Dados da Nansen apontam que o volume de Ethereum (ETH) mantido nas exchanges está em queda desde 5 de novembro de 2022. Ao mesmo tempo, o volume de ETH em staking vem crescendo rapidamente. Atualmente, o volume de Ether nas exchanges supera o total em staking por apenas 539 mil ETH. Martin Lee, jornalista de dados da Nansen, afirma que o volume de ETH em staking ultrapassará o total em exchanges nas próximas semanas.
Colapso da FTX tem papel importante
O volume de ETH mantido em exchanges, historicamente, sempre aumentou sem grandes quedas reais, aponta a Nansen. Essa tendência mudou após dois grandes eventos, o primeiro deles sendo o colapso da exchange FTX.
Martin Lee, usando dados da Nansen, aponta que a saída de ETH das exchanges foi acelerada após a confirmação de que a FTX estava insolvente. “[O movimento] ocorreu provavelmente por uma mudança em direção à auto custódia por parte dos usuários do varejo, e diversificação de soluções de custódia por investidores institucionais”, avalia Lee.
Total de ETH em exchanges e total de ETH em staking. Imagem: Nansen
Apesar do movimento de queda, o fluxo de Ether em exchanges ficou relativamente estável, até que o segundo grande evento ocorreu: a atualização Shapella, realizada em 13 de abril deste ano. Através desta atualização, tornou-se possível o saque de ETH em staking, antes bloqueado devido a limitações técnicas da rede.
“Embora nem todo o volume de ETH deixando as exchanges tenha ido para staking, [a atualização] é provavelmente uma força por trás do movimento, junto com a ação regulatória contínua contra exchanges, que levou mais usuários para a auto custódia”, diz o jornalista de dados da Nansen.
Impactos em DeFi
Uma das narrativas fortes no ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi) ultimamente são os LSD, sigla em inglês para derivativos de staking líquido. Trata-se de tokens como o stETH representam a fração equivalente de ETH em staking.
As plataformas de staking líquido dão tokens derivativos quando um usuário faz staking de ETH, permitindo que os criptoativos gerem renda e colaborem com a segurança da rede, ao mesmo tempo em que opera em aplicações descentralizadas.
Com mais ETH em staking, Martin Lee acredita em um crescimento deste setor de DeFi. “É provável que vejamos o mercado de LSD e seus protocolos crescendo e inovando com o decorrer do tempo. Estamos monitorando o crescimento de vários protocolos de LSD e a utilização de seus tokens no ecossistema DeFi”, diz Lee.
Há um lado, contudo, preocupante envolvendo a maior presença de Ether em staking: a dominância da Lido, maior plataforma de staking líquido. Atualmente, a Lido detém 32% de todo o suprimento de ETH. Vitalik Buterin, cofundador do Ethereum, avalia que o suprimento máximo que um protocolo deve controlar é 15%.
O staking de ETH é usado para criar validadores, que mantêm em funcionamento o consenso do Ethereum. Uma alta acumulação da criptomoeda, então, pode ter impactos negativos na segurança da rede.
“A Lido, atualmente, tem um forte incentivo: quanto maior fica o stETH [token de staking líquido da plataforma], maior é a sua integração em protocolos DeFi, o que aumenta o interesse em deixar ETH em staking na plataforma”, explica Lee. É natural, portanto, que investidores e entusiastas se preocupem com um movimento de acumulação de ETH ainda maior por parte da Lido.
O mercado, contudo, tem se movimentado para diluir o interesse direcionado à Lido em outras aplicações de staking líquido. “Com os saques de ETH habilitados, usuários pode usar seus ativos e mudar para outros protocolos com o passar do tempo. Conforme outros protocolos continuam crescendo, inovando e se desenvolvendo, eles se tornarão mais atrativos e competirão mais com a Lido”, conclui o porta-voz da Nansen.
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