Michael Lewis, autor de "A Grande Aposta", traça um perfil interessante de Sam "SBF" Bankman-Fried em seu novo livro. A ser lançado em breve, a obra retrata em detalhes a personalidade do ex-CEO da FTX.
Em um trecho de "Going Infinite: The Rise and Fall of a New Tycoon" (Rumo ao infinito: a ascensão e aqueda de um novo magnata), publicado no Washington Post em 1º de outubro, Lewis descreve várias interações que Bankman-Fried teve com a mídia e figuras influentes antes da queda da FTX e de ser acusado criminalmente por fraude e conspiração nos Estados Unidos. De acordo com o autor, ele frequentemente jogava videogame enquanto concedia entrevistas – suas façanhas em League of Legends são bem relatadas –, muitas vezes dando pouca atenção às pessoas, incluindo a editora-chefe da Vogue, Anna Wintour.
"Sam não queria parecer rude", escreve Lewis sobre a conversa da SBF com Wintour. "É que ele precisava estar jogando videogame ao mesmo tempo em que jogava qualquer outro jogo que estivesse em disputa na vida real. Seu novo papel social como o novo bilionário infantil mais interessante do mundo exigia que ele fizesse todo tipo de coisa idiota. Ele precisava de algo, além do que se esperava que ele estivesse pensando, para ocupar sua mente."
At one point, Sam Bankman-Fried was worth $22.5 billion.
— Washington Post Opinions (@PostOpinions) October 2, 2023
No one but Mark Zuckerberg had become richer faster.
Then his crypto empire collapsed.
Michael Lewis was there for the rise and fall. Read an exclusive excerpt from his book on SBF's last year: https://t.co/ie7rn8ZdSe pic.twitter.com/hkPwuT0H8B
Em determinado momento, Sam Bankman-Fried valia US$ 22,5 bilhões.
Ninguém, exceto Mark Zuckerberg, havia enriquecido mais rapidamente.
Depois, seu império de criptomoedas entrou em colapso.
Michael Lewis estava presente na ascensão e na queda. Leia um trecho exclusivo de seu livro sobre o último ano de SBF [antes do colapso da FTX]:
— Washington Post Opinions (@PostOpinions)
Lewis acrescenta que Natalie Tien, que passou a ocupar o cargo de chefe de relações públicas da FTX e de "assistente pessoal" de SBF, disse que o ex-CEO cancelou muitas participações em eventos públicos da alta sociedade – muitas vezes no último minuto – aparentemente sem motivo algum. A entrevista com Wintour teria resultado no patrocínio da FTX e fez com que Bankman-Fried fosse um dos convidados especiais do Met Gala, ao qual ele acabou deixando de comparecer na última hora.
"Sam tratava tudo em sua agenda como opcional", diz o livro. "A agenda era menos um plano do que uma teoria. Quando as pessoas pediam o tempo de Sam, elas presumiam que teriam sim ou não como resposta. [...] Tudo o que ele fazia, quando dizia sim, era atribuir alguma probabilidade diferente de zero ao uso de seu tempo para aquele compromisso específico. O mostrador oscilava descontroladamente à medida que ele calculava e recalculava o valor esperado de cada compromisso, até o momento em que ele o honrava ou não."
Outras aparições presenciais de Bankman-Fried relatadas no livro incluem um depoimento perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA em dezembro de 2021 e uma reunião com o senador Mitch McConnell. Estes compromissos ganharam destaque por se tratar de duas raras vezes em que SBF apareceu em público vestindo um terno em vez de seu figurino habitual, composto por bermuda e camiseta – embora os usuários de redes sociais tenham divulgado imagens mostrando que os sapatos do então CEO da FTX estavam desamarrados durante a audiência.
Não está claro que outras informações estarão disponíveis no livro quando a obra for lançada em 3 de outubro, o mesmo dia em que começa a seleção do júri para o julgamento criminal de SBF em Nova York. Em meio ao aguardado julgamento, uma série de podcasts, reportagens, livros e outros produtos foram lançados, detalhando aspectos da vida de Bankman-Fried antes e depois da queda da FTX. Uma entrevista de Lewis ao programa 60 Minutes revelou que SBF planejava pagar o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que ele não se candidatasse novamente ao cargo. Segundo SBF, Trump representava uma ameaça às eleições e à democracia nos Estados Unidos.
Em 4 de outubro, Bankman-Fried comparecerá ao tribunal de Nova York para o primeiro dia de seu julgamento, que deve se estender até novembro. Ele enfrentará sete acusações relacionadas a fraudes envolvendo a FTX e sua empresa irmã, a Alameda Research. SBF se declarou inocente, rejeitando todas as acusações.
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