Em uma entrevista exclusiva ao Cointelegraph, Ricardo Da Ros, CEO da Patex, revelou o que ele acredita que será o futuro das criptomoedas e compartilhou sua jornada desde os primórdios do Bitcoin.
Ao discutir a missão da Patex no Brasil, Ricardo destacou os pilares fundamentais do ecossistema da empresa. Isso inclui uma exchange de alta performance, adaptada para facilitar a vida dos usuários, e o Patex Campus, uma plataforma educacional com cursos gratuitos em múltiplos idiomas. Ele enfatizou o compromisso da Patex em capacitar tanto novos usuários quanto profissionais experientes, preparando-os para participar ativamente do mercado cripto.
Além disso, Ricardo compartilhou as novidades da Patex, incluindo o lançamento de sua própria blockchain e token nativo. Ele detalhou como a Patex está trabalhando para se tornar o epicentro da inovação e desenvolvimento para a web 3 na América Latina, oferecendo suporte técnico, de marketing e até mesmo um launchpad para projetos.
Ao analisar as tendências do mercado cripto, Ricardo enfatizou a importância de não se deixar levar pelas modas passageiras. Ele prevê uma integração cada vez maior entre as criptomoedas e tecnologias como inteligência artificial e metaverso, abrindo novas possibilidades para transações financeiras globais.
Além disso, destacou o potencial dos tokens RWA, apesar dos desafios associados à dependência do mundo real. Para ele, esses tokens representam uma tendência duradoura que veio para revolucionar a forma como interagimos com os ativos tradicionais.
Bitcoin
Cointelegraph Brasil (CTBR): Como você conheceu o Bitcoin?
Ricardo Da Ros (RR): Ah, é engraçado como isso acontece, né? Eu acabei me deparando com o mundo das criptomoedas lá no comecinho, mas não dei muita atenção na época. Não consigo nem precisar o exato momento, porque para mim não era relevante naquele momento, mas acredito que foi por volta de 2010 ou 2011. Então, recebi uma newsletter sobre tecnologia, hackers e afins, e foi a partir daí que dei uma olhada. Pensei: 'dinheiro de nerd, interessante'.
Depois disso, fui descobrindo mais sobre mineração e até cheguei a experimentar instalando no meu computador em algum momento, embora não lembre exatamente quando, foi bem antes de se tornar algo relevante. Mas foi só por curiosidade, deixei rodando por um tempo, voltei para conferir e nada. Desinstalei, pensei que era desperdício de recursos.
Acompanhei algumas notícias, como o caso do Wikileaks e a intervenção da VISA, mas não dei muita importância. Em 2014, quando tinha uma startup nos EUA, pensei em integrar o Bitcoin ao nosso aplicativo de pedidos e pagamentos, mas concluí que não valia a pena, afinal, naquela época parecia algo que ninguém usava.
Foi só em 2016, depois do fracasso da startup, que decidi realmente estudar o Bitcoin. Com meu background em ciência da computação, comecei a mergulhar na parte técnica, instalando softwares, olhando códigos e participando de fóruns. Aos poucos, fui entendendo a filosofia por trás e percebi o potencial revolucionário: o controle financeiro nas mãos das pessoas. A partir daí, decidi me dedicar exclusivamente ao mundo das criptomoedas.
Patex
CTBR: Qual a missão da Patex aqui no Brasil?
RR: Estamos lançando todo o nosso ecossistema no Brasil agora. A Patex é uma empresa focada na América Latina, e o Brasil é nosso primeiro grande mercado. Neste momento, nosso principal foco é a Patex como um ecossistema. O que isso significa? Temos alguns pilares fundamentais dentro da Patex.
O primeiro é a nossa Exchange, uma plataforma de alta performance com diversas funcionalidades. Temos um roadmap com várias novidades sendo implementadas. Desenvolvemos essa Exchange com base na experiência tanto minha quanto do restante da equipe, que temos experiência em várias empresas do mundo das criptomoedas, incluindo diversas exchanges.
Compreendemos como essas plataformas funcionam e entendemos as necessidades dos usuários. Adaptamos nossa Exchange na Patex para facilitar a vida dos usuários, especialmente os novatos. Estamos prevendo uma grande onda de novos usuários no próximo ciclo de alta, e já vimos isso acontecer no passado.
Nessas fases de alta, muitas pessoas sem experiência chegam sem saber muito bem o que estão fazendo, e nosso objetivo é fornecer uma plataforma fácil e tranquila tanto para novatos quanto para usuários experientes e profissionais, para que possam fazer trades com segurança.
Nosso segundo pilar é o Patex Campus, uma plataforma educacional com muitos cursos gratuitos de alta qualidade em português, espanhol e inglês. Esses cursos fornecem os fundamentos de web, blockchain, criptomoedas, trading, etc.
