Com o lançamento do Real Digital previsto para 2023, as discussões sobre o tema se intensificam. No dia 16 de novembro, a Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) realizou um evento que reuniu mais de 200 profissionais da indústria cripto, das fintechs e reguladores. A moeda digital emitida pelo Banco Central (CBDC, na sigla em inglês) esteve entre os temas.
Fabrício Tota, Diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, falou sobre a reunião e o futuro do Real Digital em sua coluna no E-Investidor. Para Tota, a CBDC “será um instrumento do mercado interbancário”.
“Potencial para impulsionar serviços”
O Real Digital não é uma stablecoin, esclarece Tota em seu texto. A CBDC é um ativo digital que representará o real, mas não será lastreado por ele.
Sobre a postura do Banco Central (BC) no processo, o executivo do Mercado Bitcoin afirma que há a intenção de criar um ambiente de fomento ao desenvolvimento. “O Brasil, portanto, está muito bem posicionado para ser um dos países mais relevantes no tema”, completa.
Em 2021, pessoas envolvidas com o Real Digital comentavam que o maior desafio era implementar funcionalidades que iam além do que o Pix já oferecia. Em uma entrevista à Bloomberg Línea, Fabio Araujo, coordenador dos trabalhos envolvendo a CBDC, disse que o desafio era fazer com que o Real Digital não fosse mais do mesmo.
Após um ano, os estudos parecem ter avançado. Tota, do Mercado Bitcoin, diz em sua coluna que o Real Digital tem potencial para impulsionar diversos serviços. “Vão da tecnologia de pagamentos a stablecoins, passando por investimentos, liquidação e conexão com protocolos de finanças descentralizadas. Tudo isso dentro de um novo panorama de governança, possível graças à transparência trazida pelas tecnologias descentralizadas.”
De qualquer forma, Tota ressalta que nem todas as possibilidades criadas através do lançamento do Real Digital são conhecidas. Essas aberturas para inovações serão criadas pela interação entre BC e o mercado, na visão do executivo.
“O ideal é que o BC crie peças que permitam que os participantes criem suas próprias soluções, e não que seja o grande provedor de soluções que substitua produtos criados pelo mercado.”
Vanguarda da inovação
Os esforços do Banco Central envolvendo o mercado cripto são elogiados por Tota em seu texto. Ele comenta que o BC está “na vanguarda da inovação”, e usa o Pix como exemplo, uma solução “abrangente e barata”, avalia.
Reforçando o que já foi dito em entrevista ao Cointelegraph Brasil, o Diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin diz que as exchanges foram muito beneficiadas pelo Pix. “Afinal, foi quando o sistema financeiro e de pagamentos passou a funcionar 24/7 – característica do funcionamento dos criptoativos e exchanges.”
Uma das maiores preocupações envolvendo uma CBDC brasileira, porém, é o risco de monitoramento da vida financeira dos cidadãos pelo Banco Central. Tota não acredita que o Real Digital seja utilizado como ferramenta de controle definitivo sobre o cidadão. Em seu texto, no entanto, não existem argumentos para sustentar tal crença.
Por fim, o Diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin diz que o Real Digital atuará como instrumento do mercado interbancário. “Múltiplos negócios podem se beneficiar com a desburocratização de serviços e expectativa de atrair investimentos estrangeiros. Varejistas, por exemplo, podem implementar serviços baseados em blockchain e utilizar ativos que competem à regulação do Banco Central e CVM.”
Leia mais: