Resumo da notícia
Com o Bitcoin lateralizado e sob viés de baixa, investidores buscam alternativas em tokens RWA com retorno previsível.
A Hurst Capital aposta em ativos musicais tokenizados, com rentabilidade estimada de 21% ao ano.
Avanço regulatório e tecnológico impulsiona a Renda Fixa Digital e conecta cripto à economia real.
Enquanto o Bitcoin registra um movimento lateral, preso entre US$ 83 mil e US$ 93 mil e ainda com viés de baixa e analistas apontando queda para US$ 70 mil e até US$ 50 mil, empresas estão apostando no lançamento de tokens RWA com ‘lucro garantido’ em busca de atrair investidores casados da situação atual do BTC.
Uma delas é a Hurst Capital que abriu a quarta edição da Operação “Hit do Verão”. Desde 2022, essas operações têm oferecido retornos atrelados ao sucesso de artistas de alcance nacional. De acordo com a empresa, em 2025, a expectativa é repetir o padrão, com rentabilidade estimada de 21% ao ano, equivalente a 142,35% do CDI, em prazo de seis meses e aporte mínimo de R$ 5 mil.
”O investidor está participando diretamente dos resultados de artistas que já provaram sua força no mercado, e isso traz previsibilidade ao retorno. A Operação Hit do Verão mostra que o sucesso da música brasileira pode ser convertido em oportunidades sólidas de investimento”, disse Arthur Farache, CEO da Hurst Capital.
O modelo se apoia em um contrato da New Music com a distribuidora francesa Believe, que remunera a gravadora conforme metas de execução de obras. Até agosto deste ano, 94,9% da meta já havia sido atingida, e estimativas indicam que em outubro o índice chegou a 100%. Desta forma, segundo a empresa, o investidor que ingressar na operação terá sua remuneração vinculada a um desempenho já consolidado.
A New Music é responsável por um catálogo que reúne nomes como Luan Santana, Victor & Léo, Henrique & Juliano e Renato Teixeira. Em 2024, o single “Descer pra BC” foi apontado como um dos grandes hits do verão, reforçando a capacidade da gravadora de lançar sucessos que se transformam em fonte de receita recorrente. São mais de 1.500 artistas agenciados, em sua maioria ligados ao sertanejo, gênero que domina as plataformas de streaming no Brasil.
Histórico das operações
O histórico das operações anteriores mostra regularidade nos pagamentos. Em 2022, o retorno foi de 19% ao ano em três meses. Em 2023, a segunda edição entregou 20,9% ao ano, também em três meses. Em 2024, a terceira operação registrou 16,7% ao ano, dentro do prazo estipulado.
A Believe, maior distribuidora de música da Europa, é quem garante os repasses. Listada na Bolsa de Paris, a empresa registrou receita de 988 milhões de euros em 2024 e valor de mercado superior a US$ 1,7 bilhão. O contrato com a New Music prevê repasses mesmo em caso de atrasos parciais, com possibilidade de prorrogação de prazo de entrega de até cinco anos.
O mercado musical brasileiro dá sustentação a esse modelo. Em 2023, o setor movimentou R$ 2,9 bilhões, crescimento de 13,4% em relação ao ano anterior, consolidando o país como o nono maior mercado mundial. O streaming responde por 87,1% das receitas, enquanto o vinil registrou alta de 136,2%, tornando-se o formato físico mais vendido. Globalmente, a indústria alcançou US$ 29,6 bilhões, com a América Latina liderando o crescimento, especialmente o Brasil, com alta de 21,7%.
A Hurst Capital, com mais de oito anos de atuação, já originou mais de R$ 3 bilhões em oportunidades de investimento em ativos alternativos, com média de retorno anual de 21%. Na Operação Hit do Verão 2025, restam R$ 559 mil de lastro disponível.
Mercado em expansão
O crescimento da Renda Fixa Digital e a expansão global das Finanças Descentralizadas (DeFi) começam a alterar a dinâmica do mercado de capitais. Relatórios de consultorias internacionais indicam que o segmento de ativos fracionados digitalmente (tokenizados) pode superar US$ 10 trilhões até 2030, impulsionado pela migração de produtos tradicionais para estruturas digitais, que oferecem fracionamento, rastreabilidade e eficiência operacional.
No Brasil, o avanço regulatório e o amadurecimento das plataformas que sustentam emissões digitais têm acelerado esse movimento. A avaliação é de Beny Fard, consultor de valores mobiliários, cofundador da B8 Partners e da fintech DeFin, que afirma que a tecnologia deixou de ser um experimento para se tornar vetor da nova economia.
“A digitalização da dívida e do crédito é um fenômeno estrutural. Quando combinamos governança institucional com infraestrutura blockchain, conseguimos aproximar emissores e investidores de forma mais eficiente”, diz.
O avanço da Renda Fixa Digital ocorre em paralelo ao crescimento das finanças descentralizadas no cenário global. Estudos recentes mostram que o volume total bloqueado (TVL) em protocolos DeFi superou os US$ 60 bilhões em 2024, e dobrou esse volume em meados de 2025, após um período de retração, acompanhado pelo aumento do interesse institucional em operações lastreadas em ativos reais. Esse movimento tem atraído investidores em busca de produtos mais transparentes e de maior previsibilidade de fluxo, conectando o ecossistema cripto à economia tradicional.
No Brasil, a combinação entre regulação específica,como as Resoluções CVM 88 e 231/232 e a evolução das plataformas de emissão criou condições para o surgimento de estruturas híbridas.
A tokenização viabiliza operações fracionadas, permite auditoria contínua e reduz etapas de conciliação, aspectos que beneficiam especialmente empresas de médio porte, historicamente pouco atendidas por grandes bancos. Segundo Fard, a eficiência técnica tem papel direto na ampliação do crédito.
“A tokenização reduz assimetria de informação e simplifica o caminho até o investidor qualificado. Isso abre espaço para que empresas médias acessem soluções que antes eram restritas a corporações bilionárias”, afirma.
A crescente demanda por operações digitais também reflete mudanças no comportamento dos distribuidores. Escritórios de investimento e consultorias têm buscado produtos de crédito estruturados que conciliam velocidade de execução e rigor analítico, o que estimulou o desenvolvimento de modelos baseados em Investment Banking as a Service (IBaaS), modelo de negócio da DeFin.
A proposta de descentralizar a mesa de estruturação permite que agentes autônomos e plataformas ampliem sua atuação sem a necessidade de infraestrutura própria, fortalecendo o Middle Market.
A tendência aponta para a consolidação de um mercado de capitais híbrido, no qual fundamentos econômicos tradicionais coexistem com tecnologias de registro distribuído. A leitura de Fard é que a nova economia se forma justamente nessa interseção.
“O futuro possivelmente não será 100% descentralizado, nem totalmente tradicional. É a combinação dos dois que permite criar produtos mais acessíveis, seguros e escaláveis. A Renda Fixa Digital está cada vez mais se tornando uma das portas de entrada para investidores institucionais na infraestrutura da Web3”, conclui.

