Em tempos de incertezas macroeconômicas, tão importante quanto ganhar é não perder. Nestas horas, trancar o dinheiro a sete chaves pode remeter à prática dos mais antigos de se guardar as cédulas debaixo do colchão em vez de manter as reservas nas mãos de instituições bancárias. O que, em tempos de criptomoedas, pode ser comparado a armazenar os criptoativos em carteiras digitais, em especial carteiras de hardware, conhecidas como cold wallets (carteiras frias). Foi o que revelou um relatório divulgado no último dia 4 pela plataforma de análise on-chain Glassnode em relação ao Bitcoin (BTC).

O texto, intitulado de “The Expulsion of Bitcoin Tourists” (A expulsão de turistas do Bitcoin), ressaltou que a criptomoeda amargou uma queda de -37,9% nos últimos 30 dias, disputando o título de pior mês já registrado apenas com o mesmo período de 2011, época em que o preço do BTC ficou abaixo de US$ 10.

“O urso do Bitcoin está em pleno andamento e, em seu rastro, os HODLers (acumuladores) de último recurso são os últimos em pé”, escreveu o analista pseudônimo da Glassnode UkuriaOC. 

UkuriaOC se referia a acumulações significativas mapeadas em duas seções distintas de HODLers,  a dos “camarões” (descritos pelo relatório como detentores com menos de 1 BTC de saldo) e a das “baleias” (aqueles que detém entre 1 mil e 5 mil BTCs, excluindo mineradores e exchanges).

“A rede Bitcoin está se aproximando de um estado em que quase todas as entidades especulativas e os turistas do mercado foram completamente expurgados do ativo”, escreveu a Glassnode. 

Um dos gráficos apresentados pela plataforma indicou que as entidades ativas na rede caíram de 432 mil por dia, durante a máxima histórica de novembro do ano passado, para 244 mil entidades ativas diárias. O que torna mais evidente a retenção de hodlers, já que a tendência é de lateralização por parte das entidades ativas. 

Gráfico do número de entidades ativas. Fonte: Glassnode

Segundo o documento, a capitulação dos participantes do Bitcoin também pode ser observada pela taxa de crescimento da base de usuários, que caiu para sete mil novas entidades líquidas diárias, número semelhante ao dos piores níveis de baixa em 2018 e 2019.

Outra conclusão diz respeito ao esgotamento das reservas de Bitcoins nas exchanges de criptomoedas em razão da possível autocustódia dos hodlers, por exemplo, por meio de carteiras frias. O que, por sua vez, possui um lado positivo relacionado ao empoderamento dos hodlers, segundo a Glassnode. 

Gráfico da reserva de Bitcoins nas exchanges. Fonte: Glassnode

“As reservas da exchanges continuam a ver retiradas líquidas em grande escala, com saldos agregados caindo para os níveis vistos pela última vez desde julho de 2018. O saldo geral nas plataformas registrou uma saída agregada de -750 mil BTC desde março de 2020. Somente nos últimos três meses, houve cerca de 142,5 mil BTC apenas nas saídas, notáveis ​​18,8% do total”, salientou a Glassnode acrescentando que as criptomoedas parecem fluir em direção a carteiras sem histórico de gastos. 

Gráfico de saques/depósitos das baleias dos Bitcoins nas exchanges. Fonte: Glassnode

Em relação aos camarões dos Bitcoins, o mapeamento identificou um aumento de saldo de 60,46 mil BTC mensais, o que representa a taxa mais agressiva da história, o que indica que os pequenos investidores veem a faixa de US$ 20 mil como um preço atraente. 

Gráfico de hodling dos camarões do Bitcoin. Fonte: Glassnode

Quem parece querer atrair baleias e camarões do Bitcoin para sua plataforma ou, pelo menos, evitar que eles saiam é a Binance. Tanto que a maior exchange de criptomoedas do mundo acaba de anunciar a isenção de taxas para negociações entre o Bitcoin e 13 criptomoedas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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