Com um retorno de -40,25%, o Bitcoin registrou seu pior trimestre de desempenho desde 2018. A queda encerrou uma sequência de quatro vitórias consecutivas em sua trajetória esse ano, quando se observou os preços subirem acima dos US$ 60 mil pela primeira vez na história do Bitcoin, porém retrocedendo em seguida e atualmente, operando linha de resistência dos US$ 30 mil.

O Bitcoin abriu o ano com uma alta consistente e valorizou mais de 100% nos primeiros meses do ano, para depois registrar uma queda de 41% no segundo trimestre. A alta do real contra o dólar também serviu para amenizar as perdas e fechar o semestre em alta de 19%, consolidando a criptomoeda como melhor investimento no período para os brasileiros. O que não se observou no seu aspecto macroeconômico, para quem opera em dólar no exterior.

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O segundo trimestre tem sido historicamente um trimestre forte para o Bitcoin, registrando retornos positivos em 6 dos 8 trimestres e nunca caindo abaixo de 6%. aComo pode ser visto no gráfico abaixo, no segundo trimestre de 2019 e 2020, o Bitcoin registrou retornos impressionantes de 177,42% e 41,8%, respectivamente.

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Mas o que começou como um ótimo trimestre, com o IPO da Coinbase em 14 de abril, no qual o preço do Bitcoin chegou a US$ 63 mil, rapidamente mudou para uma queda recorde no preço nos últimos meses, à medida que o sentimento em torno do mercado tornou-se pessimista.

Existem vários fatores que influenciaram a queda acentuada no preço, ponderada pela repressão econômica e regulatória da China sobre a mineração do Bitcoin, falta de apetite de investidores institucionais, preocupações regulatórias e FUD constante de Elon Musk que começou quando a Tesla anunciou que não aceitaria mais pagamentos de Bitcoin devido preocupações ambientais, conforme ele alega. Contudo, todos no mercado sabem que a agenda oculta de Musk é influenciar o mercado de acordo com seus interesses. Porém, o mercado já está adquirindo ‘anticorpos’ às falas de Musk. 

Repressão à mineração e por que será positivo para o Bitcoin

A dispersão da mineração de Bitcoin certamente se tornou perturbadora, pelo menos no curto prazo, pois estamos experimentando atualmente a maior migração de hash power da história. Como a China finalmente está reprimindo a mineração de criptomoedas, isso traz várias preocupações ao mercado, já que as pessoas estão especulando sobre a venda de curto prazo das mineradoras, já que precisam incorrer em despesas para realocar seus equipamentos de mineração para fora da China. Muitos mineradores estão migrando suas operações para o Cazaquistão.

Mas é importante analisar a performance da taxa de hash, que diminuiu 40% em junho, sendo uma das quedas mais acentuadas de sua história. Mas por que a diminuição da taxa de hash é importante?

A taxa de hash de uma blockchain é frequentemente associada à sua segurança. Este é o caso, pois mais poder de computação alocado para validar transações torna mais caro tentar atacar o protocolo blockchain. Portanto, aumentos na taxa de hash podem ser interpretados como melhorias na segurança do blockchain subjacente.

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Embora isso possa parecer preocupante, o Bitcoin tem incentivos para que mais mineradores aumentem a taxa de hash novamente. Como o preço do Bitcoin caiu 6%, enquanto a taxa de hash diminuiu 40%, é relativamente mais lucrativo minerar agora do que há um mês. Este é o caso, pois há menos competição para minerar o próximo bloco de Bitcoin, mas quase a mesma recompensa (em termos de dólares).

Mas e quanto à pressão de venda dos mineradores de Bitcoin? Ao contrário do que as pessoas acreditam, embora os mineradores tenham vendido recentemente (e podem continuar a cobrir os custos de realocação), em proporção ao volume total de Bitcoin, os endereços dos mineradores representam apenas 6% do volume total de Bitcoin.

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Em relação a maio de 2021, parece que os mineradores transferiram mais 37.000 Bitcoins no mês de junho, os maiores fluxos líquidos negativos nos últimos três meses. Isso aponta para os mineradores vendendo algumas de suas propriedades durante a migração que ocorreu em junho.

Mas, como explicado anteriormente, a porcentagem que os fluxos totais das mineradoras fazem do volume total em um determinado dia representa menos de 6%, o que significa que houve mais especulação, pânico e realização de lucros por trás da recente pressão de venda. Mesmo que a migração da mineração tenha causado preocupações a muitos, o Bitcoin está se encaminhando para um futuro mais descentralizado e resiliente. 

Demanda institucional

Adoção institucional já foi uma narrativa recorrente para o Bitcoin entre 2020 e 2021 e um dos principais motores da recente corrida de touros. Liderada por players como o fundo GBTC do Grayscale, a Microstrategy continua emitindo dívidas para comprar mais BTC e um número crescente de instituições que procuram Bitcoin. No ano passado, pesos-pesados institucionais como BlackRock, JP Morgan, BNY Mellon e Morgan Stanley deram passos importantes para fornecer Bitcoin investindo com seus próprios fundos e os de seus clientes.

Desnecessário dizer que o mercado ficou muito mais ressabiado após o recuo da Tesla em aceitar o Bitcoin como meio de pagamento e a partir desse evento a adoção institucional parece ter desacelerado consideravelmente.

Uma maneira de rastrear a adoção institucional é rastrear o tamanho médio das transações registradas em blockchain do Bitcoin.

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O indicador do tamanho médio da transação fornece uma ideia de que tipo de atividade está acontecendo em blockchain e que tipo de usuários estão fazendo transações.

Observa-se que o tamanho médio das transações foi notavelmente alto durante os meses de abril e junho e desde então caiu drasticamente. Isso aponta para uma grande quantidade de atividades especulativas ocorrendo entre as baleias e os atores institucionais que correm para vender suas posições.

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O valor total transacionado nessas grandes transações teve uma queda de 61,7% em relação às altas recentes estabelecidas em fevereiro deste ano. E com o próximo desbloqueio do 140.000 BTC no Grayscale Bitcoin Trust, pode-se ver um declínio ainda maior. 

A situação atual é muito peculiar para um mercado altista do Bitcoin, em que a dinâmica normal foi invertida. Os novos participantes que passaram a vender eram baleias especulativas bem financiadas, enquanto os compradores que absorveram essas moedas eram detentores de longo prazo menos capitalizados. 

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