O USDt da Tether e o USDC da Circle, as duas maiores stablecoins por capitalização de mercado, vêm perdendo participação de mercado lentamente no último ano, sugerindo uma grande mudança no cenário das stablecoins.

Apesar de o USDt da Tether (USDT) e o USDC da Circle (USDC) estarem aumentando constantemente suas capitalizações de mercado, as stablecoins perderam mais de 5% de participação conjunta desde 2 de outubro de 2024, segundo dados da DefiLlama e CoinGecko.

Nic Carter, analista do setor e sócio da Castle Island Ventures, comentou sobre a queda da dominância do USDT e do USDC em uma publicação no X intitulada “O duopólio das stablecoins está acabando”.

Segundo Carter, novos emissores poderão superar os principais players oferecendo stablecoins com rendimento, enquanto os bancos terão a oportunidade de trazer grandes concorrentes para o setor.

USDT e USDC chegaram a 91,6% de dominância em 2024

Carter destacou que a dominância do USDT e do USDC atingiu máximas históricas em março de 2024, quando o mercado de stablecoins valia cerca de US$ 140 bilhões.

Na época, a capitalização de mercado do USDT era de cerca de US$ 99 bilhões, enquanto a do USDC era de US$ 29 bilhões, juntas representando 91,6% de todo o mercado de stablecoins.

Capitalização de mercado do USDT e USDC versus capitalização total do mercado de stablecoins. Fontes: DefiLlama, CoinGecko

“Essa dominância caiu para 86% desde o pico no ano passado, e acredito que continuará caindo”, disse o analista, acrescentando:

“As razões são a nova postura de intermediários, a corrida por rendimentos e as novas dinâmicas regulatórias pós-GENIUS.”

De acordo com DefiLlama e CoinGecko, a participação conjunta de USDT e USDC caiu ainda mais para 83,6% no momento da redação, uma queda de 5,4% desde 2 de outubro de 2024 e de 3,4% no acumulado do ano.

USDe da Ethena é o “maior caso de sucesso”

Comentando a crescente concorrência entre stablecoins, Carter destacou algumas importantes, como a USDS (USDS) da Sky, a USDe (USDE) da Ethena, a PYUSD (PYUSD) do PayPal e a USD1 (USD1) da World Liberty.

“Acho que também vale prestar atenção a nomes emergentes como o USDY da Ondo, o USDG da Paxos e o AUSD da Agora”, acrescentou, prevendo que muitas outras novas stablecoins, incluindo as emitidas por bancos, entrarão no setor em breve.

Carter mencionou que muitas dessas stablecoins estão focadas em oferecer rendimento ou renda passiva ao serem mantidas.

Cinco principais stablecoins com rendimento por capitalização de mercado. Fonte: CoinGecko

“O USDe da Ethena, que repassa o rendimento do crypto basis trade, é o maior caso de sucesso do ano, chegando a uma oferta de US$ 14,7 bilhões”, afirmou.

Apesar da pressão regulatória sobre stablecoins com rendimento introduzida pelo GENIUS Act dos EUA, a tendência deve continuar em alta, segundo Carter.

“Novas startups poderão superar os grandes emissores em rendimento e criar um fenômeno de corrida para o fundo (ou realisticamente, para o topo)”, disse, acrescentando que a Circle tem trabalhado com a Coinbase para introduzir rendimentos no USDC.

Consórcios de bancos podem rivalizar com a Tether

Além dos rendimentos, Carter destacou mudanças regulatórias que permitem que bancos e instituições financeiras emitam stablecoins.

Apesar das preocupações existentes sobre corridas bancárias, os bancos inevitavelmente entrarão no setor, “por um motivo ou outro”, afirmou.

Carter também observou desenvolvimentos relacionados, como uma colaboração em stablecoin entre JPMorgan e Citigroup, prevendo que consórcios bancários “fazem muito mais sentido”. Isso porque, segundo Carter, “nenhum banco individualmente tem capacidade de criar a distribuição necessária para uma stablecoin que poderia competir com a Tether”.

Vários grandes bancos europeus aderiram recentemente à tendência emergente. Em 25 de setembro, o banco holandês ING anunciou uma joint venture com o italiano UniCredit e mais sete bancos para construir uma potencial stablecoin denominada em euros.

Construída em conformidade com a estrutura do Regulamento de Mercados em Criptoativos (MiCA) da Europa, a stablecoin deve ser emitida na segunda metade de 2026.