Nosso objetivo é oferecer aos novos usuários e até mesmo aos usuários atuais que não têm muito conhecimento a oportunidade de acessar uma ampla gama de cursos fundamentais, permitindo que eles deem os primeiros passos com segurança.
Além disso, o Campus também inclui uma parte chamada 'career guidance', um guia de carreira que é basicamente um programa de certificação para profissionais que têm experiência em outras áreas, como marketing, por exemplo, mas que desejam ingressar no mundo das criptomoedas.
Esse programa oferece certificação ao final, proporcionando aos profissionais as habilidades e o conhecimento necessários para aplicar sua experiência em marketing, por exemplo, ao mundo das criptomoedas.
Isso abre muitas oportunidades de emprego e empreendedorismo neste novo mercado, especialmente relevante para o Brasil e a América Latina, onde o desemprego e as dificuldades econômicas às vezes são desafios. Com o trabalho remoto, um profissional da América Latina ou do Brasil pode trabalhar para uma empresa em qualquer lugar do mundo.
Blockchain própria e token
CTBR: Alguma grande novidade da Patex que você pode adiantar para gente?
RR: Estamos entrando em um ciclo emocionante. Já temos vários projetos e parcerias em andamento, com projetos se integrando à nossa rede. Além disso, temos nossa própria Wallet, disponível nas app Stores para Android e iOS.
Nosso grande foco é tornar a nossa rede o epicentro de inovação e desenvolvimento para a web 3 na América Latina. Desenvolvemos tudo de forma fácil, rápida e barata, especialmente para os desenvolvedores, para que possam inovar, experimentar, criar projetos e lançá-los em nossa rede.
Oferecemos um amplo suporte técnico e de marketing, e também teremos um launchpad para projetos dentro da Patex. Dependendo do projeto, ele pode até ser listado na Exchange se for interessante. Ou seja, fornecemos uma gama completa de serviços de apoio para facilitar a vida dos empreendedores e desenvolvedores que desejam inovar.
Começamos pelo Brasil para estarmos mais próximos das comunidades de desenvolvimento e da web 3, ajudando e apoiando-os a criar e trazer seus projetos para a nossa rede. Posteriormente, expandiremos para outros países da América Latina.
Em breve, estaremos lançando nosso próprio token. Este token será utilizado para recompensas na blockchain, taxas mais baixas na Exchange, acesso a cursos premium no Campus, e como recompensa por atividades dentro do Campus. Nosso token será utilizado em todos os pilares do ecossistema e estará disponível para o mercado em março.
Tendências ou moda
CTBR: Quais as tendências que você acha podem impactar o mercado cripto no momento?
RR: Meu conselho é não ficar tão apegado às tendências, na verdade, tendência é uma coisa, moda é outra. Moda é quando todo mundo está falando sobre algo. Claro, você pode observar oportunidades de investimento nisso, mas é importante não se deixar levar emocionalmente pela moda. Se você for inteligente e analisar criticamente, pode colher frutos investindo nesses momentos.
A tecnologia, por sua vez, vai interagir de forma muito forte com as criptomoedas nos próximos anos. Principalmente realidade aumentada, realidade virtual e inteligência artificial. Essas duas últimas vão se combinar, e os metaversos, na verdade, serão aplicativos de inteligência artificial, além de criar mundos virtuais. E cripto tem tudo a ver com isso, porque as tecnologias convergem. Imagina um cenário de metaverso com inteligência artificial e dinheiro cripto, onde os negócios acontecem de forma rápida e globalizada.
Falando em inovação, acredito que as camadas 4 e 5 serão muito interessantes. Nas camadas base, teremos alguns players fortes, e as camadas superiores serão mais específicas, com aplicações de inteligência artificial e metaverso. Então, o futuro das aplicações e tecnologia cripto será nesse sentido. Não vai demorar muito para vermos isso acontecer.
Tokens RWA
CTBR: Como você vê os tokens RWA?
RR: Acredito que os tokens RWA são uma tendência que veio para ficar e só vai crescer. Eles representam uma forma de conectar o mundo real, os negócios tradicionais, com o mundo das criptomoedas. Isso é uma tendência forte e vai continuar crescendo, sem voltar atrás.
No entanto, a grande questão é que esses tokens dependem do mundo real, não são puramente cripto. Se você tem um token que representa um ativo no mundo real, como um celular, e alguém rouba esse celular de você, o token não serve para nada. Isso ilustra a importância da garantia no mundo real de que as coisas são conversíveis.
Existem mecanismos legais, jurídicos e práticos para lidar com isso, mas essa fragilidade é um ponto a ser considerado. Se houver uma crise institucional em uma entidade que controla os ativos do mundo real, o token pode perder seu valor. Apesar disso, os tokens RWA têm muita utilidade. Eles facilitam transações, fracionamento e têm muitos outros usos interessantes.