A Chainlaysis publicou na quinta-feira (16) seu relatório anual sobre atividades ilícitas relacionadas a criptomoedas. Intitulado “The 2023 Crypto Crime Report”, o documento aponta que houve um aumento no volume de transações ilícitas com criptomoedas entre 2021 e 2022. 

O volume total é de US$ 20,6 bilhões, um aumento de 13,8%. O relatório ressalta, no entanto, que as sanções partidas do Tesouro dos Estados Unidos influenciaram de forma significativa o crescimento.

Sanções inflaram os números

As transações ligadas a sanções representaram 43% do volume total de atividades ilícitas ligadas às criptomoedas. Em números absolutos, são US$ 8,85 bilhões. 

Retirado este montante, o volume de transações com moedas digitais ligados a práticas ‘tradicionalmente’ criminosas é de US$ 11,75 bilhões. Este valor é 35% menor em relação aos US$ 18,1 bilhões vistos em 2021.

Os casos relacionados às sanções da Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA (OFAC, na sigla em inglês) vão desde os bloqueios de endereços ligados ao mixer Tornado Cash até exchanges russas. Um exemplo é a plataforma Garantex, à qual a Chainalysis atribui a maior parte das transações ilícitas relacionadas a sanções. 

Por ser uma plataforma russa, a Garantex pôde continuar movimentando valores, aumentando o volume de transações ligadas a atividades ilícitas. 

Volume movimentado por transações ilícitas com criptomoedas. Fonte: Chainalysis

Ao todo, a OFAC sancionou mais de 300 endereços de criptomoedas, e dez instituições em 2022. Os números referentes aos endereços são muito maiores quando comparados a 2021, quando a Agência sancionou 100 endereços e nove entidades.

Apenas 0,24%

Das oito práticas ilegais analisadas no relatório, somente “roubo de fundos” cresceu entre 2021 e 2022, aumentando 7%. O restante, que inclui financiamento de causas terroristas, golpes e ransomwares, encolheu em comparação a 2021. Ao mesmo tempo, as atividades ligadas a sanções cresceram 152.844%.

Mesmo com o crescimento de atividades ilícitas, impulsionadas pelas sanções, as transações envolvendo negócios escusos representaram apenas 0,24% de todas as movimentações com criptomoedas. Mesmo assim, este é o primeiro crescimento no volume relacionado a crimes desde 2019.

É importante ressaltar, no entanto, que os volumes negociados em 2022 foram menores do que aqueles vistos em 2021. Além disso, conforme destacado no documento, as transações feitas por plataformas que sofreram embargos inflaram os números.

A Chainalysis afirma que os US$ 20,6 bilhões relacionados a transações ilícitas em 2022 podem aumentar. A empresa de inteligência descobre, com frequência, novos endereços ligados a atividades ilegais com histórico prévio de movimentação. Assim como aconteceu com os números de 2021, é provável que o montante do ano passado também passe por alterações.

Crescimento anual no uso de criptomoedas em atividades ilícitas. Fonte: Chainalysis

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