Os planos da Rússia de construir instalações de mineração de Bitcoin e computação de IA em países do BRICS podem inspirar outras nações a utilizarem recursos estatais para minerar Bitcoin, segundo um analista da indústria.
“A teoria dos jogos está em ação”, afirmou Nico Smid, fundador da Digital Mining Solutions, ao Cointelegraph, explicando que outros países provavelmente seguirão os passos de El Salvador, Butão, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Rússia na monetização de energia subutilizada para minerar Bitcoin (BTC).
Em meados de outubro, durante o Fórum de Negócios do BRICS em Moscou, o fundo soberano da Rússia fechou parceria com a operadora de data centers russa BitRiver para construir instalações de mineração de Bitcoin e computação de IA para as nações do BRICS.
O projeto pode levar os países do BRICS a liquidarem o comércio global em Bitcoin — uma alternativa às ideias inicialmente consideradas de uma cesta de moedas locais e de uma moeda lastreada em ouro.
O BRICS é um grupo de grandes economias emergentes que originalmente incluía Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — mas expandiu em 2024 para incluir Egito, Irã, Arábia Saudita, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
Atualmente, o bloco possui um Produto Interno Bruto combinado superior ao das nações do G7 — uma aliança econômica rival liderada pelos Estados Unidos, Japão e Alemanha.
A notícia passou despercebida enquanto a indústria de criptomoedas continua a “hiperventilar” com a próxima eleição dos Estados Unidos, conforme explicou Matthew Sigel, chefe de ativos digitais da VanEck, à CNBC em 28 de outubro.
O fundo soberano da Rússia está investindo em infraestrutura de mineração de Bitcoin em países do BRICS com a ideia de liquidar o comércio global em Bitcoin
— Business Blurb™ (@businessblurbb) 28 de outubro de 2024
— Chefe de Ativos Digitais da VanEck @matthew_sigel no @SquawkCNBC pic.twitter.com/lhJeMhbddO
“Há uma urgência tremenda fora dos EUA para encontrar uma maneira de contornar a política fiscal irresponsável que temos seguido nos EUA”, enfatizou Sigel na entrevista à CNBC.
Três países — Argentina, Etiópia e Emirados Árabes Unidos — já estão aproveitando recursos estatais para minerar Bitcoin.
Alen Makhmetov, fundador da Hashlabs Mining, disse ao Cointelegraph que os planos de mineração de Bitcoin e IA da Rússia podem fazer parte de uma tentativa mais ampla de obter vantagem geopolítica.
“Com infraestrutura limitada de TI nessas regiões, a Rússia vê uma oportunidade de expandir sua influência,” explicou Makhmetov.
“Isso se alinha com a política externa mais ampla da Rússia de fortalecer laços dentro do BRICS, à medida que o apoio dos EUA a essas nações diminui.”
URGENTE: BRICS usará moedas digitais para desenvolvimento de investimentos. pic.twitter.com/i7u7JFsC55
— BRICS News (@BRICSinfo) 18 de outubro de 2024
O plano do BRICS da Rússia também “impactaria positivamente” o Bitcoin, pois uma porção significativa do hashrate da rede atualmente está concentrada nos EUA, disse Smid.
“Isso cria oportunidades para equipamentos de mineração mais antigos permanecerem produtivos em regiões com custos de energia mais baixos, onde a mineração na localização atual pode ser inviável.”
Esses planos ocorrem no momento em que a Rússia se prepara para levantar sua proibição de mineração de Bitcoin em 1º de novembro — mas com algumas restrições.
Será exigido que todos os mineradores de Bitcoin se registrem no Registro Federal de Impostos da Rússia e enviem listas dos modelos de máquinas e dos endereços de carteira, informou Makhmetov.
O levantamento da proibição de mineração de Bitcoin não é garantia de uma transição tranquila, já que a Rússia enfrenta atualmente aumento nos custos de eletricidade e desvalorização do rublo, segundo Makhmetov.
“A Rússia não é mais um país com abundante e barata energia hidrelétrica — a eletricidade está ficando cara devido a uma combinação de demanda excessiva e desvalorização do rublo.”