeira se não tiverem um parâmetro para avaliar seus desempenhos. "Como em qualquer caso de inovação tecnológica, a necessidade de uma governança robusta e de princípios de design responsáveis é fundamental para uma implementação bem-sucedida", afirmaram.

Para ajudar a promover essa governança, as duas equipes propuseram um modelo para avaliar se um projeto terá ou não sucesso em promover a inclusão financeira. O modelo compreende quatro parâmetros: acesso, qualidade, confiança e usabilidade. Cada um desses parâmetros é dividido em outros subparâmetros. Por exemplo, o "acesso" é dividido em acessibilidade econômica, conectividade e facilidade de iniciação.

Cada subparâmetro inclui uma proposta para medi-lo. Por exemplo, a Stellar e a PwC listam "número de locais CICO [cash in/cash out] na região da população-alvo relevante" como uma forma de medir a métrica "conectividade." O objetivo é ajudar a garantir que os projetos possam medir cientificamente sua eficácia em vez de depender de suposições.

As equipes também sugeriram um processo de avaliação em quatro fases ao qual os projetos devem ser submetidos para resolver um problema de inclusão financeira. O projeto deve identificar uma solução, a população-alvo e a jurisdição relevante na primeira fase. Na segunda fase, eles devem identificar as barreiras que impedem a população-alvo de ter acesso a serviços financeiros. Na fase três, eles devem usar "gráficos de nível e orientação" para determinar os maiores obstáculos à integração de usuários. E na fase final, eles devem implementar soluções que "priorizem os principais parâmetros" para fazer o uso mais eficaz dos fundos.

Fases de implementação de projetos de inclusão financeira. Fonte: Stellar, PwC

Usando esse modelo, as equipes identificaram pelo menos duas soluções baseadas em redes blockchain que se mostraram eficazes no aumento da inclusão financeira. A primeira é a de pagamentos. As equipes descobriram que os aplicativos financeiros tradicionais cobram uma média de 2,7 a 3,5% para enviar dinheiro entre os Estados Unidos e o país estudado, enquanto as soluções baseadas em blockchain cobram 1% ou menos, com base em um estudo de 12 aplicativos que operam na Colômbia, Argentina, Quênia e Filipinas. Eles descobriram que esses aplicativos aumentaram o acesso a serviços financeiros, disponibilizando pagamentos eletrônicos para pessoas que, de outra forma, não poderiam pagar por eles.

A segunda solução eficaz encontrada foi a proteção contra a inflação. A equipe afirmou que um aplicativo de stablecoins da Argentina permite que os usuários invistam em um ativo digital resistente à inflação, ajudando-os a preservar seu patrimônio quando, de outra forma, o teriam perdido.

A rede Stellar tem estado na vanguarda do oferecimento de serviços de pagamentos em mercados financeiros carentes. Em dezembro de 2022, anunciou um programa para ajudar organizações de caridade a distribuir fundos para ajudar os refugiados ucranianos, vítimas da guerra no leste europeu.

Em 26 de setembro, anunciou uma parceria com a Moneygram para oferecer uma carteira de criptomoedas não custodial que pode ser usada em mais de 180 países. Entretanto, alguns especialistas de finanças criticam o uso de criptomoedas em mercados emergentes. Por exemplo, um artigo publicado pelo Banco de Compensações Internacionais em 22 de agosto argumentou que as criptomoedas "ampliaram os riscos financeiros" nas economias de mercados emergentes.

LEIA MAIS