O recente recebimento de 300 Bitcoins por Ross Ulbricht é proveniente de “fontes questionáveis”, mas é improvável que tenha sido uma doação feita por ele mesmo, segundo o pesquisador de blockchain ZachXBT.
Ulbricht, fundador do infame mercado negro online Silk Road, recebeu 300 Bitcoins (BTC), avaliados em US$ 31,4 milhões, em sua carteira que solicitava doações, informou a empresa de análise blockchain Lookonchain em 1º de junho.
Os fundos vieram de carteiras que utilizaram um serviço de mixer centralizado chamado Jambler, o que levou alguns usuários das redes sociais a especularem, sem provas, que os fundos poderiam ser lucros do Silk Road que Ulbricht teria escondido antes de ser preso e enviado à prisão.
Contudo, ZachXBT afirmou em uma publicação no X, em 2 de junho, que é cético quanto a essa possibilidade, já que “poucas entidades utilizam o Jambler com frequência e em grandes quantidades”, e encontrou “um possível demix para a doação.”
“Parece improvável que tenha sido uma autodoação, como muitos estavam afirmando, embora venha de uma fonte questionável devido ao endereço marcado,” disse ele.
A última doação de Bitcoin veio de carteiras usando o mixer Jambler, mas “entusiastas de privacidade geralmente utilizam mixers descentralizados”, segundo ZachXBT.
ZachXBT informou que um dos endereços envolvidos apresenta atividade em exchanges desde o final de 2014, enquanto outro esteve ativo em 2019 e já havia sido sinalizado por ferramentas de compliance.
“Ambos depositaram grandes valores no Jambler em momentos similares ao da doação de 300 BTC recebida por Ross. Ambos estavam com BTC inativos desde novembro de 2019 até os depósitos realizados entre abril e maio de 2025,” explicou.
Ele ainda acrescentou em resposta à dúvida de um usuário: “Todos estavam acusando Ross de fazer uma autodoação, então, se há alguma prova aqui, é de que foi uma doação e não um tesouro secreto dele, pois houve atividade enquanto ele estava preso.”
Carteiras ligadas a Ulbricht ainda contêm Bitcoin
Ulbricht operava o Silk Road, que utilizava Bitcoin para pagamentos, até 2013, quando foi preso e condenado a duas penas de prisão perpétua mais 40 anos, em 2015. Ele cumpriu 11 anos antes de ser perdoado pelo presidente Donald Trump em 21 de janeiro.
O diretor da Coinbase, Conor Grogan, disse em janeiro ter encontrado 430 BTC, avaliados em mais de US$ 45 milhões, em carteiras que ele afirmou estarem ligadas a Ulbricht. Segundo Grogan, as carteiras estão inativas há mais de 13 anos e nunca foram confiscadas pelas autoridades.
A empresa de análise blockchain Arkham Intelligence corroborou a avaliação de Grogan, rastreando 14 endereços de Bitcoin conectados à Silk Road, sendo que um deles possui mais de US$ 9 milhões em BTC.
Ulbricht realizou recentemente um leilão de pertences pessoais, arrecadando mais de US$ 1,8 milhão em Bitcoin.
A coleção incluía itens pessoais de antes de sua prisão em 2013, como um saco de dormir, mochila, tambor e lembranças da prisão, como um cadeado, caderno, roupas e diversas pinturas feitas durante sua detenção.