Pagamentos de remessas internacionais, medo de moedas fiduciárias e investimentos com alto potencial de lucros foram os três vetores mais significativos da adoção de criptomoedas na América Latina, de acordo com um novo relatório.

O sétimo maior mercado de criptomoedas do mundo viu o valor das criptomoedas recebidas por indivíduos disparar 40% entre julho de 2021 e junho de 2022, chegando a US$ 562 bilhões, de acordo com um relatório publicado em 20 de outubro pela Chainalysis.

Parte do aumento foi atribuído às remessas internacionais, cujo mercado movimentou valores estimados em US$ 150 bilhões em 2022. A Chainalysis observou que a adoção de serviços baseados em criptomoedas foi "desigual, mas rápida".

A empresa apontou uma exchange mexicana operando no “maior corredor de remessas internacionais de criptomoedas do mundo”, que processou mais de US$ 1 bilhão em transferências entre o México e os EUA de janeiro a junho de 2022.

O montante corresponde a um aumento de 400% ano a ano, e atualmente responde por 4% do mercado de remessas internacionais do país.

No entanto, as crescentes taxas de inflação da região também desempenharam um papel importante na adoção de criptomoedas, de acordo com a empresa de análise, particularmente na adoção das stablecoins atreladas ao dólar.

“Stablecoins – criptomoedas projetadas para permanecer atreladas ao preço de moedas fiduciárias como o dólar são as favoritas nos países mais devastados pela inflação da região”, explicou a empresa.

A região vem lutando contra taxas de inflação incrivelmente altas. Uma estimativa do Fundo Monetário Internacional revela que a inflação nos cinco maiores países da América Latina atingiu 12,1%, em agosto, uma máxima de 25 anos.

Isso levou consumidores regulares, tentando se proteger de suas moedas nacionais em queda, a trocá-las por stablecoins para fazer suas compras diárias e poupar.

O relatório citou uma pesquisa divulgada pela Mastercard em junho que descobriu que mais de um terço dos consumidores já usam stablecoins para fazer compras diárias. Enquanto isso, a Chainalysis observou que os cidadãos de Venezuela, Argentina e Brasil eram mais propensos a usar stablecoins para pequenas transações de varejo (de menos de US$ 1.000).

A Venezuela, em particular, viu sua moeda nacional, o bolívar, desvalorizar mais de 100.000% desde dezembro de 2014, acrescentou a empresa.

Argentina e Brasil também registraram uso significativo de stablecoins em transações abaixo de US$ 1.000. Fonte: Chainalysis

Curiosamente, o relatório descobriu que os cidadãos das economias latino-americanas maiores e mais desenvolvidas também tendem a adotar criptomoedas como investimento.

Os chilenos são os mais engajados em finanças descentralizadas (DeFi), com mais de 45% de todo o volume de transações de criptomoedas ocorrendo em plataformas DeFi, seguidos pelos brasileiros com pouco mais de 30%. O Brasil foi o país número um na região em valor recebidos em criptomoedas, fechando em US$ 150 bilhões.

“Os mercados de criptomoedas mais centrados em DeFi da América Latina não são diferentes dos da Europa Ocidental ou da América do Norte, onde os participantes do mercado estão adotando plataformas de criptomoedas de ponta com foco em retornos elevados, mais do que em serviços centralizados das finanças tradicionais”, explicou a Chainalysis.

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