Desde que comecei a explorar o mercado de tokenização de ativos, uma das questões mais recorrentes foi sobre o lastro por trás desses ativos tokenizados. No artigo de hoje, vou explicar o que dá valor aos ativos digitais que parecem existir apenas na internet e como o lastro dos tokens poderá transformar nossa economia no futuro.

Primeiro, precisamos entender brevemente o significado de lastro.

Lastro: o que é?

De forma resumida, o lastro é a garantia de que algo realmente possui um valor específico. No caso do dinheiro, o que garante que o valor impresso no papel-moeda vale algo é o lastro. Basicamente, esse conceito assegura que uma nota no valor de R$50,00 vale essa quantia e que pode ser trocada por bens e serviços. Essa troca só é possível porque existe uma garantia por trás desses itens.

Lastro dos tokens

No caso dos tokens, quando falamos em lastro, estamos nos referindo ao ativo ou garantia que sustenta o valor de um token. Tradicionalmente, o lastro poderia ser algo físico, como o ouro, ou um papel-moeda. No caso de uma stablecoin, por exemplo, que são moedas lastreadas ou pareadas em uma moeda tradicional como o dólar americano, o lastro está na moeda.

Já quando falamos de um ativo tokenizado no mercado de crédito ou de capitais, o lastro pode ser uma duplicata, uma Cédula de Crédito Bancário, uma nota comercial, entre outros. Ou seja, o lastro dos tokens de ativos são os ativos do mundo real, que dão valor ao token. Pode ser um imóvel, um valor em moeda depositado em um banco, um instrumento financeiro, etc. Esse lastro vai depender de qual ativo o token que você comprou está lastreado.

Vale destacar que, apesar do lastro servir como uma garantia para o ativo, ele não elimina os riscos dos investimentos, pois o lastro mostra o valor que um ativo tem, mas como qualquer investimento, existem riscos.

Ativos reais como lastro

Atualmente, muitos ativos do mundo real estão sendo tokenizados. Não são apenas stablecoins, mas também o mercado de crédito e de capitais, imóveis, obras de arte, entre outros. Essa ponte entre o mundo real e o digital garante que o token tenha uma referência tangível.

Futuro: tokens autolastreados

O mercado de tokenização de ativos do mundo real ainda tem muito a crescer, mas o futuro é promissor. Estamos caminhando para um futuro onde os tokens serão autolastreáveis.

Com o avanço da tecnologia blockchain e a crescente digitalização dos ativos, veremos um cenário onde os próprios tokens geram valor através dos smart contracts, da governança descentralizada e de outras funcionalidades que acabam gerando escassez e ainda mais utilidade.

Logo, os ativos já nasceriam digitais e não teriam a necessidade de uma correspondência física. Isso será ainda mais evidente com a chegada do Drex no Brasil, que permitirá a criação direta de instrumentos financeiros na blockchain, eliminando a necessidade de lastro em documentos físicos.

As regras da operação e os principais covenants já serão estabelecidos em smart contracts, tornando os tokens autossuficientes em termos de valor e garantia.

De fato, o mercado de tokenização de ativos vai impactar diversos setores e trará um grande impacto positivo na economia global.

As informações contidas neste texto são de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil.